Suer Maldario O Clérigo de Apolo

Suer Maldario O Clérigo de Apolo

O Inicio

Nascido em uma pequena aldeia nas montanhas, Suer sempre foi um estranho entre os orcs. Sua aparência única, com cabelos grisalhos e olhos roxos, o destacava dos demais. A aldeia de pedra e madeira, rodeada por densas florestas e montanhas imponentes, era o lar de guerreiros fortes e temíveis. As casas simples, com telhados de palha, eram cercadas por campos onde os orcs cultivavam seus alimentos.

A aldeia onde Suer cresceu era composta por cerca de vinte casas, dispostas em um círculo ao redor de uma grande praça central. No centro da praça, havia uma fogueira que nunca se apagava, usada para cerimônias e rituais. As montanhas ao redor eram majestosas e imponentes, com picos cobertos de neve que brilhavam à luz do sol. As florestas densas forneciam madeira, caça e proteção contra invasores.

Desde cedo, Suer enfrentava as dificuldades de ser diferente. Enquanto as outras crianças brincavam de lutar e caçar, ele era frequentemente deixado de lado.

— Olhem, lá vai o meio-sangue! — gritavam as outras crianças orcs, rindo enquanto apontavam para Suer. — Fraco! Nunca será como nós!

Suer ignorava as provocações e seguia seu caminho com determinação. Sua mãe, uma sacerdotisa de Apolo, o esperava em casa, um santuário de paz em meio à hostilidade da aldeia.

A casa de Suer era simples, mas acolhedora. As paredes de pedra mantinham o calor durante os rigorosos invernos, e o telhado de palha oferecia um abrigo seguro contra as tempestades. Dentro, a luz suave das velas iluminava os móveis rústicos de madeira e os tapetes tecidos à mão que cobriam o chão.

— Venha, Suer, vamos começar nossa lição de hoje — dizia sua mãe, com um sorriso acolhedor.

Suer sentava-se ao lado dela, sentindo-se seguro e amado. As palavras de sua mãe eram uma fonte de conforto e sabedoria. Ela lhe ensinava sobre os mistérios da cura e da luz, mostrando-lhe como canalizar a energia divina.

— A verdadeira força, meu filho, vem de dentro — dizia ela, segurando suas mãos. — Não deixe que as palavras dos outros o afetem. Você tem um dom especial, uma conexão com os deuses que poucos compreendem.

Os ensinamentos de sua mãe não eram apenas teóricos. Suer praticava diariamente, aprendendo a curar feridas e a trazer luz onde havia escuridão.

— Concentre-se, Suer. Sinta a energia fluir através de você — instruía sua mãe enquanto ele tentava curar uma pequena ferida em sua própria mão.

— Eu sinto, mãe. É como uma corrente quente — respondia Suer, com os olhos fechados e a expressão concentrada.

— Muito bem, meu filho. Continue assim. A luz de Apolo está dentro de você — incentivava sua mãe, sorrindo orgulhosa.

Com o tempo, Suer começou a perceber que as dificuldades que enfrentava na aldeia eram, na verdade, testes de sua resiliência e fé. Cada insulto, cada risada cruel, era uma oportunidade de provar para si mesmo que ele era mais forte do que qualquer preconceito.

Nas manhãs, Suer ajudava sua mãe a coletar ervas e preparar poções de cura. Caminhavam pelas trilhas estreitas da floresta, identificando plantas medicinais e conversando sobre os ensinamentos dos deuses.

— Esta aqui é a verbena, Suer. Boa para curar febres — explicava sua mãe, apontando para uma planta de flores roxas.

— E esta, mãe? — perguntava Suer, segurando uma folha diferente.

— Essa é a calêndula, ótima para feridas e queimaduras. Lembre-se sempre de agradecer à terra pelos seus dons — respondia ela, ensinando-lhe a reverenciar a natureza.

Os ensinamentos de sua mãe iam além das plantas e poções. Ela o instruía sobre a importância da compaixão e da empatia.

— Nunca subestime o poder de um gesto gentil, Suer. Às vezes, um simples toque pode curar mais do que qualquer poção — dizia ela, olhando nos olhos do filho.

Uma noite, após um dia especialmente difícil, Suer desabafou com sua mãe.

— Por que eles me odeiam tanto, mãe? — perguntou, com lágrimas nos olhos.

— Eles temem o que não compreendem — respondeu ela, acariciando seu rosto. — Mas lembre-se, Suer, você não está sozinho. A luz de Apolo está sempre com você, guiando e protegendo.

Essas palavras se tornaram o mantra de Suer. Ele continuou a enfrentar as dificuldades com coragem, sabendo que a verdadeira força vinha de sua conexão com os deuses e do amor inabalável de sua mãe. Na pequena aldeia nas montanhas, entre zombarias e desafios, Suer crescia como uma criança determinada, destinada a superar as adversidades e encontrar seu próprio caminho na luz.

Em uma tarde fria de inverno, enquanto a neve começava a cobrir a aldeia, Suer e sua mãe estavam reunidos ao redor da lareira. Ela estava ensinando-lhe um novo cântico de cura.

— Repita comigo, Suer. "Apolo, senhor da luz, traga a cura com tua benção" — disse ela, com a voz suave e melodiosa.

— Apolo, senhor da luz, traga a cura com tua benção — repetiu Suer, sentindo uma onda de calor e paz envolver seu corpo.

— Muito bem. Agora, tente novamente enquanto segura esta pedra de quartzo — instruiu ela, entregando-lhe uma pedra brilhante.

Suer segurou a pedra e repetiu o cântico. Sentiu uma energia pulsar através de suas mãos, e a pedra brilhou com uma luz suave.

— Eu consegui, mãe! — exclamou Suer, com os olhos brilhando de alegria.

— Sim, meu filho. Você está aprendendo a usar seus dons. Continue praticando e um dia será um grande curandeiro — disse sua mãe, abraçando-o com orgulho.

Apesar das dificuldades, Suer encontrava alegria nos momentos passados com sua mãe. Ela era sua mentora, protetora e amiga. Juntos, enfrentavam as adversidades e celebravam as pequenas vitórias.

Em outra ocasião, enquanto caminhavam pela floresta, Suer viu um grupo de crianças orcs ao longe. Eles estavam cercando um filhote de lobo, jogando pedras e rindo.

— Pare! — gritou Suer, correndo em direção a eles.

As crianças se viraram e começaram a rir.

— O que você vai fazer, meio-sangue? — zombou um deles.

Suer, sem hesitar, colocou-se entre o filhote e as crianças.

— Deixem-no em paz! — ordenou, com firmeza.

As crianças hesitaram por um momento, mas logo foram embora, rindo e lançando insultos. Suer se ajoelhou ao lado do filhote, acariciando-o suavemente.

— Está tudo bem agora, pequeno. Você está seguro — disse ele, com uma voz tranquilizadora.

O filhote olhou para Suer com olhos agradecidos e lambeu sua mão. Suer sentiu uma conexão profunda com o animal, como se ambos compartilhassem um entendimento mútuo das dificuldades.

Quando Suer voltou para casa com o filhote, sua mãe o recebeu com um sorriso.

— Vejo que encontrou um novo amigo — disse ela, acariciando o filhote.

— Ele estava sendo maltratado, mãe. Eu não podia deixá-lo lá — explicou Suer.

— Você fez a coisa certa, Suer. Sempre siga seu coração e proteja os indefesos — aconselhou ela.

Suer nomeou o filhote de Surtu, e eles se tornaram inseparáveis. Juntos, exploravam a floresta e aprendiam os segredos da natureza. Surtu se tornou uma fonte adicional de conforto e coragem para Suer, reforçando a lição de que a bondade e a proteção dos indefesos eram os verdadeiros sinais de força.

Enquanto Suer continuava a crescer, suas habilidades e entendimento se aprofundavam. Cada dia trazia novos desafios e aprendizados, e ele enfrentava todos com a determinação e a sabedoria que sua mãe lhe havia inculcado. Mesmo sendo uma criança, Suer estava começando a compreender que sua jornada era única e cheia de propósito.

As noites na aldeia eram tranquilas, com o céu estrelado se estendendo como um manto de veludo sobre as montanhas. Suer e sua mãe muitas vezes passavam essas noites do lado de fora, observando as estrelas.

— Veja, Suer, aquela é a constelação de Apolo — dizia sua mãe, apontando para o céu.

— Elas são tão bonitas, mãe. Como os deuses criaram algo tão maravilhoso? — perguntava ele, maravilhado.

— Os deuses criaram as estrelas para nos guiar e lembrar que nunca estamos sozinhos. Cada estrela é uma luz no caminho da vida, assim como você é uma luz na nossa aldeia, Suer — respondia ela, com carinho.

Essas noites sob as estrelas reforçavam em Suer a sensação de que, apesar de todas as adversidades, ele tinha um papel importante a desempenhar. Sua fé nos deuses e o amor inabalável de sua mãe eram os pilares que sustentavam sua determinação.

Em uma manhã ensolarada de primavera, Suer e sua mãe estavam colhendo ervas nas margens de um riacho próximo à aldeia. O aroma fresco das flores silvestres enchia o ar, enquanto pássaros cantavam em harmonia. Suer sentia-se em paz, absorvendo a tranquilidade da natureza ao seu redor.

— Mãe, por que os outros orcs não entendem nossos ensinamentos? — perguntou ele, enquanto colhia cuidadosamente folhas de uma planta medicinal.

Sua mãe sorriu, parando por um momento para admirar a beleza do riacho.

— Nem todos têm a mesma jornada espiritual, Suer. Muitos veem a força apenas na violência e na brutalidade. Mas você, meu filho, vê além. Você vê a luz e a cura onde outros veem apenas escuridão — respondeu ela, com ternura.

Suer refletiu sobre as palavras de sua mãe enquanto continuavam sua colheita. Ele sabia que sua conexão com os deuses era uma dádiva, uma fonte de sabedoria e compaixão que ele devia honrar e compartilhar com o mundo.

À medida que os anos passavam, Suer crescia não apenas em idade, mas em habilidades e entendimento. Sua reputação na aldeia começava a mudar lentamente. Alguns orcs começaram a respeitá-lo por suas habilidades curativas e pela sua coragem em enfrentar desafios que outros evitavam.

Em uma tarde de verão, um guerreiro orc ferido foi trazido à casa de Suer. Ele estava com uma grave laceração na perna, resultado de um confronto com um urso das montanhas. Suer viu a urgência nos olhos dos que o acompanhavam e agiu imediatamente.

— Vamos cuidar dele, mãe. Eu posso ajudar — disse ele, determinado.

Sua mãe assentiu com seriedade, preparando os instrumentos necessários enquanto Suer se aproximava do guerreiro.

— Suer, você pode fazer isso. Lembre-se de tudo o que aprendeu — encorajou ela, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

Suer respirou fundo, concentrando-se em canalizar a energia divina que aprendera a acessar desde criança. Com movimentos precisos e uma concentração intensa, ele começou a limpar e suturar a ferida do guerreiro. Seu coração batia forte, mas sua determinação não vacilou.

— Aguente firme, amigo. A cura está chegando — murmurou Suer, enquanto trabalhava.

O guerreiro gemeu de dor, mas Suer não desistiu. Ele continuou seu trabalho meticuloso, sentindo a energia fluir através de suas mãos e a cura se manifestar lentamente.

Finalmente, após horas de cuidados intensivos, Suer conseguiu estabilizar o guerreiro. A ferida estava fechada, e o guerreiro descansava tranquilamente, agradecido pela salvação.

— Você salvou minha vida, Suer. Nunca vou esquecer isso — disse o guerreiro, olhando para ele com gratidão sincera.

Suer sorriu humildemente, sentindo uma mistura de alívio e realização. Sua mãe abraçou-o com orgulho.

— Você fez um trabalho incrível, meu filho. Estou muito orgulhosa de você — disse ela, os olhos brilhando de emoção.

A notícia do feito de Suer espalhou-se pela aldeia como fogo na palha seca. Os murmúrios de respeito substituíram as zombarias de antes. Gradualmente, os outros orcs começaram a ver Suer não apenas como "o meio-sangue", mas como alguém cujos dons e coragem mereciam reconhecimento.

Em uma noite de outono, durante uma celebração em honra aos deuses da colheita, Suer foi convidado a participar dos rituais. Ele segurava uma tocha acesa, simbolizando a luz de Apolo que ele tanto reverenciava. Os orcs se reuniam ao redor da fogueira central, cantando cânticos de gratidão e esperança.

— Suer, filho da luz, traga-nos a bênção de cura e prosperidade — disse o chefe da aldeia, erguendo um cálice de vinho em sua direção.

Suer sentiu uma mistura de humildade e gratidão enquanto derramava uma pequena quantidade de vinho no solo, em honra aos deuses. Ele então ergueu a tocha, iluminando a noite escura com sua luz brilhante.

— Que a luz de Apolo nos guie e proteja sempre — disse ele, com voz clara e firme.

A aldeia ressoou com aplausos e palavras de aprovação. Suer olhou ao redor, vendo rostos sorridentes e olhares de respeito. Ele sabia que ainda enfrentaria desafios no futuro, mas estava pronto para cada um deles, fortalecido pela fé, pelo amor de sua mãe e pela conexão profunda com os deuses.

Assim, na pequena aldeia nas montanhas, Suer continuava sua jornada de crescimento e descoberta, sabendo que seu destino estava entrelaçado com o brilho das estrelas e a sabedoria dos deuses que ele tão fielmente servia.

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Comments

Decleciana R.

Decleciana R.

Ótima narrativa, expectativa e adrenalina em 💯💯💯

2024-08-09

2

Débora T.

Débora T.

Que história bonitinha! mas chorei pq acho que alguém vai morrer /Whimper/

2024-07-30

2

Rutiele Miranda

Rutiele Miranda

Que história incrível, a mãe de Suer é um amor, consegui imaginar cada sena 😍🥰

2024-07-16

2

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