CAPÍTULO 20

*** NICOLAS ***

Respiro fundo, resolvo falar sobre o meu relacionamento com a Nataly para Emma. Mas não tenho coragem de falar sobre o filho que ela carrega.

Enquanto falo vejo que ela escuta atentamente cada palavra minha, quando termino vejo que seus olhos estão cheios de lágrimas.

Nicolas: - Agora entende que você não me deve nenhuma explicação, que eu também tenho um relacionamento mau resolvido, que eu também tenho um passado.

Emma permanece em silêncio. Sua reação me apovora.

Nicolas: - Emma… fale alguma coisa…

Emma; - Obrigada Nicolas… você expor sua vida pessoal só para que eu me sentisse melhor, menos culpada.

Nicolas: - Não é só para que você se sinta melhor… é para te mostrar que eu também fui infiel a alguém. Mas aconteceu… não tivemos como evitar… e eu sei que você também tem sua história.

Emma: - Sim… eu tenho… e… e eu quero te contar. Por favor não me interrompa… deixe-me ir até o fim.

Concordo balançando a cabeça positivamente. Emma respira fundo e começa a falar, ela conta-me toda sua vida, sua infância ao lado dos pais, a morte deles, a luta para terminar os estudos, para conseguir o primeiro emprego, a aproximação de seu marido , o casamento e as traições, maus tratos e tudo que a levou a ter aquela atitude quando a conheci. Enquanto ela fala minha fisionomia vai mudando, quando ela fala-me do relacionamento com seu marido fecho os punhos revoltado com a forma que ele a trata.

Em vários momentos enxugo as lágrimas que caem pelo seu rosto. Estou em choque com tudo aquilo, nunca imaginei que Emma trouxesse tanta dor em seu coração.

Vou ficando revoltado, quando ela termina seu relato passo a mão pelo meu cabelo, um sentimento bem mais forte toma conta de mim nesse momento, sinto ódio desse homem que tanto a faz sofrer. Coloco a mãos de Emma entre as minhas, olho em seus olhos.

Nicolas; - Emma… eu te prometo… esse cara nunca mais vai te fazer sofrer…. Ele não vai tocar num fio de cabelo seu. Eu te prometo!

Vejo que Emma se surpreende com a minha atitude.

Nicolas: - Eu estou falando sério, se você não quiser ter mais nenhum contato com ele posso resolver tudo para você.

Ela acaricia a minha mão, vejo em seus olhos emocionados um olhar de gratidão.

Emma: - Eu irei cuidar disso, vou entrar com o pedido de divórcio assim que sair do hospital. Mas obrigada!

Nicolas: - Certo…. Mas não deixe de falar comigo caso precise.

Emma acena positivamente com a cabeça, o clima fica pesado… tenho uma ideia.

Nicolas: - Você já almoçou?!

Emma: - Ainda não!

Nicolas: - Aqui no hospital tem um restaurante, poderíamos almoçar juntos. O que você acha?

Emma dar um lindo sorriso mas não responde, seguro sua mão.

Nicolas: - E então…. Vamos?!

Emma: - Sim…. Vamos!

Emma pede para que espere um pouco, ela vai ao banheiro mas logo volta. Saímos em direção ao restaurante do hospital, coloco minha mão em suas costas e vou guiando Emma pelos corredores, do mesmo jeito que a guiei na primeira noite em que nos conhecemos. Em alguns minutos chegamos ao restaurante, nada sofisticado nem romântico, mas o suficiente para uma boa refeição.

Escolho um local mais afastado, logo um funcionário vem pegar nossos pedidos.

Emma fica em dúvida no que pedir, não entendo, ela para e me olha.

Emma: - Nicolas… posso comer uma massa?!

Estranho a pergunta, por que ela me pergunta o que pode comer?!

Nicolas: - Claro… pode pedir o que quiser Emma.

Emma sorrir e animada faz o pedido de uma massa, gosto do pedido e peço o mesmo para mim. Ela sorrir satisfeita com o meu pedido, não entendo, mas deixo passar. Por o restaurante ser dentro do hospital e a maioria dos frequentadores serem funcionários ou familiares de algum paciente, é bastante rotativo, muita gente anda de um lado para o outro, mas isso não nos incomoda, estamos focados um no outro.

Nicolas: - Está sentindo-se bem?

Emma: - Sim… será bom fazer uma refeição fora do quarto.

Nicolas: - Emma… por que me perguntou o que podia comer?!

Emma fica um pouco sem graça, vejo que minha pergunta a deixou desconfortável, ela coloca a mecha do seu cabelo atrás da orelha.

Nossos pratos chegam, e Emma foge da minha pergunta.

Emma: - Nossa… estava com saudades de comer uma boa massa.

Acho graça com o comentário dela, seu rosto está iluminado, seu lindo sorriso reflete um brilho, é estranho… algo tão simples, como um prato de massa trazer tanta alegria. Mas fico feliz em poder proporcionar esse momento para ela, e não insisto na minha pergunta, tento mudar de assunto.

Nicolas: - Já vi que você é fã de comida Italiana.

Emma: - Bastante, mas… não podia comer.

Nicolas: - Por que?!

Ela respira fundo.

Emma: - Willian, meu marido… Ele não gosta e sempre me criticava quando eu pedia. Então aos poucos fui desistindo de pedir.

Não acredito no que ela fala, até o que ela come ele se acha no direito de escolher. Seu olhar fica triste, não vou deixar que o traste do marido dela, mesmo a distância estrague esse momento.

Nicolas: - Eu sinto muito… mas ele não está aqui, eu adoro massa, então pode comer o quanto quiser.

Emma sorrir e começamos a comer, a conversa flui livremente, damos altas risadas, depois do primeiro prato pedimos mais um. Continuamos comer e conversar até que Emma para.

Emma: - Nicolas… para mim já está bom…eu estou estourando. Faz tempo que eu não me divertia tanto na hora do almoço sabia?

Apenas olho para ela, seu sorriso é encantador.

Emma: - Você… você tem sido o responsável pelos melhores momentos que tive em anos.

Não resisto… beijo suavemente seus lábios, ela corresponde, nosso beijo é doce mas intenso. Por um minuto esquecemos do lugar onde estamos. Quando nos afastamos fico um pouco sem jeito, não sei se agi certo.

Nicolas: - Desculpa Emma… eu não devia…

Emma: - Tudo bem… eu também quis!

Acaricio o seu rosto, ela fecha os olhos ao meu toque. Sinto meu corpo esquentar.

Emma: - Acho melhor eu voltar para o meu quarto…

Nicolas: - Eu te levo.

Peço a conta, depois saímos do restaurante, andamos um pouco pelo jardim continuamos conversando até chegarmos à porta do quarto de Emma.

Emma: - Obrigada Nicolas… pelas flores, pelo almoço, pelo passeio e principalmente… pelo companhia.

Nicolas: - Eu que agradeço Emma.

Dou um beijo carinhoso em seu rosto, nos despedimos e Emma entra. Respiro fundo, minha vontade é de pular e gritar de alegria, mas estou em um hospital, contenho meu impulso e vou embora.

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