encontrada no lixo?

Marisa sentou recuperando suas forças, pedi que a enfermeira olhasse os cortes e administrasse uma medicação, ele parecia viver um conflito interno, olhou para cima e disse:

Catarina sinto muito, não posso viver com isso mais, eu vou contar — ele falou e nos olhou pronto a falar:

Catarina não faleceu no parto da Marisa, porque a marisa não é nossa filha verdadeira, eu não queria que ela fizesse isso, falei que íamos passar muito trabalho com um bebê, eu não trabalhava e ela era babá de uma família importante, era louca para ser mãe, morávamos em um apartamento no centro da cidade, mantido pelos seus patrões porque os dois filhos gostavam muito dela, um dia ela chegou tarde, mais do que de costume e falou que havia encontrado no lixo um bebê, nós não poderíamos criar um bebê, eu falei que ela devia ir à polícia, mas ela ficou obcecada na ideia de ser um presente de Deus, ela disse que teríamos que arrumar nossas roupas e ir embora, ela tinha economias e me fez jurar que ia cuidar dela, deu na minha mão a chave da casa que tinha no vilarejo, ela era uma herança dos avós dela, seguimos em dois carros, ela me fez levar aquele bebe chorão e foi com outro carro, pegou um táxi e seguiu por outra rua, ela nunca voltou, eu jurei que cuidaria dela, mas ela nunca voltou, recebi uma notícia que ela havia falecido, mas eu não pude me despedir, porque essa idiota estava na minha casa, perdi o amor da minha vida e fiquei com um peso que não era meu — ele falou direcionando a raiva a Marisa que chorou.

Qual era a família que Catarina trabalhava? — Questionei ouvindo minha intuição, algo estava errado nessa história e eu teria que descobrir.

Era Marchese, ela era babá do Fabrizio e Olivier, eles eram gêmeos se não me engano, eu juro que falei a verdade, por favor — ele falou e virei as costas olhando para minha parceira ali sentada, após ouvir tantas coisas, no fim ela parecia aliviada de não ser filha dele, mas triste por ter sido abandonada.

Mantenha ele vivo, mais alguns dias e já darei fim a sua vida, Marisa vamos embora, você já passou por muito hoje — falei.

Saímos dali e eu precisava descobrir quem era responsável por ela, se ela não era filha deles quem eram seus pais?

Você está bem? — perguntei — sabe que pode me dizer qualquer coisa né, eu não brinquei quando disse que te quero em uma proporção gigantesca.

— Sim, estou, na verdade, aliviada demais de não ser filha dele, mas queria saber porque me abandonaram, qual motivo leva uma mãe e pai a fazer isso — falou e não dividiria com ela minha suspeita, não ainda.

__ Vamos investigar essa história, não se preocupe com isso mais — falei beijando sua mão

Chegamos no apartamento e ela avisou que ia deitar, pedi que Otto ficasse de olho e me despedi dela, verificarei essa história e descobrirei de quem Marisa é filha.

Marisa…

 Ver o Julian se declarando para mim foi emocionante, dar um beijo foi maravilhoso, claro que para ele deve ter sido nada, afinal ele saiu com muitas mulheres a sua própria ex era uma mulher linda, quando fomos em direção ao lugar que meu pai estava fiquei desestruturada, nunca matei uma barata e dei facadas nele, foi algo involuntário, eu queria vingar a dor que ele me causou, ele me feriu de tantas formas que nem imagina o estrago que fez na minha vida.

 No momento que ele chorou e começou a explicar as coisas eu fiquei completamente perdida, eu não era filha dele, mas tudo fez sentido, ele me odiava e não era meu pai, pouco a pouco o alívio foi tomando conta da minha vida, olhava para Julian e no seu rosto tinha muita desconfiança, eu já o conhecia o suficiente para saber que ele iria descobrir o que fosse.

Voltamos para o apartamento e minha cabeça doía, havia feito exames e toda a pressão do dia me deixou mal.

__ Vai ficar bem? — perguntou Julian e assenti, eu não estava bem e só precisava dormir um pouco, ele avisou que ia sair e concordei, quando a porta se fechou eu chorei, estava aliviada, mas triste, será que algum dia saberei quem são meus pais?

Acordei algumas horas depois e senti um cheirinho delicioso, o que será que estão fazendo na cozinha? Otto é mesmo um cozinheiro de mão cheia, levantei rápido e fui me lavar, minha cabeça já não doía e eu havia tirado um grande peso de cima de mim, foi como se eu tivesse dormido uma pessoa e acordado outra.

Otto o cheiro está ótimo — falei, mas levei um susto quando vi que era o Julian.

Estava esperando que fosse o Otto? Estou chateado — ele falou rindo e me abraçou, o desgramado estava sem camisa e era mais bonito ainda.

Não achei que voltasse hoje, que cheiro bom, o que está fazendo e por que está sem camisa? — perguntei.

  Vim ficar com você, estou de folga hoje, as duas terroristas estão de molho em casa — ele falou rindo, Luna e Samira são ligadas no 220 mesmo.

Não fala assim — ri do seu jeito de falar.

Fiz lasanha, gosta? — perguntou.

Não sei, nunca comi — falei — mas parece delicioso, está pronto?

Como assim nunca comeu lasanha, nunca? Esta pronto sim, senta na mesa que vou levar a travessa — ele falou e assenti, sentei e ele trouxe a travessa, sentou ao meu lado e me serviu, depois serviu seu prato e comemos.

Gostou? — ele perguntou.

Nossa, amei, é muito delicioso — falei.

Precisamos conversar sobre um assunto — ele falou e senti meu estomago revirar, sabia que algo ia querer estragar minha noite.

Ai meu Deus, o que aconteceu? Me fala preciso ir embora né, fala logo, vai voltar com a sua ex? — perguntei levantando rapidamente.

__ Não, que isso? Eu gosto muito de você e nunca mais olharei nem para a Cassy, nem mulher alguma, eu quero muito casar com você, mas isso não é um pedido, será especial o dia eu prometo, mas o assunto é outro, sim, vem sentar.

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