julgamento.

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acordo cedo com a luz invadindo o quarto pequeno em que me encontro . está um inferno aqui , sinto falta da minha cama e da vida que tinha do lado de fora , se tiver sorte serei condenado há apenas seis anos mas se tiver azar pegarei uns quatorze anos de prisão .

Ficarei tempo demais preso, me arrependo de ter tomado aquela atitude. Esses dias foram de cão, não durmo direito, não consigo me alimentar direito , a comida daqui é horrível e o café é horrível , amargo e sem açúcar ,creio que seja julgado como um civil , já que como militar já fui julgado e esse será o pior para mim .

Numa cadeia normal eles não aceitam o que fiz com a Carol . Eles têm a própria lei deles dentro da cadeia , vou rezar para não me jogarem juntos com os outros detentos , um sorriso surge nos lábios, verei o rosto da Carol uma última vez pelo menos , se morrer pelo menos irei morrer feliz .

hoje é o meu julgamento, foram dias nesse inferno. pelo menos irei ver a rua um pouco tenho escrevido para a Laura e para o Rodrigo mas a única pessoa a responder foi a Laura o meu irmão , se afastou de mim imagino que vou caminhar sozinho .

- bom dia ! E aí, mano ? O julgamento vai sair hoje ? Boa sorte lá com o juiz - um camarada diz.

- muito obrigado ! Vou precisar de muita sorte para não pegar uma pena máxima - digo .

Me levanto, tomo banho e faço a minha barba, penteio os meus cabelos . E me ajeito, espero o agente chegar, o que não demora muito para o cara aparecer , viro de costas e sou algemado , ansioso ? Sim ! louco para ver a Carol uma última vez , vou caminhando para o transporte e entro sento tem outros companheiros também ! Abaixo a cabeça e o cara da partida.

Pensamentos surgem e a vontade de tirar a minha própria vida é constante. Penso nisso todos os dias , é melhor morrer do que passar uma eternidade preso numa cela , e sem ninguém para ir me visitar .

Penso nos meus pais e como foi difícil para mim e para o meu irmão . O meu pai era alcoólatra e a minha mãe, uma dona de casa, era exemplar, cuidava da gente, nunca nos deixava dormir sujos ou com fome , o meu pai por outro lado vivia batendo nela bem na nossa frente .

lembranças ......💭

Era um dia chuvoso, estava Rodrigo e eu brincando . Na chuva a nossa mãe havia deixado a gente brincar , estávamos jogando bola e felizes , a nossa mãe olhava a gente pela janela e sorria feliz .

- quem irá fazer um gol para mim ? Quero só ver hein ! - a minha mãe dizia sorridente .

- eu mamãe ! Vou fazer um gol em homenagem à senhora - respondia feliz .

- eu também ! Vou fazer um gol para te homenagear mamãe ! - Rodrigo dizia .

corríamos pelas ruas gritando feito dois loucos . Mas éramos duas crianças felizes quando o Rodrigo de repente olha e trava no meio da rua , curioso , me aproximei indo ver o que estava acontecendo e para a minha surpresa era o papai e ele não estava com uma cara boa .

Parecia bravo e bêbado, o que não era nenhuma novidade. Ele sempre estava assim ! Embriagado e de mau humor e nós sofremos com essa mudança dele , peguei na mão do Rodrigo e puxei pensei que se corressemos , rápido talvez o papai não nos veríamos , mas antes de escalar ouvimos a voz grossa do nosso pai .

- não adianta fugir ! já vi os dois e espero que tenham uma boa explicação para estarem na chuva seus vermes - papai grita .

- ferrou Thiago , o papai está de mau humor e vai nos bater , vamos fugir - Rodrigo gritava chorando .

- calma irmão , talvez se pedimos ou imploramos ao nosso pai , ele tenha piedade , fugir não vai ajudar só vai tornar a situação mais complicada - respondia para o meu irmão .

corríamos para casa e a mamãe vinha com o semblante preocupado. A porta se abria e o papai aparecia nervoso, os seus olhos azuis estavam à procura do Rodrigo e eu que com medo e apavorados escondia atrás da nossa mãe que se pôs de frente nos protegendo do nosso pai , furioso que mesmo com a nossa mãe pedindo ele vinha para cima de nós com o cinto na mão .

Ele nos bateu naquele dia que o meu nariz chegou a quebrar e o braço do Rodrigo ficou cheio de marcas e hematomas, ele dizia que nos odiava e queria nos ver mortos .

Nunca vou entender porque o papai é tão bravo assim . Parece que não nos ama e tudo que faz é chegar bêbado em casa e bater na gente e na nossa mãe sem se importar, penso comigo mesmo fungando a chuva cessa enquanto subia para o meu quarto e adormecia .

Lembranças off....💭

No carro choro ao lembrar da minha infância o meu pai era ruim . Sinto culpa por ter sido um péssimo marido para a Carol , ela merecia coisa melhor e não um marido agressivo e infiel , o que fiz com ela é imperdoável mas desejo de todo o meu coração que ela seja feliz e encontre alguém melhor do que eu .

Foram um ano de casados e em momento algum . Fiz algo bom para ela a não ser trair e humilhar e deixar a pobre coitada desolada e com ódio de mim , agora tudo que quero é pagar a cadeia e seguir em frente e tentar recomeçar a minha vida. Mais para frente pretendo pedir um habeas corpus e ver se posso cumprir em liberdade .

Vou continuar com a Laura e se ela quiser casaremos . não irei cometer a mesma coisa com a Laura , não irei traí - lá vou fazer diferente com ela , pretendo recomeçar e fazer a minha própria família com a Laura sei que ela me ama , da mesma forma como posso aprender a amar ela também ! O carro para acredito que cheguei no tribunal.

desço do carro e sou levado para a sala e espero por alguns instantes. O advogado chega , conversamos por alguns minutos e ele me orienta a não mentir e responder somente quando for solicitado , concordo com ele e seguimos para o tribunal sento na cadeira e o julgamento se inicia. Durante o julgamento vejo a Carol e como ela está linda observo também ! Que ela mudou o visual fez uma franja no cabelo fez as unhas que estão pintadas de preto .

observo que ela está em forma o seu corpo continua o mesmo . Curvilíneo cheio de curvas sinto falta de apertar a sua bunda grande e sugar os seus seios minúsculo do tamanho de uma azeitona. Sinto falta do carinho da Carol e do seu olhar penetrante, ela está mais linda do que nunca e parece estar mais segura do que antes , olho para trás e vejo a Laura sentada assistindo o julgamento.

horas depois sai a minha condenação o que não é uma surpresa. Fui condenado a seis anos e quatro meses de prisão , já era esperado , agora é só cumprir e depois que passar os seis anos estarei livre e vou ter a chance de recomeçar novamente. agradeço o advogado pelo serviço e dou uma última olhada para a Carol que nem sequer olha na minha cara .

Vou para o transporte e entro abaixo a cabeça e o motorista espera o outro detento entrar e da partida serei transferido para a penitenciária José Martinho Drumond pelo que o advogado me disse e tudo que me resta é aceitar solto um suspiro e tento tirar um cochilo enquanto não chego .

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