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Dizem que o amor é puro, gentil, calmo, alegre, mas ao mesmo tempo tempestuoso. O que acalma é o mesmo que traz o caos. Ver aquele garoto crescer e virar o homem que eu sempre sonhei parecia mágico. Naoya Zenin, com toda certeza eu vou te amar para sempre.

—Saia desses devaneios, Utahime! - minha mãe, Mitsuri Iori, chamava minha atenção enquanto se sentava no sofá à minha frente. - Não é à toa que ninguém a convida para dançar nos bailes, está sempre avoada.

Não respondi. Não era preciso.

— Minha princesa, não se acanhe e não ligue para sua mãe. Logo você vai se casar! - Meu pai, Kai Iori, lembrava-me dessa cobrança diária que eu sentia. Eles ainda não entendiam que eu não vou me casar?

—Quem, em sã consciência, se casaria comigo, visto tamanha feiura? - eu disse, sentindo a tristeza no peito. Eu não era feia, bom, pelo menos antes dessa cicatriz enorme em meu rosto. Agora eu me sinto feia e sinto o desprezo e os olhares tortos de cada homem na cidade ao me ver.

— Não diga isso, minha princesa! Você é linda, sim! Só deveria ter escutado sua mãe quando lhe disse para parar de se aventurar por aí. Veja o que aconteceu! Essa queda arruinou seu rosto. - Mitsuri suspirou, olhando para mim com preocupação.Engoli seco ao lembrar o motivo real da cicatriz, mas que ninguém sabe.

—Mãe, estou perto de completar trinta anos. Já estou passando da idade de casar-se. Daqui em diante será mais difícil, só aceite.

— Pare de drama, filha. Você só tem vinte e sete aninhos. Ainda há tempo. Não se esqueça que você precisa se casar primeiro por ser a mais velha, depois a Shoko, e em seguida a Yuki. - Minha mãe respondeu com firmeza.

— Se elas dependerem disso, vão morrer solteiras - Ri debochada!

— Escutei meu nome? - Shoko atravessou a sala, chamando nossa atenção. Seu vestido bordô com rendas brancas a deixava deslumbrante e linda. Não existia homem na face da terra que não olhasse para ela.

—Shoko, querida, estava falando sobre os planos para o futuro. - Meu pai disse, sorrindo para ela.

— Precisamos encontrar um bom partido para Utahime primeiro, claro, mas você e Yuki também terão seus momentos.

— Ah, papai, Utahime é a mais bela e forte entre nós. Tenho certeza de que encontrará alguém especial. - Shoko disse, sentando-se ao meu lado e segurando minha mão.

—E quanto a mim? - A voz suave de Yuki preencheu a sala enquanto ela entrava. - Não se esqueçam de mim! - Ela brincou, rodopiando em seu vestido azul claro.

—Claro que não, minha pequena sonhadora! - Meu pai disse, rindo. - Todas vocês terão seus momentos brilhantes.Olhando para minhas irmãs, senti uma onda de amor e proteção. Apesar das cobranças e expectativas, sabia que sempre teríamos umas às outras. A família era nossa força, e enfrentaríamos juntos qualquer desafio que surgisse.

A campainha tocou, interrompendo o momento familiar. Um mensageiro entregou uma carta selada com o emblema dos Gojo. Minha mãe abriu a carta com curiosidade.

—Parece que temos novos vizinhos. A família Gojo estará se mudando para a propriedade ao lado. - Ela anunciou.- Novos vizinhos? Isso pode ser interessante. - Shoko disse, sorrindo intrigada.

— Sim, e pelo que ouvi, eles têm filhos da idade de vocês meninas - Meu pai acrescentou.Senti um arrepio de curiosidade e apreensão. Shoko e Yuki ficaram extremamente felizes so de imaginar como eles seriam.

—Então foi com eles que o senhor fez negócios papai? - Perguntei curiosa !

—Sim, Filha os Gojos sempre estão envolvidos em negócios promissores por toda a Inglaterra, dito isso eu vendi todos o lote da mansão até o lago carpete !

—Então agora aquele lago todo pertence a eles?

—Sim!!

—Me senti frustrada vendo que grande parte dos meus refúgios e incluindo meu gazebe favorito era de outro proprietário mas estou em paz porque tenho quase certeza que aquele lugar continuará escondido e sem ser frequentado além de mim.

...

...

O Baile de Cortejo dos Gojo

Quinze dias se passaram rapidamente, e a família Gojo já estava instalada em sua nova casa. Para marcar sua chegada, eles organizaram um grande baile de cortejo e convidaram todas as famílias relevantes da cidade. A mansão Gojo estava deslumbrante naquela noite, iluminada por centenas de velas e decorada com flores frescas. As irmãs Iori estavam deslumbrantes em seus vestidos, prontas para a noite de dança e diversão.

— Você está linda, Utahime. Não se preocupe tanto. - Shoko tentou me animar enquanto descíamos a grande escadaria para o salão de baile.

— Sim, só precisamos nos divertir esta noite. - Yuki acrescentou com um sorriso animado.Eu sorri de volta, mas sabia que não seria tão simples. Desde que ganhei essa cicatriz, evitava os olhares e os comentários dos outros. Assim que chegamos ao salão, minhas irmãs foram rapidamente cercadas por pretendentes ansiosos, enquanto eu ficava de lado, apenas observando.

Tentei interagir, mas logo percebi os olhares de desprezo e os sussurros. Ninguém me convidou para dançar. Sentei-me em uma poltrona próxima à mesa de buffet, apenas comendo e observando todos se divertindo. Meus pais conversavam animadamente com outros convidados, enquanto minhas irmãs rodopiavam pela pista de dança, cercadas por admiradores.Senti uma onda de tristeza, mas também um alívio estranho por não ser cortejada. A vergonha de minha aparência me fazia evitar qualquer tentativa de interação.Do outro lado do salão, Gojo e Choso conversavam sobre negócios. Gojo parecia entediado, sem vontade de tirar nenhuma mulher para dançar.

—E aquela ali, o que acha dela? - Choso perguntou, apontando discretamente para mim.Gojo olhou na minha direção com desdém.

—Ela é apresentável, mas... - Ele riu. - Nada além disso.

Eu ouvi tudo. O desprezo em sua voz era evidente. Encarei-o por um momento, sentindo a dor de suas palavras, e então me levantei, saindo rapidamente do salão. Fui para o jardim, onde o ar fresco e a solidão eram um alívio bem-vindo.Observando pela janela, vi todos se divertindo. Todos, exceto eu. Senti uma solidão profunda, mas também uma determinação silenciosa. Não importa o que dissessem ou como me olhassem, eu encontraria meu próprio caminho, mesmo que fosse diferente do que todos esperavam.Ali, no jardim, sob a luz da lua, prometi a mim mesma que não deixaria os comentários maldosos e os olhares de desdém definirem quem eu era.

Após o baile, os dias passaram em uma mistura de expectativas e reflexões. Shoko, que havia sido cortejada por um nobre chamado Suguru Geto, parecia encantada com as atenções recebidas. Ele era conhecido não apenas pela sua riqueza, mas também por sua influência na política local.

— Mãe, você viu como Suguru Geto me tratou ontem à noite? Ele é tão gentil e charmoso! - Shoko comentou animada, enquanto a família se reunia na sala de estar.Mitsuri sorriu, satisfeita com a possibilidade de um bom partido para sua filha do meio.

— Sim, querida, ele pareceu muito interessado em você. Um homem como ele pode oferecer estabilidade e segurança. - Ela respondeu, olhando para Kai em busca de aprovação.

—De fato, Suguru Geto é uma excelente escolha. - Kai concordou, orgulhoso da filha.Enquanto isso, Yuki não ficou para trás. Choso, um homem igualmente influente e de alto status na sociedade, passou a noite toda cortejando-a. Ele era conhecido por suas conexões e habilidades nos negócios.

— Yuki, querida, você estava deslumbrante no baile. Choso parecia realmente interessado em você. - Mitsuri elogiou, sorrindo para a filha mais nova.Yuki corou levemente, sentindo-se lisonjeada pelas atenções de Choso.

—Ele é muito gentil, mãe. E parece ser muito bem-sucedido em seus empreendimentos. - Ela respondeu, tentando disfarçar a timidez.

—Parece que ambas têm opções promissoras à vista. - Shoko comentou, olhando para Utahime, que permanecia quieta, perdida em seus próprios pensamentos.

— E você, Utahime, como se sente após o baile? - Mitsuri perguntou com carinho, percebendo a expressão séria da filha.Utahime suspirou, pensativa.

— Foi uma noite interessante. Shoko e Yuki foram muito cortejadas, e eu estou muito feliz por elas. - Ela disse, escolhendo suas palavras com cuidado. - Mas eu não sei se esse tipo de atenção é para mim.

—Não se preocupe, Utahime. A pessoa certa virá no momento certo. - Kai tentou confortá-la.

— É verdade, minha filha. Nem tudo acontece da noite para o dia. - Mitsuri acrescentou, colocando a mão sobre a dela com carinho.Utahime assentiu, agradecendo silenciosamente o apoio de sua família. Mesmo que não se encaixasse nos padrões de beleza tradicionais, sabia que tinha valor e força próprios.

— Eu estou bem, mãe, pai. Não se preocupem comigo. - Ela disse, tentando sorrir.Enquanto conversavam na sala de estar, o pensamento sobre o futuro pairava no ar. Para Shoko e Yuki, o caminho parecia claro com as oportunidades que se apresentaram no baile. Para Utahime, no entanto, o destino era mais incerto.

Após o baile, enquanto suas irmãs estavam envoltas em conversas sobre os pretendentes e possíveis futuros, Utahime procurou refúgio em seu próprio mundo. Ela escolheu seu vestido com cuidado, optando por um simples e elegante vestido azul-marinho que contrastava com sua pele pálida e seus cabelos escuros. Seu olhar era sereno, mas havia uma tristeza velada em seus olhos que ela escondia bem dos outros.

Com um livro de romance clássico em mãos, Utahime caminhou silenciosamente pelos jardins bem cuidados da propriedade. Ela conhecia cada trilha e cada esconderijo, mas havia um lugar especial que sempre a acalmava: o lago próximo à propriedade. Lá, um gazebo branco rodeado de flores oferecia um refúgio tranquilo com vista para as águas serenas do lago. Um banco branco adornado ficava estrategicamente posicionado no meio do gazebo, onde Utahime costumava passar horas lendo e refletindo.

Chegando ao lago, ela se sentou no banco familiar, deixando o livro repousar em seu colo. O vento suave balançava as flores ao redor, criando uma sinfonia silenciosa de cores e perfumes. O silêncio era reconfortante, permitindo-lhe afundar nas páginas do romance enquanto as emoções fluíam livremente.Lá, entre as páginas desgastadas e as palavras antigas de amor e aventura, Utahime encontrou um escape para sua própria realidade. As lágrimas que ela segurava desde o baile finalmente encontraram um caminho, deslizando silenciosamente por suas bochechas.Ninguém passava por ali, ninguém a via. Era seu santuário particular, onde podia ser vulnerável sem medo de julgamentos ou olhares piedosos. Ali, sob a luz dourada do entardecer, ela mergulhou na história e na melancolia que a acompanhava.

Os minutos se transformaram em horas enquanto o sol se punha lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e rosa. Utahime permaneceu ali, encontrando consolo na solidão serena e na beleza tranquila do lago. E, em meio ao silêncio quebrado apenas pelo suave murmurar das águas, ela encontrou um momento de paz dentro de si mesma, sabendo que, apesar de tudo, havia um lugar onde podia ser verdadeiramente livre.

......

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