Matheo Heiderick
Seu amigo Eduard
A cidade de Nova Iorque fervilhava como de costume. Entre os arranha-céus e o caos ordenado das ruas, havia um homem que se destacava, não apenas pelo poder que exercia, mas pelo mistério que o cercava. Matheo Heiderick, com seus 31 anos, era uma figura que exalava confiança e frieza. Seu nome era conhecido nos círculos de negócios da cidade, não apenas por sua inteligência afiada, mas também por seu desprezo notório por qualquer tipo de relacionamento amoroso.
Na manhã daquele dia, ele se preparava para mais uma jornada na empresa de software que havia construído do zero. Do alto de sua cobertura, a vista era de tirar o fôlego, mas para Matheo, era apenas um detalhe. O apartamento era tão imponente quanto ele: um espaço amplo, decorado com móveis minimalistas e tons neutros. Não havia qualquer vestígio de sentimentalismo ali. Nenhum porta-retrato, nenhuma lembrança de momentos felizes. Apenas o essencial, o que refletia perfeitamente a alma de seu dono.
Enquanto ajustava a gravata diante do espelho, seu telefone tocou. Era uma chamada de sua mãe, Anabela. Ele fechou os olhos por um segundo, já imaginando o assunto que ela queria abordar. Não estava disposto a mais uma conversa sobre casamentos e compromissos, mas atendeu, como sempre fazia.
Matheo: (com um tom controlado) “Bom dia, mãe.”
Anabela: (com uma voz doce, mas firme) “Matheo, querido, você está bem? Tenho sentido sua falta. Já faz tempo que não nos visitamos.”
Matheo: (suspira, tentando manter a paciência) “Estou bem, mãe. Muito trabalho, como sempre. Como estão as coisas por aí?”
Anabela: “Estamos bem, mas… você sabe, seu pai e eu nos preocupamos com você. Já está na hora de pensar em construir sua própria família. Conheci a filha de uma amiga minha, ela é encantadora e—”
Matheo: (interrompendo, com um tom frio) “Mãe, já discutimos isso. Não estou interessado em casamentos ou encontros arranjados. Tenho muito trabalho, e isso é o que importa agora.”
Anabela: (em um tom desapontado) “Você diz isso, mas um dia vai perceber o que realmente importa na vida, Matheo. Não queremos que você acabe sozinho…”
Matheo: (cortando a conversa) “Eu não estou sozinho, mãe. Tenho minha empresa, meus amigos. Isso é suficiente para mim. Agora, preciso ir. Nos falamos depois.”
Ele desligou antes que ela pudesse insistir mais. Matheo não era um homem cruel, mas carregava uma amargura profunda que o tornava impenetrável. A visão cínica do casamento de seus pais havia moldado sua perspectiva. Rodolfo e Anabela eram o exemplo perfeito de uma união sem amor, construída em cima de conveniência e aparências. Ele não queria esse destino para si.
Enquanto caminhava para a garagem, onde seu carro esportivo o aguardava, Matheo pensava na sua rotina perfeitamente planejada. Havia construído uma barreira tão alta ao redor de seu coração que, em sua mente, nada poderia derrubá-la. Ele se entregava ao trabalho e à vida que havia escolhido, longe das complicações que envolviam sentimentos.
Sua empresa, uma gigante do setor de software, era sua maior paixão. Matheo acreditava firmemente que o sucesso não vinha apenas do talento, mas da dedicação absoluta, e é por isso que mantinha controle total sobre tudo. Cada decisão, cada detalhe passava por ele. Seus funcionários o respeitavam, mas também o temiam. Era conhecido por ser implacável quando se tratava de negócios.
Ao chegar ao escritório, um prédio moderno no centro de Nova Iorque, foi recebido por seu assistente pessoal, Lucas, que já estava à sua espera na entrada.
Lucas: (com profissionalismo) “Bom dia, senhor Heiderick. Temos uma reunião com a equipe de desenvolvimento às nove, e depois o senhor tem um almoço de negócios marcado com os investidores.”
Matheo: (acena com a cabeça) “Perfeito. Quero que organize uma revisão completa do projeto Phoenix para amanhã. Não quero surpresas.”
Lucas: “Já está encaminhado, senhor.”
O dia de Matheo seguiu como de costume: reuniões, decisões rápidas e o controle absoluto que ele tanto prezava. À tarde, ele recebeu uma ligação de seu amigo Eduard, o único que parecia ter acesso a uma parte mais descontraída de Matheo. Eduard era o oposto dele, um espírito livre, sempre buscando diversão e novidades.
Eduard: (com um tom animado) “E aí, Matheo! Como vai o grande magnata do software? Tenho uma novidade para você. Vamos comemorar hoje à noite na boate! A inauguração foi um sucesso, e preciso da sua presença.”
Matheo: (com um leve sorriso, o primeiro do dia) “Não sei se vou conseguir, Edu. Tenho alguns compromissos…”
Eduard: (interrompendo, brincalhão) “Nada de desculpas, amigo! Você precisa sair dessa rotina. Além do mais, um pouco de diversão nunca fez mal a ninguém. Estarei te esperando.”
Matheo: (com um suspiro resignado) “Está bem, estarei lá.”
Matheo sabia que Eduard tinha razão. Ele se permitia esses momentos de lazer apenas para manter as aparências, mas nunca deixava ninguém se aproximar demais. Para Matheo, a boate era o único lugar onde ele permitia a si mesmo algum tipo de relaxamento. Era ali que ele se envolvia com mulheres, mas nunca deixava que esses encontros se tornassem algo além de uma noite. Ele as atraía com seu charme e, depois de algumas horas, já se distanciava, garantindo que elas entendessem que não haveria uma segunda vez.
Mais tarde naquela noite, Matheo chegou à boate de Eduard. O lugar estava lotado, a música alta e as luzes pulsantes criavam um ambiente envolvente, perfeito para alguém que queria se perder, mesmo que por algumas horas.
Eduard o esperava no bar, com um sorriso de orelha a orelha.
Eduard: (erguendo um copo) “Eu sabia que você viria! Aqui, seu drink de sempre.”
Matheo: (aceitando o copo) “Eu precisava de uma pausa, e você sabe que este é o melhor lugar para isso.”
Eduard: (piscando) “E quem sabe, a melhor companhia também.”
Matheo apenas riu. Ele sabia onde aquela conversa ia parar, e Eduard estava certo. Não demorou muito para que uma mulher se aproximasse. Ela era atraente, com um vestido que deixava pouco à imaginação. Matheo não resistiu ao flerte.
Mulher: (com um sorriso sedutor) “Você parece um pouco fora de lugar aqui… normalmente, caras como você não vêm a boates assim.”
Matheo: (com um olhar penetrante) “E como eu sou, exatamente?”
Ela riu, jogando o cabelo para trás, claramente atraída pela aura de mistério que Matheo exalava.
Mulher: “Inteligente, sofisticado… Alguém que não se mistura com qualquer um.”
Matheo sorriu de canto, tomando um gole do drink enquanto a observava. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo. A mulher queria algo mais, mas ele já havia decidido que seria apenas mais uma noite, como tantas outras.
Matheo: (com um tom desinteressado) “Às vezes, todos precisamos de uma mudança de cenário.”
Mulher: (aproximando-se mais, tocando o braço dele) “E o que você está procurando nesse cenário?”
Matheo: (encarando-a, sem se comprometer) “Nada mais do que o que ele pode oferecer.”
A insinuação era clara. A mulher sorriu, percebendo que Matheo não estava ali para mais do que algumas horas de diversão. Ele era o tipo de homem que não precisava falar muito para ser entendido. O magnetismo que ele exalava atraía mulheres para ele, mas Matheo sabia como manter a distância emocional. Para ele, era uma questão de manter o controle, de nunca deixar ninguém se aproximar o suficiente para causar qualquer impacto real.
Eduard, observando a interação de longe, se aproximou com um sorriso malicioso.
Eduard: (batendo de leve no ombro de Matheo) “Vejo que você já encontrou companhia. Quer que eu deixe vocês a sós?”
Matheo: (sem desviar o olhar da mulher) “Acho que posso me virar, Edu.”
Eduard: (rindo) “Isso eu não duvido. Divirtam-se.”
Matheo observou Eduard se afastar, antes de voltar sua atenção à mulher.
Mulher: (inclinando-se para falar mais perto) “Vamos para um lugar mais reservado?”
Matheo: (balançando a cabeça) “Aqui está bom. Por enquanto.”
O tempo passava, e eles continuaram conversando, embora o diálogo fosse mais superficial do que qualquer outra coisa. Matheo estava habituado a esse tipo de interação. Para ele, era um jogo, um no qual as regras eram sempre as mesmas. Ele sabia como fazer com que se sentissem especiais por uma noite, mas também sabia como desaparecer antes que qualquer expectativa fosse criada.
Horas depois, já na madrugada, Matheo se levantou, pronto para encerrar a noite.
Mulher: (tentando prolongar a interação) “Você não quer ir para algum lugar mais… privado?”
Matheo: (com um sorriso frio) “A noite foi boa, mas é hora de eu ir.”
Ele viu a decepção nos olhos dela, mas não se incomodou. Aquilo fazia parte do jogo. Ele acenou para o barman, indicando que a bebida dela estava por conta dele, e então se afastou sem olhar para trás.
Na saída da boate, Eduard o alcançou.
Eduard: (com um sorriso travesso) “Sair sozinho? Isso não é muito o seu estilo.”
Matheo: (dando de ombros) “Eu estava apenas me divertindo. Não preciso de mais do que isso.”
Eduard: (balançando a cabeça) “Um dia, Matheo, você vai encontrar alguém que vai quebrar essa armadura.”
Matheo riu, mas o som foi vazio, desprovido de verdadeira emoção.
Matheo: “Se esse dia chegar, Edu, talvez eu tenha que mudar de planeta.”
Eles se despediram, e Matheo entrou em seu carro, o motor roncando suavemente enquanto ele dirigia pelas ruas escuras de Nova Iorque. A cidade estava silenciosa àquela hora, e ele gostava disso. Era um contraste com o caos que ele enfrentava diariamente. Matheo estava em paz com sua solidão, ou pelo menos, era o que ele gostava de acreditar.
Chegando em sua cobertura, ele entrou e trancou a porta atrás de si, deixando a noite para trás. O apartamento estava escuro e silencioso, exatamente como ele gostava. Matheo se dirigiu à janela, olhando para as luzes da cidade. Ele sabia que Eduard tinha boas intenções, mas Matheo não acreditava que algo ou alguém poderia penetrar a barreira que ele havia construído ao redor de si.
O amor, para ele, era apenas uma distração, uma fraqueza. E Matheo Heiderick não tinha espaço para fraquezas em sua vida. Ele preferia o controle, a frieza, o poder que vinha de ser inalcançável.
E assim, naquela noite, ele foi dormir, acreditando firmemente que nada mudaria sua maneira de ver o mundo. Mal sabia ele que o destino, por vezes, tem formas curiosas de testar até as convicções mais profundas.
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Atualizado até capítulo 31
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