A Teoria De Carlos E O MP3

"A TEORIA DE CARLOS E O MP3"

Alycia mal conseguia se concentrar na busca por suprimentos, pois tudo que ela queria realmente fazer, era voltar para o seu posto de vigia que era a cadeira ao lado da cama onde Alex dormia de forma profunda, algo que ela não entendia, a cada dia que se passava Alex se tornava um enigma para Alycia.

E um misto de sentimentos a mesma despertava em Alycia diferente de sua ex-namorada Joan que só lhe trazia aborrecimentos e um namoro conturbado, e é claro diferente de Victoria embora as duas não tivessem nada sério, ela não conseguia sentir nada além de amizade por ela por assim dizer.

Diferente da Alex que a cada dia que se passava despertava um sentimento novo, algo jamais sentido por ela. E isso a assustava e ao mesmo tempo a deixava fascinada, como alguém que ela mal conhece e trocou poucas palavras poderia despertar tantos sentimentos ao mesmo tempo.

E Amélia já desconfiava dos sentimentos da amiga antes mesmo dela começar a perceber, pela a mais jovem membro do grupo Alex, assim como o seu namorado Carlos que lhe dar uma cotovelada de leve em seu ombro ao ver Alycia vasculhando um dos cômodos da casa onde estão procurando por alimentos e remédios.

— Sabe amor eu tava pensando.

— Sobre o quê? – Amélia pergunta abrindo um dos armários na cozinha.

— Sobre a Alycia!

— O que tem ela?

Amélia fala olhando para o seu namorado que está sacudindo uma caixa de fósforo que ele havia achado.

— Eu tenho uma teoria.

Ele fala olhando para a porta da cozinha e não vendo ninguém ali ele continua a falar quando a Amélia pergunta.

— Que teoria amor?

Amélia pergunta já desconfiada sobre o que seja essa teoria de seu namorado com relação a sua amiga Alycia e a Alex.

— Não me leve a mal, mas a Alex dar de 10 a zero juntando a Joan e a Victoria.

— O que quer dizer com isso, amor?

— Eu não tô entendendo?

— Desenrola essa sua teoria.

– Não é óbvio! E imagino que você amor já deve ter sacado assim como eu.

— O quê?

Amélia pergunta já sabendo onde o seu namorado quer chegar com essa enrolação toda, já que ele é muito enrolado pra essas coisas.

— Que a Alycia tá afim da Alex.

— Porque acha isso? Afinal de contas elas mal se conhecem ou trocaram alguma palavra desde que chegamos alguns dias.

— Não é óbvio.

— É amor a primeira vista, assim como aconteceu com a gente.

— Que absurdo Carlos.

— Não, não é.

— Sabe se pararmos para pensar por um instante.

— Que se elas duas tivessem se conhecido no mundo antes do apocalipse zumbi, Alycia com certeza teria largado a Joan e nunca teria ficado com a Victoria se ela tivesse conhecido a Alex.

— Porque acha isso Carlos?

— Bom em primeiro lugar a Alex é o tipo da Alycia, em segundo lugar ela fez algo impressionante salvou Alycia daqueles zumbis.

— Algo que nenhum de nós esperava que ela fizesse, já que a mesma desmaiou ao se depara com apenas um zumbi aparentemente pela primeira vez, e quando a Alycia tava em perigo ela se superou e fez algo impossível até para a gente que até então, estamos acostumados a matar essas coisas.

— E número três a Alycia não sai do lado dela, como se quisesse ser o primeiro rosto que ela vai ver ao se acordar.

— Amor por acaso você já se perguntou que a Alycia apenas esteja agradecida pela a Alex ter feito o que fez.

— Sim, nos primeiros dias, pensei que fosse isso, mas agora não.

— Mas agora tenho certeza de que Alycia tenha sentimentos pela Alex.

— Mas acho que isso seria um grande problema.

— Por que Amor? – Carlos pergunta curioso ficando cada vez mais perto de sua namorada.

— Bom porque não sabemos do que a Alex gosta, já que a mesma está com amnésia.

— Ah, mais isso não é problema nenhum.

— Por que diz isso?

— Não é óbvio, o jeito que a Alex olhava para a Alycia.

— Não é por nada não, amor, mas a Alycia é uma gata.

— E a Alex não é de se jogar fora, ela só tá um pouquinho acabada agora pelo o que ela passou.

— E é claro que a minha intuição não falha.

— É sério que a sua intuição não falha.

— E semana passada?

— Semana passada, foi semana passada que já se passou.

— E não mude assunto, que eu sei muito bem que a senhorita já chegou nessa conclusão antes mesmo de mim.

— Sim, não é óbvio querido.

Amélia fala sorridente quando Carlos lhe puxa lhe dando um beijo casto.

— É sim querida.

Carlos fala se afastando um pouco dela que faz um expressão pensativa fazendo Carlos questionar.

— O que foi querida?

— E se estivermos errados, e a Alex for hétero, Aly vai ficar bem mal com isso.

— Duvido, vai por mim que tá na cara que as duas vão ficar juntas e finalmente a Alycia vai ser feliz como a gente é juntos.

— Espero que sim, pois não quero ver a minha amiga triste por aí.

Enquanto Amélia dar mais um beijo casto em seu namorado, Alycia procura por algo num quarto de um casal, onde ela repara no porta retrato em cima do criado mudo, a foto de um casal sorridente.

Ela senta na beira da cama pegando o porta retrato e fica observando em silêncio o casal feliz na foto, e por um instante Alex invade o seu pensamento, fazendo ela ver por um instante o casal da foto mudar se tornando elas duas.

Fazendo ela se assustar, e quase deixar o porta retrato cair de sua mão, ela rapidamente sacode a sua cabeça afastando tal pensamento, voltando a colocar o porta retrato em cima do criado mudo, onde ela abre a gaveta encontrando algo interessante.

Ela tira de lá de dentro da gaveta um mp3, Alycia sorrir vendo o pequeno aparelho, ela vai ligando o mesmo na esperança dele estar funcionando, e para a sua sorte o mp3 está.

Com cuidado, ela navega pelos menus até encontrar "Love is Love" do Culture Club, uma de suas músicas favoritas.

Ao ouvir a sua música favorita, Alycia tem uma ideia que talvez possa funcionar, e quem sabe trazer a Alex de seu sono profundo.

Após terminar de ouvir a sua música preferida, ela se levanta guardando o mp3, no bolso de sua jaqueta, então ela volta a vasculhar o lugar.

Enquanto isso Madeline, Carson, Eric, Daniel e Lucas, vasculham outras casas procurando por suprimentos e remédios.

Lucas e Daniel conversam distraídos procurando por algo, enquanto Madeline observa em silêncio o Dr. Carson que estar agindo de forma estranha ultimamente, e isso estar deixando ela inquieta.

Carson está tão distraído com os seus pensamentos que acaba deixando o seu bloco de anotações cair no chão, e Lucas acaba encontrando o mesmo, antes deles voltarem para o esconderijo, Lucas com certo receio folheia o pequeno bloco de anotações, vendo várias anotações que o doutor Carson fez sobre as tatuagens dos pulsos de Alex, e ele também observa um desenho estranho em uma das folhas, um símbolo que não fazia ideia de seu significado, pois só tem uma pessoa além do doutor Carson do grupo que sabe o seu significado, Madeline.

Após terminarem as buscas por suprimentos, achando poucas coisas, no final do dia, eles voltam para o esconderijo, com Alycia animada deixando todos, e inclusive Amélia e Carlos com a pulga atrás da orelha, com a sua estranha animação, já Daniel não deu muita importância para isso.

Com o mp3 em mãos, Alycia vai até o quarto onde Alex descansa, ela conecta os fones de ouvido e suavemente coloca-os nos ouvidos de Alex, ajustando o volume com cuidado. A melodia envolvente da música preenche o quarto, criando uma atmosfera íntima.

Alycia observa ansiosamente, esperando que a familiaridade da canção, quem sabe pode criar uma conexão emocional a ela, e quem sabe por alguma ironia do destino, ou não, pode ser a música preferida da Alex "Love is Love do culture Club".

E que essa canção possa ser o catalisador para despertar ela do seu sono profundo. O quarto é preenchido com a música nostálgica, e Alycia aguarda, esperançosa, por algum sinal de resposta de Alex.

Enquanto isso Lucas discretamente chama Madeline para um canto da casa e lhe pede um favor.

— Madeline, será que posso lhe pedir um favor?

— Claro, Lucas o que é?

Lucas respira fundo antes de começar a falar, explicando a ela desde o começo quando achou o bloco de anotações do Dr. Carson, achando estranho as suas anotações sobre as tatuagens dos pulsos da Alex, e principalmente sobre o símbolo estranho e sinistro que ele havia encontrado em uma das folhas.

Como algo estava lhe dando nos nervos por algum motivo que ele desconhece, não queria devolver o bloco para o doutor Carson, por isso ele estar pedindo esse favor para Madeline.

— Claro, Lucas pode deixar que entrego isso a ele.

Madeline fala gentilmente pegando o pequeno bloco de anotações, e logo em seguida dizendo para o mesmo ir descansar junto com os outros que depois ela chama eles para jantar.

Madeline espera ele se afastar para a mesma adentrar em seu quarto, para ter mais privacidade para ver as anotações do doutor Carson.

Madeline, folheia o bloco de anotações do Dr. Carson, ela fica perplexa ao encontrar referências ao símbolo da organização secreta "Sombra Alquímica."

Seus pensamentos se tornam uma intrincada teia de curiosidade e preocupação.

Madeline segura o bloco de anotações, sua expressão oscilando entre confusão e cautela. Ela observa o símbolo da "Sombra Alquímica", uma conexão surpreendente com um passado que ela preferiria esquecer. Seus olhos se fixam na anotação sobre as tatuagens nos pulsos de Alex, principalmente sobre uma pequena observação ou melhor uma dúvida.

Será que ela é a cobaia que eles estão procurando!?

Madeline (sussurrando para si mesma): Será que Alex é essa cobaia que eles procuram? Como o Dr. Carson sabe sobre a "Sombra Alquímica"?

São perguntas que ela precisa obter logo as suas respostas, para poder se preparar para o que vai vim por aí.

Enquanto isso Lucas vai até o quarto da Alex para ver como ela estava, se deparando com uma cena que ele não esperava ver.

Ele ver Alycia inclinada sobre o corpo da Alex na cama, Alycia fica observando a mesma por longos segundos, e ela está segurando um mp3. Onde elas dividem o fone de ouvido, e Alycia segura na mão dela, com a mesma falando baixo no pé do seu ouvido, mesmo assim ele consegue ouvir.

"Por favor, acorde logo, precisamos nos conhecer melhor!"

"Na verdade eu preciso conhecer você melhor".

Após dizer isso Alycia observa ela por longos segundos com ternura, e aproxima o seu rosto do dela o suficiente para depositar um beijo casto na sua bochecha, e em seguida Alycia fecha os seus olhos esperando que Alex acorde.

Observando a cena de longe, Lucas sente um aperto em seu coração sabendo que não tem chance nenhuma com a Alex, distraído ele não havia visto o seu irmão lhe observando ao lado com o mesmo comentando baixo.

— Lamento irmãozinho.

— Não, você não lamenta.

Lucas fala irônico olhando sério para o seu irmão que sorrir dizendo logo em seguida.

— Tem razão, não lamento.

— Mas sabe porque?

— Não, mas você vai dizer de todo jeito.

— Pois é irmãozinho, você tem o dedo podre para as mulheres, sempre se apaixona por aquelas que nunca vão sentir o mesmo por você.

— Pois é você tem razão.

— Sim, eu tenho, mas assim como os outros vocês nunca me escutam.

— Nem tanto Daniel.

— Bom de todo jeito você tá levando isso numa boa.

— Mas vai ter alguém que não vai gostar de nada disso.

— De quem você tá falando, a Joan não tá mais aqui.

— Bom ela não tá, mas a Victoria logo mais vai estar aqui.

— E não vai gostar de nada disso.

— Porque você diz isso.

— É sério?

— O quê?

— As vezes me pergunto se você se faz de sonso, ou já nasceu assim mesmo.

— Até parece que não somos irmãos gêmeos.

— O que quer dizer com isso?

— Bom irmãozinho indo direto ao ponto.

— É que a Alycia e a Victoria tinham um rolo, ou algo do tipo.

— Que pelo o visto não era nada sério para a Alycia, já para a Victoria.

— Quero é estar de camarote para ver a mesma surtando.

— Pena que não vou ter pipoca e nem refri para acompanhar.

— Nossa como você é infantil Daniel.

— Já você é um velho chato, Lucas.

— Sem senso de humor.

— Quer saber deixa isso pra lá, não é de nossa conta mesmo.

— Fale isso por si só.

Daniel fala se afastando do lugar com Lucas acompanhando o mesmo, até o quarto deles para descansar, agora percebendo a ficha cair.

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