Capítulo 10

O outro dia despertou sob um céu nublado. As nuvens encobriam toda a paisagem, como uma manta pesada que prenunciava uma tempestade violenta prestes a desabar a qualquer momento..

O vento forte balançava as folhas das árvores. As ruas estavam vazias e silenciosas, as árvores se curvavam sob o peso da umidade do ar. O cheiro de terra molhada enchia as narinas, trazendo consigo lembranças de dias chuvosos da infância. Mas algo no ar indicava que aquela chuva seria diferente.

À medida que os minutos foram avançando, os primeiros pingos começaram a cair. Aos poucos, a chuva foi se intensificando, transformando-se em uma tempestade furiosa. Trovões ecoavam pelo céu escuro, e raios cortavam o horizonte. Era o início de uma manhã tumultuada pela força da natureza..

Natália tinha madrugado para viajar a trabalho a uma cidade distante. Ela mesma saiu da mansão dirigindo seu carro revelando apenas a Sueli na noite anterior a sua viagem.

Por conta do tempo frio, Sueli acordou um pouco mais tarde do que de costume..

Apesar da chuva pesada e do vento forte, Sueli sentiu uma estranha sensação de calma ao acordar. Ela levantou-se da cama devagar e olhou pela janela, vendo as nuvens se movendo rapidamente no céu enquanto a chuva caia intensamente.

Ao olhar para o pátio, ver um carro que não fazia parte de nenhum dos moradores da mansão.

Ela logo estranha que alguém tenha vindo a mansão no meio de uma chuva intensa, mas pensou que talvez fosse um dos amigos de Gustavo e resolveu não se importar.

Sueli decidiu se arrumar e descer para tomar café da manhã. Enquanto saia do elevador da casa, ouviu vozes e risadas vindas da sala de jantar.. Ela se aproximou da mesa e viu Bryan ao lado de Sara, como se fossem um casal.

-- Mas o que significa isso? No mesmo instante, uma ira toma de conta de Sueli fazendo ela gritar alto.. -- O que está acontecendo aqui? O que essa mulher está fazendo na minha casa? Sueli exclamou, com os olhos cheios de fúria. Bryan e Sara se assustaram com a reação explosiva dela.

-- Bom dia para você, mãe. Bryan diz calmamente sem se importar com as indagações da mãe.

-- Saia imediatamente da minha casa, sua vadia. Sueli ia de encontro aos cabelos de Sara, quando foi surpreendida pelas mãos ágeis e pesadas de Bryan.

-- Nem pense nisso. Sara é minha convidada, se não quiser se juntar a mesa conosco, se retire imediatamente.

Sueli ficou atônita com a resposta de Bryan. Seus olhos arregalados refletiam uma mistura de raiva e tristeza, enquanto tentava processar o que estava acontecendo. Ela recuou, sentindo-se impotente diante da situação. A chuva continuava a cair lá fora, como se espelhasse sua tormenta interna.

-- Bryan, eu sou a sua mãe. Como pode dizer essas palavras? Eu também sou dona dessa casa, não vou aceitar que me trate desse jeito. Essa mulher que está defendendo tanto, te abandonou quando soube que sofreu acidente e ficou em coma. Ela não vale nada.

Sueli soluçava em meio ao pranto que saia de seus olhos.

-- Amor, já te expliquei sobre isso. Fiquei realmente assustada. E nesse tempo que ficou vegetativo, estive trabalhando muito em Nova York.

Sara segurava com doçura as mãos de Bryan.

-- Mentirosa! Nunca fez uma visita ao meu filho, e agora vem com essa história de que estava trabalhando muito. Sueli olhava com fúria para Sara.

-- Chega, mãe. Não permito que ofenda minha noiva. Sueli fixou o olhar furioso em Bryan após ouvir a afirmação. -- Sua Noiva? Bryan, você é um homem casado. Como pode trazer essa mulher aqui sabendo que sua esposa pode não gostar. Isso é uma falta de respeito com ela e comigo.

Bryan encarou a mãe friamente soltando uma gargalhada forte.

-- Respeito? A senhora me casou com aquela mulher sem a minha permissão, e quer falar de respeito? Desculpa senhora Navarro, não está adequada para me pedir isso.

Sueli ficou horrorizada com as palavras frias de Bryan.. Ela percebeu que ele estava ressentido com ela por causa do casamento com Natália.

Sueli respirou profundamente tentando se acalmar. Ela se virou lentamente e saiu deixando Bryan e Sara a sós.

-- Amor, me desculpa. Eu não queria ter causado essa discussão entre vocês.

Sara ainda segurava firme nas mãos de Bryan.

-- Vamos continuar com o nosso café da manhã. Bryan disse não demonstrando arrependimento.

Desolada, Sueli subiu as escadas se esquecendo de pegar o elevador e se trancou em seu quarto. As lágrimas rolavam pelo seu rosto enquanto ela encarava o espelho, refletindo sobre tudo o que tinha acabado de acontecer. Será que Bryan realmente amava Sara? Como um homem tão prepotente e inteligente como ele, pode acreditar facilmente em uma mulher como Sara? Sueli se indagou, pensando que sim, que Bryan estivesse apaixonado por Sara, porque essa era a única razão para que ele a defendesse cegamente.

Sueli lembrou que Natália tinha uma viagem logo cedo para visitar uma das fábricas da empresa em uma cidade distante, cerca de duzentos quilômetros de distância. Ela foi até o quarto da nora e observou que Natália não estava.

-- Meu Deus! E essa chuva intensa, será que Natália conseguiu chegar até a fábrica?

Ela ligou para Natália, mas o seu celular estava sem área.

Na sala de jantar, Bryan cortava lentamente um pedaço de ovo com queijo.

-- O que foi querido? Parece tão distante? Não acreditou nas palavras da sua mãe, não é? Bryan...

Bryan olha friamente para Sara. Aquele olhar gélido causava arrepios em quem ousasse enfrentá-lo. -- Não se preocupe, querida, disse ele em um tom de voz baixo e perigoso. -- Minha mãe vai aprender a ficar no seu lugar.

Sara olhou para Bryan com uma mistura de medo e excitação. Ela sempre soube que ele era um homem inteligente e implacável, mas agora ela estava começando a perceber o quão longe ele estava disposto a ir por ela..

Sara sorriu satisfeita com a resposta de Bryan.

Logo após o café da manhã, Bryan se despediu de Sara e voltou ao seu quarto.

Na hora do almoço, estava somente Bryan e Sueli na mesa. Gustavo havia saído para um almoço com um de seus amigos .

A chuva tinha dado uma trégua. Mas as nuvens continuavam a declarar que a chuva iria cair novamente.

À medida que o almoço era servido na mesa quase vazia da mansão Navarro, a atmosfera pesada parecia envolver mãe e filho numa teia inescapável. Era hora de enfrentarem seus problemas e encontrarem uma solução.

Sueli respirou fundo antes de tomar coragem para começar a falar:

-- Bryan, eu entendo sua raiva em relação ao casamento com Natália... mas será que não podemos encontrar um modo mais pacífico para resolvermos isso? Precisamos construir pontes ao invés de criar mais muros entre nós, filho, eu só quero que seja feliz com uma mulher que escolhi para você.

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