médico

Chegamos a clínica e minha perdição foi o momento que Marisa procurou minhas mãos, era a segunda vez que ela buscava segurança em mim, aceitei sua mão e ela sorriu tensa, mostrava completamente seu medo, na recepção fomos atendidas para a consulta por um médico ortopedista, dei um jeitinho e a Doutora Cecilia uma Ginecologista que eu conhecia a atenderia hoje ainda.

Sr Julian, Senhorita Marisa, Dr. Marcon vai atender vocês — falou a recepcionista para nós, levantamos e seguimos para a sala do médico, ele é um velho conhecido meu, mas não tem envolvimento com a máfia.

Boa tarde aos dois, Julian meu amigo, quanto tempo, uma bela moça sua companheira — ele olhou para ela — Tudo bem Marisa?

Tudo bem, e com você, obrigado por me atender — falou ela e sentamos.

Sou o Dr. Marcon, Ortopedista, vou atender você, me fale sobre sua fratura — ele disse.

Bem, a mais ou menos 5 meses tive uma queda e fraturei meu braço, esse aqui — apontou para o braço — morava longe e não fui no médico, tentava deixar o braço parado, foi meu pai quem puxou ele para o lugar e sei que depois ele foi ficando normal, em alguns casos ele dói mais, algumas posições específicas, disse ao Julian que não precisava se preocupar — finalizou.

Bem, na verdade, Julian fez bem, um osso colado erradamente traz infinitos problemas, em muitos casos só a cirurgia reverte e situação, mas vamos te examinar — ele falou e começou os exames.

Ficamos algum tempo ali e ela mesmo falando que não sentia dor mostrava que estava doendo a cada toque do médico.

Então Marisa, infelizmente pelos exames seu braço colocou bem errado, infelizmente só com a cirurgia para aliviar, como não tem um prontuário pediremos exames e veremos como está sua saúde, e marcaremos uma cirurgia, ela em si é bem tranquila e não tem riscos grandes, vi que você tem um horário com a Dr.ᵃ Cecilia agora, já deixarei no seu prontuário as informações da cirurgia e marcaremos os retornos assim que os exames de sangue e urina trouxerem seus resultados, por hora está liberada — falou e saímos, a sala da ginecologista era no outro corredor e ali era nossa real preocupação, se ela tivesse contraído qualquer doença ficaria arrasada e eu não conseguiria lidar com essa dor nela.

Bati na porta e ela abriu, Dr.ᵃ Cecilia é esposa do Frank, abriram juntos a clínica e são muito competentes, ela sorriu para Marisa que retribuiu e achei que era melhor esperar na recepção, mas ela pediu que eu ficasse.

Olá Marisa, boa tarde! Meu bem como se sente? Julian me falou ser a sua primeira vez em um ginecologista, está nervosa? — Perguntou ela.

Sim, um pouco nervosa sim, Julian me alertou sobre os exames que eu deveria fazer, não sei se ele te explicou o que aconteceu, mas nunca pensei nisso e agora estou uma pilha de nervos — ela falou e Cecilia super profissional assentiu.

Sim, não se sinta envergonhada, infelizmente vimos isso diariamente, já vamos tirar sangue e fazer os exames enquanto conversamos sobre métodos contraceptivos e outras coisas — ela falou e fizeram os exames, ficamos aguardando e quando chegaram Marisa chorou.

Se acalma, seja qual for o resultado estarei com você — falei e ela enxugou as lágrimas.

Cecília olhava os exames atenta e demonstrou um leve e quase imperceptível sorriso, olhei para ela aliviado, não deu nada.

Então Marisa, fizemos todos os exames e nenhuma DST foi detectada como positiva, todos os resultados deram negativo, isso quer dizer que você não contraiu nada deste abuso, sugiro que procure um psicólogo e trate os traumas que ficaram, vivam felizes e não tenham medo disso mais — Marisa me fitou com os olhos molhados, a ansiedade se dissipando em seu rosto e um sorriso aparecendo, algo me dizia que aquele ali era o nosso momento.

Que alivio, você viu Julian, eu não saberia viver com mais essa marca em minha vida, graças a Deus, Obrigada mesmo Dr.ᵃ pela paciência e respeito, farei meus acompanhamentos com você se o Julian deixar — ela falou como se sua vida dependesse de mim, então disse:

Se for sua vontade não me oponho, vamos indo, voltaremos no retorno para agendar a cirurgia com Marcon, obrigada Cecilia, você como sempre muito gentil — falei e saímos.

Marisa…

Saber que não tinha contraído nenhuma doença foi libertador, como se uma amarra se soltasse e eu tivesse a liberdade de escolha, Julian me disse que sentia algo grande por mim, agora sei que posso me abrir para ele, ele tem sido mais que um protetor, tem sido minha força e minha luz, saber que estou livre do meu pai é só o primeiro passo para finalmente ser feliz.

— Vamos até o lugar que meu pai está? — perguntei e ele a contra gosto assentiu.

Não queria que você ficasse frente a frente com ele, mas esse direito de escolha eu não vou te negar, vamos parar e comer algo em uma lanchonete primeiro e depois seguiremos até lá — falou e seguimos de carro até o lugar, era um restaurante, lanchonete não sei ao certo, era simples, mas de ótimo gosto, percebi que Julian tem muito dinheiro, mas que isso não sobe sua cabeça, sentamos para comer e conversar.

Sabe Julian, eu quero te agradecer por tudo que tem feito, sei que chegará o momento em que sairei da sua proteção, afinal de contas você tem sua vida e eu terei que ter a minha, mas nunca esquecerei do que fez e está fazendo por mim — falei e ele negou.

__ Não sairá da minha proteção, não entendeu ainda que estou completamente louco por você, não quero te assustar com minha pressa, mas quero cada partícula do seu corpo, cada milimetro dele, eu estou completamente rendido por você, não sabe ainda Marisa, mas você foi a minha redenção — ele falou e me deixou sem palavras, até que enfim terei a chance de viver algo lindo.

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