A picada

— Quem você acha que vai ficar contra o Lucian...? — ela sussurra em meu ouvido só para eu escutar já que estamos na sala cheia de alunos agora.

— Não sei, não falo ou conheço ninguém aqui... — encaro todos com desdém.

— Com certeza vai ser um bobão que não consegue nem dominar a magia direito. — ela diz sorrindo. — seria ainda mais engraçado se acontecesse o mesmo daqueles malditos filmes de romance onde a mocinha acaba caindo contra o vilão, a mocinha que me refiro é você.

— É, mas não estamos em um filme e eu não posso ser tão azarada assim... — falo baixo apenas para que ela me escute.

Lucian é o último a entrar na sala. Seu cabelo escuro escorre de forma charmosa em seu rosto. É um penteado e tamanho ousado para um homem, e definitivamente aquele tamanho de cabelo combina perfeitamente com ele, não consigo imagina-lo com o cabelo curto.

Também não consigo parar de imaginar o que aconteceu naquele corredor, próximo ao banheiro, na festa à noite.

Acaricio meu lábio, onde um incômodo se mostra há um tempo. Os movimentos bruscos que fiz deixou uma ferida em meu lábio que arde dolorosamente sempre que mexo a boca.

— Hoje morreu alguém, por que ninguém está dizendo nada? por que nenhuma autoridade do inferno ainda não apareceu para averiguar a cena do crime?

— Não tem nada de crime naquilo, bobinha. A garota só era depressiva e decidiu por um fim no seu drama depressivo. Os Custios são atarefados demais para descer por uma bobagem dessa.

Ela não parecia depressiva... Não quando jogou aquela bebida em mim e me disse todas aquelas coisas. Tem algo estranho.

Alguém que faz as coisas sem que ninguém duvide de sua inocência. Olho para Lucian.

Será que ele poderia ser o-

— Bom dia, seus diabinhos inúteis — Demétrio entra na sala mexendo suas mãos e fazendo com que sua magia se espalhe pela sala, recriando um novo ambiente apropriado para a aula de hoje. — Como todos sabem hoje a aula será prática e eu não pretendo pegar leve.

Você nunca pega leve.

— Será sorteado as pessoas com quem vão lutar e eu não aceito menos que ver um espancando o outro. Um dos dois vai ter que parar no chão. Não quero ver piedade, pena ou qualquer outro sentimento inúteis em seus malditos corações, eu quero sangue, quero que lutem como se a guerra entre o inferno e o céu estivesse acontecendo.

— E se eu matar alguém sem querer ? — Ayla levanta a mão enquanto pergunta sorrindo.

— Eu mato você junto. — responde sério, enquanto bate as palmas e sua magia nos envolve — vamos começar.

Sou levada para um canto e em seguida outra garota é carregada até próximo de mim. Ela é ruiva, olhos, azuis e magra.

Bem bonita, e eu espero que pelo menos em luta eu consiga ganhar, ou pelo menos tentar. Fui a vida toda ensinada a lidar com o corpo frágil feminino, todos meus irmão são homens, a linhagem da nossa família nunca possuiu uma única mulher, apenas eu, e foi por isso que em minha infância eu fui mais tortura que amada.

Minha família toda me odeia, sou uma desgraça.

— Comece por você. — Demétrio aponta em minha direção. — Estou cansado das suas falhas, quero que vença hoje ou tirarei pontos da turma toda por sua causa.

~ porra, fodeu...

~ Já era, essa garota vai perder essa luta e nós que vamos perder juntos.

Os sussurros se espalham e eu ando até o meio da sala, onde aconteceria a briga.

A garota se posiciona e eu também, ficando em posição de luta. Ela avança, levanta a perna e acerta a lateral de minhas costelas, eu caio no chão, segurando o local acertado enquanto grunho de dor.

— Não pare de bater ou eu tirarei o dobro de ponto — ele fala pra ela que rapidamente volta a tentar me atingir, mas eu desvio, rolando no chão e ficando de pé o mais rápido possível.

Rápido o suficiente para acertar seu queixo com um chute com toda minha força. A garota se desequilibra e cai e eu piso em sua barriga com força antes de sentar sobre ela e socar sua cara.

O sangue espirra, os gritos aumentam, estão todos excitados com a cena, mas eu só consigo me sentir mal pelo que eu estou fazendo.

— Uma pessoa sem magia não consegue ir muito longe. — a ruiva diz cuspindo sangue.

Seu corpo é envolvido por uma camada de magia negra e avermelhada, ela me derruba no chão e me segura pelo pescoço. Ela está usando a magia pra fortalecer sua força.

Gemo de dor enquanto o ar começa a faltar em meus pulmões, me debato, mas ela não me solta. Um desespero começa a me tomar enquanto minha vista começa a ficar turva. Agarro seu pulso com o máximo de força que eu consigo, mas já perdendo a consciência não escuto ou vejo nada.

— Mariybel, você conseguiu! — Ayla diz sorrindo enquanto me chacoalha.

— O-o que aconteceu... — quase não sai o som, mas ela consegue entender. Ela olha para o meu lado, onde a ruiva está caída, sua pele branca e seus pulsos com uma ferida estranha, quase como se fosse a picada de algum animal. Ao redor estava manchas pretas, como se fossem veias saindo do ponto da picada. A área ao redor estava quase em um tom preto, corroendo sua pele como se não fosse nada.

Demétrio usa sua magia para parar a evolução do que é que seja aquilo, mas não parece resolver de primeira, na verdade, só parece desacelerar o processo que ela toma em seu corpo.

— Não sabemos, ninguém viu o que aconteceu. Só sabemos que você fez algo e venceu antes de desmaiar. Parabéns sua virgem desgraçada — ela me segura e puxa para levantar. — Vou te levar para a enfermaria.

— M-mas e...a luta..?

— Você volta quando estiver melhor. Ainda tem muitas pessoas para lutar.

Olho para a minha mão,onde parece ter um enorme caminho, atravessando a minha palma e saindo para fora. É como se algo tivesse feito um caminho por dentro dos meus braços até sair para fora pela minha mão. O que é isso?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***