cigarro

— Beeeel~ — Ayla chama, cutucando meu braço incessantemente.

— O que você quer?! — resmungo, tentando focar no professor Demétrio que está na frente da sala.

A verdade é que minha mente está uma bagunça. Lucian está na minha aula novamente, e é impossível ignorar sua presença. Ele está sentado lá, parecendo despreocupado e totalmente no controle, enquanto o professor o usa como exemplo para todas as magias que parecem tão fáceis para ele.

— Eu tô entediada. — Ayla sussurra, fazendo uma careta. — Além disso, você tá muito estranha ultimamente.

— Eu estou bem, Ayla. — murmuro, tentando parecer convincente. Mas a lembrança do beijo de Lucian na festa e do homem estranho que me tocou de forma tão íntima na sacada está muito fresca na minha mente. É difícil me concentrar em qualquer coisa.

Ayla me observa por um momento, seus olhos avaliando minha expressão. Ela sabe que algo está acontecendo, mas antes que possa dizer qualquer coisa, o professor Demétrio chama a atenção de todos.

— Muito bem, turma. Hoje, vamos praticar uma magia de dominação das sombras. É uma técnica avançada, mas acredito que alguns de vocês possam ao menos conseguir um pequeno resultado. Lucian, você pode demonstrar?

Lucian se levanta, sua presença dominando a sala. Ele levanta uma mão e, com um simples movimento, sombras começam a se erguer do chão, dançando ao seu comando. É uma demonstração impressionante, e todos na sala estão hipnotizados.

— Agora, vamos ver vocês tentarem. — o professor diz, olhando diretamente para mim. — Mariybel, por que não começa?

Meu coração dispara. Sinto todos os olhares sobre mim, incluindo o de Lucian. Tento respirar fundo e focar na tarefa. Levanto a mão, tentando replicar o movimento que Lucian fez. Sinto a energia dentro de mim, mas é descontrolada e indisciplinada.

As sombras ao meu redor começam a se mover, mas de forma errática e instável. Elas tremem e se dispersam antes de conseguirem formar algo concreto. Suspiro, frustrada com minha falta de controle.

— Nada mal para uma primeira tentativa, Mariybel. Mas precisa melhorar se não quiser reprovar. — o professor Demétrio comenta. — Com prática, você pode melhorar.

Mas Lucian não diz nada. Ele apenas me observa com aqueles olhos intensos, um olhar que me faz lembrar de cada momento confuso e quente que tivemos. Sua presença é uma constante lembrança de que há algo muito maior em jogo aqui, algo que não posso controlar.

Depois da aula, Ayla me puxa para um canto.

— O que está acontecendo, Beel? Você parece tão distraída. — ela pergunta, genuinamente preocupada.

— É complicado, Ayla. — suspiro, tentando encontrar as palavras certas.

— Beel, você realmente tá uma bagunça hoje! — Ayla ri enquanto saímos da sala. — Parece que perdeu um pouco o controle da situação, mas não se preocupe, eu tô aqui pra te ajudar a dar a volta por cima.

— Eu só tô tentando processar tudo o que tá acontecendo. — digo, tentando manter o tom leve.

— Ah, não se preocupe tanto. — Ayla dá um tapinha no meu ombro. — Olha, eu tenho uma ideia. Vamos dar uma volta e tentar relaxar um pouco. A gente se vê umas pessoas legais por aí e se distrai. Quem sabe não encontramos algo divertido para fazer?

— Não sei se estou no clima para isso. — respondo, ainda um pouco desanimada.

— Vai ser divertido, prometo. E quem sabe a gente não encontra alguém interessante para nos fazer companhia. — Ela pisca e eu não posso evitar rir.

Enquanto caminhamos pelos corredores, Ayla parece estar em um estado de espírito contagiante. Ela para de repente e se vira para mim com um olhar malicioso.

— Aliás, você viu como o Osric tava gostoso hoje? — Ela faz uma expressão exagerada, com um sorriso largo. — O cara tava tão alinhado e com aquela expressão de “não me toque” que quase tive que me segurar para não saltar em cima dele.

— Não é bem o que eu tinha em mente. — digo, rindo da sua maneira dramática de falar sobre isso.

— Sério! — Ayla continua, com a mesma empolgação. — E eu nem vou falar da forma como ele se mexe. É como se ele soubesse exatamente o efeito que tem sobre os outros. Um verdadeiro espetáculo. E se ele tivesse me olhado por um segundo a mais, eu teria jogado meu charme todo para cima dele.

— Eu acho que você só gosta de causar um alvoroço. — brinco.

— E não é isso que faz a vida ser divertida? — Ela dá uma risada alta. — Além disso, se você não quer se distrair com as pessoas por aqui, eu posso garantir que há um monte de outras coisas interessantes para ver. Às vezes, só precisamos de um pouco de diversão para esquecer das preocupações.

Enquanto conversamos, ela me leva para um café onde encontramos alguns colegas, e o clima muda para algo mais leve. Ayla é um furacão de energia e, apesar de tudo, suas palavras e ações têm um jeito de me fazer sentir melhor. Ela é um contraste direto com a intensidade que eu sinto em relação a Lucian.

— Olha, não se deixe abater por tudo isso. — Ayla diz enquanto toma um gole de sua bebida. — Só aproveite um pouco. Às vezes, a melhor maneira de resolver nossos problemas é dar um passo para trás e relaxar um pouco. E se eu tiver que me tornar a sua fonte de diversão para isso, então assim será!

— Você realmente sabe como animar as pessoas. — digo, sorrindo.

— É meu talento especial. — Ayla pisca para mim. — Agora, vamos lá, porque eu ouvi que estão com um cigarro dos bons.

— A-ah, eu não fumo, Ayla. Vou ter que dispensar esse convite.

— Mas esse é do bom, vai te deixar leve, ele aprimora suas habilidades por um determinado tempo e melhor, ele não dá aquela queimação na sua garganta, você vai amar!

— Isso é uma droga, Ayla... — respondo de forma séria enquanto me viro em sua direção.

— É um anestésico e alucinógeno, Bel. Quanto drama. São feitos pelas putinhas mais fodidas do inferno. Elas costumam usar pra fazer uma coisa bem feito com os pauzudos.

— Não vou fumar isso! Eu não preciso, não vou fazer essas...essas coisas! — minhas bochechas estão queimando.

— Você é um pé no saco, me lembre de não te levar pra lugar nenhum da próxima vez... Bom, eu como uma boa amante de experimentos vou testar, e se caso eu fique louca você pode por favor me levar para meu quarto?

— Ah, claro. Qual é o seu mesmo?

— Você é a melhor amiga !

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