Paixão

Estou fumando um pouco quando Ayla pula em cima de mim, me abraçando calorosamente do jeitinho que só ela conseguia fazer. No começo, eu odiava tanto seus abraços e beijos em nossos momentos quentes escondidos em algum lugar. Agora, tudo que almejo é tudo que ela pode me dar, como o louco completamente apaixonado que sou por ela.

Aquela garota era louca, faltava alguns parafusos em sua cabecinha maquiavélica e isso me atraía tanto. Sempre fui o garoto malvado da história, e no começo eu só queria foder ela, era verdade, só a via como um delicioso buraco, mas agora tudo que desejo é que fuja para meu quarto todas as noites para que pelo menos por alguns momentos nós possamos esquentar um ao outro deliciosamente.

— Você já fez o que Lucian pediu? — pergunto, abraçando sua cintura e beijando seu pescoço. Ela treme e esconde seu rosto em meu pescoço.

— Você sabe que sim... — responde brava. — Vocês dois sempre fazem parecer como se eu não fizesse nada direito! Quando sempre faço o possível por vocês dois!

— Nós sabemos que faz tudo que pode, Ayla. É só que seu temperamento é sempre uma grande bomba onde não facilita muito as coisas.

— É o meu temperamento que sacia a porra do seu pau! — ela bate em meu peito. — Não esqueça quem eu sou, Osric. Não esqueça do poder que eu tenho pra acabar com você.

— Eu nunca esquecerei... — seguro sua mão, beijando-a e colocando em cima do meu peito. Se soubesse que tem meu coração.

Enterro meus dedos em seu cabelo, puxando alguns fios juntos enquanto me aproximo e beijo sua boca mais uma vez, deixando de lado o cigarro que até então estava em meus dedos. O gosto dela é uma mistura viciante de doçura e perigo, um sabor que nunca me canso de provar.

— E quanto a Lucian? — ela pergunta entre os beijos, sua voz carregada de preocupação. — Ele está de olho em tudo.

— Lucian não se importa com nossos jogos, Ayla. Ele tem coisas mais importantes para se preocupar. — respondo, embora saiba que há sempre uma parte de mim que teme a sombra dele. Ele é o futuro rei do inferno, afinal.

Ayla solta um suspiro frustrado, mas não se afasta. — Nós só precisamos ter cuidado. A última coisa que precisamos é que ele interfira.

— Então, vamos ser cuidadosos. — murmuro, beijando-a novamente, desejando que este momento dure para sempre.

Sou o futuro conselheiro e fiel amigo de Lucian. Tudo que ele menos deseja é que alguma coisa ou relação possa interferir em meus deveres. O que não vai acontecer. A paixão, a cama quente e o calor que aquela garota me trazia não atrapalhariam o meu destino e muito menos me impediriam de fazer minhas obrigações.

Se Lucian visse Ayla como um incômodo, eu teria que matá-la. E a cena traz um gosto amargo à minha boca.

Afasto esses pensamentos sombrios, focando na presença dela em meus braços. Ayla é tudo que eu desejo, mas meu dever para com Lucian sempre virá em primeiro lugar. Ele conta comigo para manter a ordem e a lealdade. Qualquer desvio seria imperdoável.

— Ayla, precisamos ser discretos. — sussurro contra seus lábios. — Nosso relacionamento não pode interferir no que eu devo fazer.

Ela olha nos meus olhos, entendendo a gravidade da situação. — Eu sei, Osric. Só... não se esqueça de que também sou leal a você. Sempre serei.

— Eu não esqueço. — murmuro, segurando-a com mais força, como se pudesse protegê-la de tudo, inclusive de Lucian.

Mas, por mais que eu queira manter Ayla segura, sei que a sombra de Lucian é inevitável. Ele é o futuro rei do inferno, e sua palavra é lei. Se ele decidir que Ayla é uma distração ou uma ameaça, não terei escolha. Essa realidade me assombra, mas também fortalece minha determinação de mantê-la longe de qualquer problema que possa atrair a ira de Lucian.

Afasto-me dela suavemente, precisando de um momento para clarear a mente. — Precisamos voltar à festa. Não podemos chamar atenção.

Ela assente, ajustando seu vestido e voltando a compor a expressão confiante e fria que todos conhecem. Seguimos juntos para o salão, onde a música e as conversas continuam. Tento focar no meu papel, observando as interações, atento a qualquer sinal de problema.

Lucian ainda está no seu canto, sua presença imponente. Sinto seu olhar sobre mim por um breve momento, um lembrete silencioso de onde minha lealdade deve estar. Respiro fundo, reafirmando minha decisão.

— Vou sair por um momento. Não se meta em problemas, Ayla — me despeço dela, que apenas confirma com a cabeça.

— Terminou o que estava fazendo, Osric ?

— Não era nada demais, Lucian. Estava apenas fumando um pouco e Ayla veio atrás de mim.

— Sem desculpas... — ele fala desinteressado. — Não me explique sobre seus casos. Não é a primeira vez que te vejo com alguma garota, eu ainda não sou rei, faça o que quiser contanto que não foda com os meus planos juntos.

— Tudo bem... Ah, você conseguiu o que queria ? — pergunto olhando para Mariybel correndo pela festa, esbarrando em todos antes de sair pela porta da frente.

— Consegui, ela é uma coisinha engraçada de se brincar. Isso só torna os joguinhos ainda melhores. Confesso que achei que seria entendiante, mas cada vez que abria a boca para falar algo me deixava ainda mais interessado. Ela vai ser minha.

— É uma plebeia, Lucian. Espero não precisar te lembrar de algo assim. O que acha que vão dizer caso acabe tendo casos com ela?

— E quem seria louco o suficiente para dizer? — ele levanta do sofá, ficando de frente pra mim. — Eu escolho o que quero, quando quero e quem quero, e eu quero ela. E você vai acabar com todos que forem contra isso.

— Sim. — abaixo um pouco a cabeça em confirmação.

— Inclusive... Algum ratinho decidiu achar que é muita coisa. — olho para a garota que dança na mesa. Osric se vira para olhar.

— Devo fazer algo, Lucian?

— Não, dessa vez serei eu a fazer. Uma vagabunda está precisando de uma boa lição para entender seu lugar.

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