Capítulo 14

Cheguei ao escritório do meu advogado Carlos, sentindo um misto de nervosismo e determinação. Assim que entrei, avistei Carlos esperando por mim.

Arthur: Bom dia, Carlos.

Carlos: Bom dia, Arthur, está preparado?

Arthur: Como nunca estive, mas ao mesmo tempo não queria ver ela novamente.

Carlos: Entendo, Arthur. Mas é importante que você mantenha a calma.

A última coisa que eu queria era reviver os momentos difíceis que nos levaram até aqui, mas sabia que era necessário.

Seguimos para a sala e nos sentamos.

Carlos: A Naomi chega em breve.

Uns minutos se passaram e eu cheguei a pensar que ela não viria.

Carlos: Fui notificado de que a Naomi e o advogado dela acabaram de passar pela portaria.

Arthur: Chegou a hora de encerrar essa história ou dar início a uma guerra judicial. Seja lá o que for, estou pronto.

Olho para meu advogado, esperando que ele me transmita alguma segurança, mas sei que a decisão não está nas nossas mãos.

A porta se abre e Naomi entra, vestida elegantemente. Seu olhar é intenso enquanto se dirige a mim.

Naomi: Arthur, por favor, podemos conversar antes de começarmos? Eu preciso que você me ouça.

Mantenho a expressão impassível e me recuso a olhar para ela.

Arthur: Não quero conversar, Naomi. Estamos aqui para resolver isso através dos documentos.

Ela franze o cenho, visivelmente irritada.

Naomi: Você não pode simplesmente me ignorar assim! Nós tivemos uma vida juntos!

Arthur: A vida que você destruiu com suas mentiras e traições?

Naomi se aproxima, sua voz se torna suplicante.

Naomi: Meu amor, eu fiz escolhas erradas, mas eu estava desesperada com você naquele hospital, foi um momento de fraqueza! Você não pode simplesmente me deixar! O que fiz foi um erro idiota! Eu sou a sua mulher, Arthur…

Arthur: Você não tem mais posto de nada na minha vida. O que você fez foi imperdoável, eu só consigo sentir nojo de você. Vamos tratar dos papéis, isso é o que me interessa agora.

Ela se vira para seu advogado, que tenta intervir.

Advogado de Naomi: Vamos aos documentos então. Precisamos discutir os termos do divórcio antes de assinar qualquer coisa.

Naomi folheia os papéis e seu semblante muda rapidamente ao perceber o conteúdo.

Naomi: O que é isso? Eu não vou assinar de forma alguma! Isso é um absurdo!

Arthur: É o que você merece, Naomi. Você traiu minha confiança e agora quer sair disso com o bolso cheio?

A fúria dela explode e ela bate as mãos na mesa.

Naomi: Você não pode fazer isso comigo! Eu sou a mulher que esteve ao seu lado durante os momentos difíceis… O que eu fiz foi um erro estúpido no qual eu me arrependo e muito!

Meu advogado se levanta, interrompendo-a com firmeza.

Carlos: Erro estúpido? Com todo respeito, senhora, as evidências são claras. Além da traição, sabemos que o filho que você esperava era do irmão do meu cliente, além da tentativa de acabar com a vida dele com as trocas de remédios.

Naomi parece atordoada por um momento antes de gritar.

Naomi: Isso é mentira! Vocês estão mentindo! Não posso acreditar que você está fazendo isso comigo! Acreditou tão fácil no que o seu irmão disse, ele me seduziu, Arthur! Eu não vou deixar isso barato, eu tenho direitos como sua ex-esposa, no mínimo a casa e 30% de tudo.

A determinação em meu olhar permanece inabalável.

Arthur: Se é guerra que você quer, então será guerra que teremos. Não abrirei mão de nada do que construí até aqui. Quando você chegou na minha vida eu já era muito rico, nasci rico. E quanto a você? Nunca me ajudou com nada, nem mesmo quis terminar a faculdade que eu pagava. Se estava comigo por amor, porque não assina logo esses papéis e prova de uma vez que nunca foi por interesse? Assina, Naomi.

Ela junta as mãos com seus olhos cheios de lágrimas e desespero.

Naomi: Por favor, Arthur! Eu imploro! Não faça isso! Nós podemos consertar as coisas! Eu amo você mais que tudo!

Balanço a cabeça em negação.

Arthur: Não há nada para consertar. Você destruiu tudo quando decidiu trair minha confiança, ainda por cima tentou me matar! Qual era o plano? Ficar com ele assim que eu morresse?

Naomi se levanta abruptamente, olhando para mim com desdém e raiva contida.

Naomi: Eu vou recorrer disso! Você não vai conseguir me deixar sem nada! Vou lutar por cada centavo que tenho direito! Já que está dispensando o meu amor, também não vou sair de mãos vazias.

Ela sai da sala com seu advogado ao lado, deixando-me sozinho com meu advogado.

Carlos: Você está preparado para o que vem pela frente? Ela deixou mais que claro que não irá se render.

Respiro fundo e aceno com a cabeça, determinado.

Arthur: Vamos até o fim. É hora de finalmente colocar um ponto final nessa história e me livrar dessa mulher de uma vez por todas.

...Uma hora depois…...

Após aquela conversa tensa no escritório do meu advogado. Ele e eu estávamos a caminho da minha casa.

Arthur: Antes de chegarmos, preciso avisar que não se assuste quando ver a Lis. Ela... ela foi agredida pelo ex-marido e está machucada, mas logo ficará bem, um médico foi vê-la ontem.

Carlos: Arthur, onde está se metendo? Sinto o cheiro de problema de longe.

Arthur: Não se preocupe com isso. Ele está sendo procurado pela polícia de Boston. Além disso, contratei um detetive para uma busca individual. Ele não irá se aproximar e nem tem como saber onde elas estão.

Carlos: Elas?

Arthur: Ela tem uma filhinha, se chama Alice.

Carlos arrumou o óculos ainda mais preocupado.

Carlos: Eu entendo sua vontade de ajudar, mas isso é arriscado. Meu trabalho é cuidar dos trâmites legais para que a moça possa assinar os papéis e garantir que, quando ela tiver o bebê, vai realmente embora e deixará você com o seu filho… mas eu não posso deixar de te aconselhar, essa mulher chegou com uma bagagem de problemas… E ela é mãe, já pensou se não quiser cumprir com o combinado?

Arthur: Ela irá cumprir. O que a Lis mais quer, é um futuro para ela e para a filha, longe desse ex tóxico. É por isso que quero tanto ajudar. Assim, ela realizará meu sonho de ser pai e eu vou dar todo o suporte financeiro necessário para que ela seja feliz com a filha dela. E o meu filho crescerá com amor e carinho.

Carlos suspirou, percebendo minha determinação inabalável.

Carlos: Prefiro não opinar mais sobre isso. Apenas saiba que as coisas podem ser complicadas.

Apenas acenei com a cabeça, sem desviar do meu objetivo. Chegamos à minha casa e eu estacionei, descemos do carro e seguimos para a entrada.

Ao abrir a porta, o cheiro do jantar caseiro preencheu o ar. Entramos e eu vi Lis e Alice no sofá. Alice se levantou imediatamente para me abraçar.

Alice: Tio Arthur!

Sorrindo amplamente, me abaixei para pegá-la nos braços, envolvendo-a em um abraço apertado.

Arthur: Oi pequena, como você está?

Alice: Eu estou muito bem!

Lis se levantou do sofá para nos cumprimentar, mas ao fazer isso, notei Carlos parado na entrada da sala, boquiaberto ao ver o rosto machucado de Lis.

Lis: Oi, Arthur... Olá, senhor...

Percebi a expressão chocada do meu advogado e rapidamente tentei quebrar o gelo.

Arthur: Lis, está tudo bem? Como você está se sentindo?

Ela forçou um sorriso enquanto tentava esconder a vergonha pelos olhares de Carlos.

Lis: Estou ótima e você?

Arthur: Estou ótimo, obrigado por perguntar.

Carlos finalmente recuperou o fôlego e se aproximou lentamente.

Carlos: Olá, bom dia…

Lis balançou levemente a cabeça.

Lis: Bom dia.

Alice: Bom dia!

Arthur: Lis, esse é meu advogado, o Carlos.

Eles se cumprimentaram.

Lis: Muito prazer, Lisandra.

Carlos: O prazer é todo meu, senhorita.

O clima estava um pouco melhor agora.

Digo que vou deixar a Alice com a Lia e levo ela. Aproveito para pedir que levem café para a Lis, para o Carlos e para mim no meu escritório. Na volta, chamo os dois e seguimos pra lá.

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