Miranda Modesty?

Ao ouvir o nome completo dela, Percy parou abruptamente, a expressão em seu rosto refletindo uma surpresa genuína e um toque de apreensão.

— Miranda Modesty? — perguntou ele, quase em um sussurro, sua voz carregada de incredulidade. — Filha de Dominique Modesty?

Miranda assentiu levemente, notando a reação de Percy. Era evidente que o nome de sua família, com todo o seu prestígio e influência, não era desconhecido para ele.

— Sim, sou eu mesma. — respondeu ela, com um sorriso tímido, ainda tentando compreender a razão de sua surpresa.

Percy permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar examinando Miranda com uma nova perspectiva, como se a estivesse redescobrindo à luz dessa revelação. Ele finalmente quebrou o silêncio, a voz carregada de um respeito renovado.

— Confesso que estou surpreso, senhorita Modesty. — disse ele, com uma mesura cortês. — Os Modesty são conhecidos não apenas por sua opulência, mas também pela influência que exercem na sociedade. É raro encontrar alguém de tal linhagem fora do círculo usual de convenções.

Miranda sentiu um leve desconforto com a menção da influência de sua família. Estava habituada aos elogios e às referências ao poder dos Modesty, mas aquilo sempre lhe trazia uma sensação de aprisionamento, como se sua identidade estivesse eternamente atrelada ao nome que carregava.

— Meu nome parece carregar mais peso do que eu gostaria. — comentou ela, com uma tristeza velada em sua voz. — Às vezes, sinto que sou uma prisioneira das expectativas e das obrigações que meu sobrenome impõe.

Percy, percebendo a melancolia de Miranda, inclinou a cabeça em um gesto de empatia.

— Compreendo teu dilema. — disse ele suavemente. — A fama e a riqueza podem ser tanto uma bênção quanto um fardo. Muitas vezes, obscurecem nossa verdadeira essência e as escolhas que desejamos fazer.

Miranda sentiu-se reconfortada pela compreensão de Percy. Era raro encontrar alguém que, além de notar o prestígio de sua família, também entendesse os desafios pessoais que isso trazia.

— É exatamente assim que me sinto. — confessou ela, com um brilho de esperança nos olhos. — Desejo encontrar um caminho onde minhas escolhas sejam respeitadas, onde eu possa viver minha própria vida sem as correntes das convenções sociais.

Percy sorriu para ela, um sorriso que irradiava compreensão e respeito.

— Talvez estejamos destinados a buscar essa liberdade juntos. — sugeriu ele, com uma promessa implícita em seu tom. — Eu também anseio por algo mais na vida, algo além das aparências e dos deveres impostos pela sociedade.

Miranda sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir essas palavras. Era como se, pela primeira vez, alguém entendesse profundamente suas aspirações e seus temores. Ela começou a acreditar que o encontro com Percy poderia ser mais do que uma simples coincidência.

— E o que você procura, senhor Philip? — perguntou ela, sua voz suave e curiosa, ansiosa por saber mais sobre o homem que, em tão pouco tempo, havia acendido uma nova chama de esperança em seu coração.

Percy refletiu por um momento, o olhar fixo no céu estrelado além das janelas do salão.

— Busco um propósito que vá além da fortuna e do status. — respondeu ele, com uma sinceridade que tocou Miranda profundamente. — Algo que me faça sentir verdadeiramente vivo, que me conecte com o mundo de uma maneira mais autêntica e significativa. E, talvez, alguém com quem eu possa compartilhar essa jornada.

Miranda ficou admirada com a profundidade das palavras de Percy. Ele era diferente dos homens que ela conhecera, que geralmente estavam mais interessados em suas posses e títulos do que em suas verdadeiras aspirações.

— Eu também desejo isso. — disse ela, com um sorriso que refletia sua determinação renovada. — Quero encontrar meu próprio caminho, viver minha própria vida.

Percy olhou-a com uma intensidade que fez Miranda sentir-se como se ele estivesse vendo diretamente sua alma.

Miranda estava prestes a continuar a falar, mas, naquele momento, a música no salão mudou, e os primeiros acordes de uma valsa suave e melancólica encheram o ambiente. O murmúrio dos convidados se intensificou, e todos os olhares se voltaram para a pista de dança.

Eduardo, que estivera observando de longe com uma expressão de crescente descontentamento, viu a oportunidade de agir. Ele se aproximou de Miranda e Percy com passos decididos, sua postura impecável e o semblante determinado a não deixar dúvidas sobre suas intenções.

— Senhorita Modesty, poderia conceder-me a honra desta última dança? — disse Eduardo, sua voz polida e formal, mas com uma autoridade que não admitia recusa. — Considerando que nosso compromisso está selado, acredito que seja apropriado marcarmos este momento com uma dança em sinal de nossa futura união.

Miranda sentiu uma onda de apreensão ao ouvir as palavras de Eduardo. O peso das expectativas sociais e a pressão de seu compromisso com ele caíram sobre seus ombros como uma carga pesada. Olhou para Percy, que a observava com uma expressão de compreensão e uma leve tristeza, ciente de que não podia interferir em um compromisso tão sério.

— Certamente, senhor Cavalcanti. — respondeu Miranda, com uma voz suave e controlada, tentando esconder sua hesitação. — Será uma honra dançar com o senhor.

Com um suspiro quase imperceptível, ela soltou a mão de Percy e tomou o braço de Eduardo, que a conduziu para o centro do salão. A música suave envolveu o ambiente, e os olhares dos convidados se fixaram no casal, esperando ver o símbolo de uma união que prometia fortalecer ainda mais os laços entre duas das famílias mais influentes da sociedade.

Percy observou de longe, seus olhos nunca deixando a figura graciosa de Miranda enquanto ela dançava com Eduardo. Havia uma tristeza contida em seu olhar, mas também uma determinação silenciosa. Ele sabia que não podia lutar contra as convenções sociais naquele momento, mas estava decidido a ser um apoio discreto para Miranda, respeitando o espaço que a situação exigia.

Enquanto dançava com Eduardo, Miranda sentiu o peso das expectativas e das responsabilidades caírem sobre ela como um manto opressor. Embora os movimentos da dança fossem fluidos e graciosos, seu coração estava inquieto, ansiando por uma liberdade que parecia cada vez mais distante.

— Senhorita Modesty, nossa união será uma aliança poderosa. — disse Eduardo, com um tom que misturava orgulho e expectativa. — Espero que compreenda a honra e a responsabilidade que esta posição trará para ambos.

Miranda sorriu educadamente, mas suas palavras ecoaram em sua mente, lembrando-a da prisão dourada que sua vida estava se tornando. Seu olhar, porém, buscava discretamente Percy, como se procurasse um raio de esperança em meio à escuridão de suas obrigações.

A valsa chegou ao fim, e Eduardo a conduziu de volta ao lugar de onde haviam partido, com um sorriso satisfeito e um olhar de triunfo. Os convidados aplaudiram educadamente, e Miranda fez uma leve reverência, agradecendo as palavras elogiosas e os olhares admirados, mas seu coração estava voltado para algo mais profundo e verdadeiro.

Percy, observando o desenrolar da situação, percebeu o dilema interno de Miranda. Aproximou-se dela novamente, mantendo uma postura respeitosa, mas com uma determinação visível em seus olhos.

— Espero que encontre a felicidade que merece, senhorita Modesty. — disse ele, sua voz suave, mas carregada de uma gentileza sincera. — Sei que o peso das expectativas pode ser grande, mas desejo que consiga encontrar um caminho que traga paz ao seu coração.

Miranda olhou para Percy, sentindo uma mistura de gratidão e esperança. As palavras dele, embora simples, foram como um bálsamo para suas inquietações. Havia algo reconfortante no jeito de Percy, uma compreensão silenciosa que a fazia sentir-se menos sozinha em seu dilema.

— Agradeço por suas palavras, senhor Philip. — respondeu ela, com um sorriso sincero. — Elas são mais valiosas para mim do que pode imaginar.

Com isso, Miranda se retirou para um canto mais tranquilo do salão, buscando um momento de paz e reflexão. Eduardo, satisfeito com o resultado da noite, se afastou para cumprimentar outros convidados, seguro de que sua posição ao lado de Miranda estava assegurada.

Enquanto a noite continuava, Miranda olhou para o céu estrelado através das janelas do salão, sentindo que, embora seu futuro estivesse cheio de incertezas, havia uma nova chama de esperança em seu coração. Ela sabia que o caminho à sua frente não seria fácil, mas a presença de Percy naqueles breves momentos havia-lhe proporcionado um vislumbre de apoio e compreensão, algo que ela ansiava profundamente.

E assim, sob as estrelas cintilantes e a música suave, Miranda se permitiu sonhar com um futuro onde poderia ser verdadeiramente livre, onde suas escolhas seriam guiadas por seu próprio coração e não pelas imposições externas. E, nesse sonho, Percy era uma figura tranquilizadora, alguém que, de alguma forma, compreendia a profundidade de sua busca por autenticidade e liberdade.

A música continuava a preencher o salão, e Miranda sabia que a jornada para encontrar sua verdadeira voz e liberdade acabava de começar. Haveria desafios e obstáculos, mas agora ela tinha uma nova esperança e uma determinação renovada para seguir em frente. E, com cada passo que dava, a presença silenciosa de Percy, mesmo à distância, era um lembrete constante de que ela não estava sozinha em sua busca por um futuro mais verdadeiro e significativo.

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Comments

Lúpulo

Lúpulo

Meu senhor! Que cenas, que cenas meus rapazes. /Applaud//Applaud/

2024-06-26

1

Lúpulo

Lúpulo

/Shy//Shy/ Ele parece ser tão fofo

2024-06-26

1

Yang

Yang

Eu tive uma leitura maravilhosa!

2024-06-25

2

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