Lucca

...GAROTA DO PAPAI...

Eu ainda estou paralisado, como ela tem coragem de atirar em mim eu não sei se fico com raiva ou com tesão e são duas coisas problemáticas já que a culpa foi minha, eu causei a confusão e tesão porque puta que pariu que gata selvagem gostoso, não consigo por em palavras o tesão que foi vela assim sem medo de nada me pondo de baixo de seus pais quase como um capacho isso machuca meu ego mas por Deus como eu quero aquela mulher se ninguém tivesse entrado no quarto e nos atrapalhado eu teria ficado de joelhos e implorando por sexo, já que estou no hospital vou amparo e mandar dá uma checada no meu cérebro acho que não estou batendo bem da cabeça. Eu tinha acabado de levar uns pontos na orelha, coisa pouca fiz alguns exames só para chegar se não estou ficando pirado, quando fui para o quarto minha sogra estava lá me esperando com um pouco de comida.

- como você tá?

- bem, foi só de raspão então tive sorte

- sorte?

- sim dela ter errado

Ela soltou uma gargalhada genuína e eu fiquei sem entender nada o que eu disse de tão engraçado?

- sabe ano passado ela ganhou o primeiro lugar em tiro livre ela e conhecida na cidade como rainha certeira nunca errou um tiro desde que pegou uma arma e quase como se ele tivesse nascido com o dom.

- eu estraguei tudo não foi? Ela deve me odiar.

- garoto, escutou que acabei de dizer? Ela não te acertou, isso deve significar algo, conheço minha filha e zangada como ela tava se te odiasse ou algo do tipo ela teria feito pior

Vendo por esse lado, até fiquei feliz em levar esse tiro, saber que ela não me odeia era gratificante.

- mas de diz, ela não atirou em vive só por causa do jantar né, você deve ter falado algo muito errado me conta o que foi.

- bom ela tava de boa mas quando toquei no nome do pai dela ela atirou.

Agora ela já não estava rindo, a expressão em seu rosto era melancólico, sua única reação foi dar um peteleco em minha testa.

- então ela deve gostar mesmo de você.

- am?

- você falou da pessoa mais preciosa não mundo inteiro para ela e ela só te fez um arranhão, sabe minha filha não tem medo de quase nada a única coisa que a aflige e decepcionar o seu pai.

- eles tinham um vínculo forte.

- tinham não, tem! nem a morte dele foi capaz de quebrar esse vínculo, minha garota o ama de uma forma inexplicável.

- não tem ciúmes desse vínculo deles?

- quando eu entrei na vida deles eles já eram unha em carne eu não tinha ciúmes eu tinha medo de não ser alguém igual o pai dela na vida deles.

espera tá certo isso que estou escutando? tento clarear a mente e escutar cada palavra.

- você deve tá confuso né

- um pouco.

- sabe porque a data de hoje é tão importante para ela?

- não!

- porque era a data preferida do pai dela, foi o dia que o amor da vida dele nasceu, foi o dia que a vida dele se transformou.

- então hoje e...

- sim, hoje é o aniversário dela, desde que ela nasceu todos os anos ele fazia um grande jantar para agradecer mesmo quando ela era só um neném ele convidava todos os trabalhadores e a exibia a princesa do papai então ações de graças não era apenas um feriado.

- eu não sabia.

- ela não costuma compartilhar coisas da sua vida assim, minha filha nem gosta de aniversários, isso a faz lembrar quando eu a abandonei sabe eu era muito nova o pai dela era louco por mim mas eu queria tá no mundo atrás dos meus sonhos só namorávamos na época mas aí eu descobri que estava grávida então fui mora com ele e uns dias antes do parto eu recebi uma proposta de trabalho em Paris e sabe acabei aceitando então assim que dei a luz a deixei no berço e os abandonei sem olhar para trás.

Eu podia sentir o gosto amargo das suas palavras, ela parecia arrependida verdadeiramente, o arrependimento era estampado no seu semblante.

- ele não me procurou e eu não ligava atrás de notícia da criança, eu achei que ele não me deixaria ir e se eu deixasse a criança ele não me procuraria e foi bem assim que aconteceu mas eu sentia muita falta dela, eu sabia que não podia simplesmente voltar o que eu diria: oi voltei me aceita de volta porque sou sua mãe eu a feria.

- mas no final você voltou.

- ela devia ter uns quatro anos, eu a queria loucamente eu sei egoísta da minha parte mas eu fui, voltei para fazenda achei que nem seria recebida mas ele deixou eu vela e ela era magnífica, valente esperta e a cópia do pai não tem nada de mim.

Ela respirou fundo e continuou.

- Ela sabia que eu era a sua mãe, o pai dela não escondeu o que aconteceu, ele sempre mostrava fotos minhas, ele dizia que eu voltaria e ela me esperou e no final eu implorei para ele me aceitar de volta, mas então ele disse: se ela te aceitar essa decisão e exclusiva dela. Mas ela era tão pequena que achei que não entenderia, mas então ela me surpreendeu quando disse: Tudo bem mamãe você não precisa largar seus sonhos para ficar comigo eu tenho o papai do meu lado e eu estarei sempre aqui te esperando, ela me abraçou e me aceitou, incrível né uma garota de quatro anos entender a situação assim.

- verdade.

- no final eu trabalhava pelo mundo com moda e voltava para casa aos poucos fui ficando mais eu e o pai dela viramos bons amigos ele não se casou de novo e nem eu vivíamos apenas para a felicidade dela, o pai dela era um homem maravilhoso e eu sou muito grata por ele ter sido tão devoto a ela, ele viveu e morreu por ela, e tá sendo muito difícil a ausência dele na vida dela e depôs veio a morte do seu pai um homem que ela admirava tanto então dar um desconto para ela e tente se acerta, eu eu sei que você deve entender a falta que um pai faz mesmo você tendo seus problemas com o seu.

Ao escutar tudo isso só pude tirar uma conclusão: EU SOU UM IDIOTA! mas isso vai mudar.

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