Capítulo 5

A grande mansão da matilha é linda, um castelo moderno; o salão principal está cheio de luxos, as lâmpadas no teto são de diamantes, cortinas douradas, toalhas de mesa e cadeiras brancas com dourado e o tapete da entrada é vermelho, os garçons elegantes com suas bandejas na mão.

Os convidados sorriem e conversam; há Alfas de todas as matilhas aliadas, Betas e suas filhas; outros guerreiros estão presentes e é que esta noite é uma última oportunidade antes de decidir casar com alguém.

As vozes e os cheiros de todos estão misturados. O antigo rei e sua rainha são vistos do alto, descendo com elegância e porte.

Todos os observam e aplaudem enquanto alguns se aproximam. Mariana, como sempre, se destaca por esbanjar falsa amabilidade e doçura.

Gianna está um pouco inquieta, ou melhor, Xena está inquieta; a jovem está desconfortável e seu corpo parece estranho.

Gianna não sabe o que está acontecendo e pergunta à sua loba pelo link.

O que foi Xena, por que me sinto assim, você está inquieta e eu tenho o pressentimento de que algo vai acontecer. Ela diz e sua loba responde.

Ele está perto, Gianna… * Ela diz mais inquieta do que nunca e Gianna fica nervosa.

O quê, quem… não, não pode ser, temos que ir, se ele está aqui deve ser um Alfa ou um Beta de outra matilha, é melhor irmos embora Ela diz e os aplausos ecoam, ela não está com vontade de ovacionar ninguém, tenta caminhar até a saída, mas a multidão que se aproxima para ver o rei bloqueia seu caminho, ela procura uma saída, mas há muita gente.

Um cheiro de chocolate e framboesa invade suas narinas, deixando-a atordoada. Não é possível, esse ser não pode estar aqui, pensa a jovem e tenta escapar, mas é impossível.

Companheiro, companheiro Rosna sua loba e ela entra em pânico ao ver a porta de saída desobstruída; ela se dirige para lá, mas de repente alguém a gira bruscamente; duas esmeraldas intensas a observam como se quisessem atravessar seus olhos e olhar em sua alma.

Esses olhos ficam vermelhos por um momento.

—Minha. — Diz o que parece ser o lobo de Jackson e Xena responde assumindo o controle também por um momento.

—Meu.

Os olhos de Jackson voltam ao seu verde habitual e ele a observa. Suas veias estão prestes a explodir e a raiva com que a olham é realmente assustadora.

—Isso deve ser uma maldita piada da Deusa Lua; ela só quer brincar comigo, não há outra razão. Ele diz com os dentes cerrados.

Os olhos de todos estão sobre eles e a perplexidade é imensa. O Alfa encontrou sua lua e é uma Ômega.

Mariana está à beira de um colapso de raiva e Gianna apenas treme de medo e quer sair dali.

—Você não pode ser minha Lua, um ser tão fraco e medíocre, que de forma alguma me atrai a uma Ômega miserável como você. Sua voz de Alfa a deixa imóvel; em sua posição ela se sente pequena.

Os pais do rei se aproximam e ela aproveita a distração deles para fugir. Ela não aguenta tudo isso.

A jovem corre pela floresta, se transforma e sua loba uiva de escárnio. Seu lobo também a despreza e disse a ela que era apenas instinto proclamá-la como sua e até amaldiçoou esse instinto animal...

Os uivos de Xena eram cheios de dor, embora não fosse forte; o desprezo dela doía; ela estava triste. A jovem vagou por toda a floresta até chegar à sua mansão, entrando pelos fundos até chegar ao seu quarto.

A jovem se deitou depois de se vestir e se cobriu enquanto chorava. De milhares de seres no mundo, precisamente aquele que mais a odeia, isso seria um inferno; a dor da rejeição poderia matá-la e depois de tanto julgar a Deusa Lua, ela desistiu e decidiu dormir.

Jackson explicou a seus pais e a seu Beta porque ele não poderia ficar com ela. Ele contou a eles sobre tudo o que ela fazia com Mariana, além do fato de que ela era muito fraca para o papel de rainha.

Eles ficaram lá conversando a noite toda até que chegaram a uma decisão justa e sensata.

Às vezes não gostavam muito das decisões tomadas, mas um rei faria de tudo pelo bem de seu povo e ele cuidaria de sua matilha.

A porta da jovem foi batida e as vozes de seus avós estavam do outro lado. Ela se levantou e abriu a porta para eles e então se deitou novamente e se cobriu.

—Minha menina, o que foi… — A doce voz de seu avô é ouvida.

—Sai daí, linda, você é melhor que isso, vamos. — Sua avó a encorajou e ela se descobriu, olhando para eles com lágrimas e olhos tristes.

—Por quê, avós, por que eu tenho que suportar isso, por que a Deusa Lua está me punindo? — Ela pergunta e eles a abraçam.

—Sinto muito, querida, mas entenda que nesta vida tudo tem um propósito, bom ou ruim. — Diz sua avó.

—Sim, pequena, ânimo, lembre-se que eu te disse para se preparar para uma rejeição. — Ela acrescenta, fungando.

—Além disso, é bom que seja alguém que não a estima; você sabe que a rejeição de alguém que você ama e confia é mais forte porque há traição e sentimentos confusos. — Diz sua avó sem saber que ela adora aquele idiota; embora ele não tenha lhe dado nenhuma esperança, ela não se ilude.

—Sim, é bom que eles não se importem apenas com a ideia e aceitem a rejeição. — Os avós tentam animá-la; ambos foram atrás dela na noite passada no momento em que ela saiu da festa, mas ela não apareceu e eles esperaram por ela em casa, só que ao vê-la tão mal, decidiram deixá-la descansar.

—Gianna, desça imediatamente. — Disse seu pai do lado de fora e ela lavou o rosto e desceu rapidamente.

Gianna se vestiu como sempre e começou a descer as escadas. O cheiro de seu companheiro a invadiu novamente; ele estava lá, o que ele estava fazendo aqui; ele veio rejeitá-la; ela engoliu o nó na garganta e caminhou até a sala. Seu pai estava esperando por ela com o rei Alfa e os pais dele; seu pai, madrasta e irmã também estavam presentes.

Seus avós perguntaram o que estava acontecendo para rejeitá-la; ela não precisava de tanto público.

—Bom Dia. — Ela falou timidamente e sentiu o olhar do Alfa sobre ela. Seu corpo tremeu em sua presença e a timidez aumentou cada vez mais.

Todos a cumprimentaram e o homem falou.

—Vim esclarecer nossa situação e farei isso na frente de seus pais. — Cada célula de seu corpo se arrepiou e ela, com o olhar ainda baixo, cerrou os dentes, esperando o golpe.

Ela prendeu a respiração e então ele falou novamente.

—Eu, o rei Alfa, Jackson Makris… vim pedir sua mão em casamento e o casamento será em breve. — Ela ergueu os olhos sem saber o que fazer ou dizer, que diabos estava acontecendo aqui.

—Eu aceito, já sei que é pelo bem da matilha. — Ela falou e todos também deram suas respostas, menos ela; Gianna estava lá apenas em choque, olhando para ele.

—Você aceita…? — Ele perguntou novamente e ela assentiu quase sem conseguir respirar até que deixou o ar sair.

—Sim, Sua Majestade. — Ela respondeu e ele sorriu.

—Vamos para o jardim, precisamos conversar em particular.

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