Encontro sob o luar

Ao contemplar o reflexo das estrelas na água, Miranda se perguntou se estava destinada a seguir o caminho que seus pais tinham traçado para ela. A ideia de se casar com Eduardo Cavalcanti, um homem de vasta fortuna e influência, a deixava inquieta. Embora ele fosse um excelente partido, Miranda não conseguia se livrar da sensação de que sua vida com ele seria marcada por uma conformidade sufocante e uma perda de liberdade.

Após alguns minutos de reflexão, Miranda decidiu que era hora de voltar ao salão. O som distante da música e das risadas soava como um lembrete persistente de seu dever social. Com um último olhar melancólico para a fonte, ela se dirigiu para a entrada principal, onde as luzes brilhantes e a animação do baile a esperavam.

Ao entrar no salão, seus olhos rapidamente encontraram Eduardo, que estava se destacando em meio aos convidados com sua postura altiva e olhar determinado. Ele parecia estar à sua procura, e Miranda sabia que ele não demoraria a encontrá-la. Sentindo-se encurralada, procurou uma maneira de escapar da situação, desejando evitar a inevitável dança que Eduardo sem dúvida exigiria.

Com passos rápidos e furtivos, Miranda moveu-se através da multidão, procurando uma rota de fuga. Suas mãos tremiam levemente enquanto ela tentava, em vão, evitar o olhar penetrante de Eduardo, que agora a havia avistado e estava se dirigindo a ela com passos firmes. A música ao fundo, que antes parecia suave, agora soava como um prelúdio da inevitável confrontação.

Quando Eduardo estava a apenas alguns passos de distância, Miranda, em sua tentativa desesperada de evitar o encontro, esbarrou em alguém. O impacto foi inesperado, e ela quase perdeu o equilíbrio. Ao levantar os olhos, encontrou-se cara a cara com um jovem desconhecido. Ele era alto, de cabelos castanhos ondulados e olhos azuis que refletiam uma curiosidade gentil. O choque inicial transformou-se em um misto de alívio e surpresa.

— Perdoe-me, senhorita. — disse o jovem, com uma reverência cortês e um sorriso que revelava um toque de divertimento. — Não era minha intenção interpor-me em teu caminho.

Miranda, ainda um pouco atordoada pela colisão, esforçou-se para recuperar a compostura e esconder seu nervosismo.

— Foi apenas um acidente, senhor. — respondeu ela, com um sorriso tímido. — Eu deveria ter prestado mais atenção ao meu redor.

Eduardo, percebendo que havia perdido a chance de encontrar Miranda imediatamente, parou e observou a cena de longe, sua expressão demonstrando frustração e determinação renovada em encontrá-la.

— Permita-me recompensar meu descuido com uma dança. — propôs o desconhecido, com um sorriso caloroso e convidativo. — Seria uma honra conduzi-la pelo salão.

Miranda, ainda procurando uma maneira de evitar Eduardo, aceitou o convite com alívio. Sentia que precisava de um momento de respiro, uma oportunidade para se afastar da pressão constante que a cercava.

— Será um prazer. — respondeu ela, aceitando a mão estendida do jovem.

Juntos, eles caminharam em direção à pista de dança, onde a música tocava uma melodia suave e envolvente. O jovem a conduziu com uma destreza graciosa, e Miranda logo se viu imersa nos movimentos da dança, esquecendo por um momento as preocupações que a atormentavam. Havia algo reconfortante na maneira como ele a guiava, uma segurança tranquila que contrastava com a tempestade interna que ela enfrentava.

Enquanto dançavam, Miranda sentia-se mais leve, como se um fardo tivesse sido temporariamente retirado de seus ombros. A atmosfera ao seu redor parecia mais brilhante, e a música, antes opressiva, agora a envolvia em um abraço reconfortante. O jovem, com sua presença serena e sorriso acolhedor, parecia compreender seu estado de espírito sem necessidade de palavras.

A música chegou ao fim, e Miranda fez uma leve reverência, agradecendo pela dança. Antes que pudessem se afastar, o jovem inclinou-se levemente para falar com Miranda, sua voz baixa e cheia de suavidade.

— Sou Percy Philip. Não gostaria de ser importuno, mas sinto que este encontro não foi meramente obra do acaso. — disse ele, com um brilho de interesse nos olhos.

Miranda olhou para ele, surpresa pela sinceridade e pela intensidade de suas palavras. Havia uma conexão inexplicável entre eles, uma sensação de que talvez o destino tivesse mesmo intervindo em seu favor naquela noite.

Ela sorriu, sentindo uma chama de esperança aquecer seu coração.

— Meu nome é Miranda Modesty, e devo confessar que, por um instante, acreditei que o acaso fosse meu aliado. — respondeu ela, com um olhar determinado, percebendo que aquela noite poderia marcar o início de uma mudança significativa em sua vida.

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Comments

Lúpulo

Lúpulo

Aiii

2024-06-26

1

Lúpulo

Lúpulo

/Blush//Blush/

2024-06-26

1

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