Capítulo 12

Arthur: Senta, me conta o que aconteceu.

Puxo a cadeira para ela se sentar e vou para a minha poltrona.

Arthur: Foi ele quem fez isso com você, não foi?

Ela balança a cabeça.

Lis: Eu não quero mais apanhar dele, Arthur. Nunca mais… Eu jurei à Alice que isso não ia acontecer de novo, e acabou acontecendo… Estou tão mal. Se a polícia não chegasse a tempo, ele teria nos levado.

Arthur: Não consigo imaginar o que vocês passaram. Esse cara é um desgraçado, ele deveria ser preso e nunca mais sair da prisão! Mas como ele te encontrou?

Lis: Eu não sei... Eu o vi na rodoviária. Ele provavelmente estava esperando eu sair de um dos ônibus, mas eu peguei um táxi e tinha certeza de que ele não me tinha visto...

Arthur: Lis, assim que você o viu, deveria ter me ligado. Eu ia te buscar.

Lis: A Alice deixou o celular no ônibus, então decidi seguir para a casa da minha amiga... Lá eu soube que ela se mudou há um ano, agora a casa tem outra moradora.

Arthur: O que você fez ao ir pra lá sem ao menos conseguir falar com ela antes foi um tiro no escuro.

Lis: Eu sei, Arthur, mas se coloque no meu lugar… Estou sozinha com a Alice, tinha que fazer algo.

Arthur: E como esse desgraçado chegou até vocês?

Lis: Eu não sei... Estávamos no hotel e ele chegou de carro, muito furioso.

Contei toda a história para ele.

Arthur: Se você me disser o nome completo dele e os lugares que ele frequenta, eu te juro que passo tudo para um amigo detetive e ele descobre bem rápido onde esse desgraçado está.

Lis: Eu não quero te meter nisso, Arthur... O Marlon tem muitos contatos perigosos e pode tentar fazer algo de mal com você. Eu não me perdoaria…

Arthur: E você acha que esse cara me intimida? Eu não tenho medo daquele babaca, Lis. Você mesma viu como ele foi um covarde com você, mas saiu com o rabinho entre as pernas quando eu dei um soco nele.

Lis: Agradeço por querer me ajudar, Arthur, mas isso a polícia vai resolver… Não quero que manche sua imagem e você nem tem obrigação de fazer nada por mim, já fez muito.

Arthur: O que ele fez com você não ficará barato. Esse tipo de homem merece o pior fim… Ele não pensa nem na filha?

Lis: Não, ele não está nem aí… A Alice tem muito medo dele, como você viu, ela fica achando que também vai apanhar, ou que vai ser levada embora.

Arthur: Enquanto estiverem comigo, eu garanto a segurança de vocês.

Lis: Obrigada, Arthur… E você sabe que isso não será em troca de nada. Como eu te disse, pensei melhor e sei que o Marlon será preso e solto depois de um tempo. Não posso mais correr o risco dele nos encontrar porque, dessa vez, ele me mata. E sabe lá Deus o que pode acontecer com a minha filha… Então tomei essa decisão, Arthur… eu terei o seu filho… Depois eu irei para bem longe com a Alice, onde o Marlon não possa nos encontrar.

Arthur: Lis, eu sei que insisti muito para você fazer isso porque, como te disse, te acho a pessoa ideal… Mas não quero que você faça isso se estiver sendo obrigada pela situação.

Lis: Arthur, eu prometi a mim mesma ontem que não quero mais passar por aquilo… Você não sabe a dor que estou sentindo. E não estou falando desse olho roxo ou desses machucados… é a dor da alma, Arthur. Eu sei que o que estou passando são consequências das escolhas erradas que fiz. Eu deveria ter seguido os conselhos do meu pai… Mas agora já estou nessa situação e só penso que não posso deixar a Alice viver assim, ela não tem culpa de nada, ela não merece isso…

Ela chora e eu levanto para ir até ela. Lis se levanta e eu seguro suas mãos.

Arthur: Você também não merece isso, na verdade, nenhuma mulher merece isso, Lis. Eu garanto que sua filha e você estarão seguras aqui comigo. Ele não chegará perto de vocês. Também vou te ajudar a ir para longe quando tudo isso acabar, eu prometo.

Lis: Por que você é tão bom?

Arthur: Eu não sou bom.

Lis: Claro que é! Você só tem me ajudado muito.

Arthur: E eu não poderia fazer menos. Você é uma mãe solo que batalha para cuidar da sua filha e eu sou um homem solitário que quer um herdeiro. Você me dará o que eu quero e eu te ajudarei em troca.

Lis: Depois que isso terminar, vou deixar o bebê sem um pingo de medo. Sei que será um ótimo pai.

Arthur: Obrigado, Lis.

Nos abraçamos.

Quando saímos do escritório, a Alice estava almoçando. Deixo a Lis com ela na cozinha e aviso à Lia que é para recepcioná-las muito bem. Me despeço delas e vou para o carro. No caminho, ligo para o médico da família e peço que ele vá até a minha casa. Depois disso, sigo para a empresa.

- Senhor Medeiros, estão esperando na sala de reunião há quase meia hora.

Eu havia esquecido dessa reunião. Desvio da minha sala e vou direto para lá. Não consigo prestar atenção ou falar sobre tudo que havia planejado para essa reunião, só consigo pensar na Lis toda machucada. Como um homem é capaz de fazer isso com uma mulher? Uma mulher frágil e ainda por cima mãe da filha dele.

- Arthur?

Volto a atenção para a reunião.

Arthur: Me desculpem. O que vocês disseram?

Após a reunião, vou para a minha sala e ligo para um velho amigo.

📲 Arthur: Anthony?

Havia muito barulho ao fundo e eu não conseguia escutar direito o que ele falava; parecia uma criança chorando.

📲 Anthony: Fala, Arthur! Qual é a da vez?

📲 Arthur: Anthony, eu preciso muito descobrir quem é um cara… ele está sendo procurado pela polícia por agressão à ex-mulher. O nome dele é Marlon, e ele foi visto pela última vez em Boston.

📲 Anthony: Tem mais alguma informação?

Passo tudo que sei para o Anthony e, após encerrar a ligação, me preparo para voltar para casa.

...Lis narrando…...

Depois do almoço, a Alice e eu fomos para o quarto tomar banho. Deixei ela dormindo e em seguida a Lia veio me chamar. Era um médico que o Arthur havia enviado. Os policiais até queriam que eu fosse ao hospital, mas eu não quis ir, só que agora não vou negar a ajuda do Arthur, ele chamou um médico pra me atender em casa, isso deve ter custado uma fortuna.

O médico receitou algumas medicações para a dor e fez algumas recomendações para ajudar a curar o olho mais rápido. Ele foi embora e a Lia veio conversar comigo.

Lia: Então, Lis?

Lis: Está tudo bem. Só preciso seguir algumas recomendações dele e logo estarei melhor.

Lia: Sinto muito... Não sei o que aconteceu, mas imagino que não tenha sido nada fácil.

Lis: Não foi mesmo, Lia, mas o importante é que agora está tudo bem.

Lia: É verdade... Você vai ficar aqui? O senhor Arthur ficou muito preocupado com vocês.

Lis: Ainda não sei se ficarei aqui, mas acredito que sim, Lia.

Ela assentiu.

Lia: Se ficar, saiba que cuidarei de vocês. Eu gostei muito das duas.

Sorrio para ela e a campainha toca.

Lia: Deve ser ele. Sempre esquece as chaves.

Ela abriu a porta e era realmente o Arthur. A Lia foi para a cozinha e ele perguntou como eu estava. Eu contei sobre a consulta com o médico enquanto ele se sentava ao meu lado.

Lis: Arthur… desculpe perguntar, mas… eu continuarei aqui no processo da gravidez?

Arthur: Não, você não ficará aqui.

Assenti em resposta.

Arthur: Vocês vão ficar em outra casa, mas eu estarei sempre lá.

Penso no que ele disse sobre fazer um filho de forma natural, claro que ele estará lá sempre…

Lis: Claro, entendi…

Arthur: Teremos uma conversa amanhã com meu advogado, ele te explicará tudo com mais clareza. A Alice já está dormindo?

Lis: Sim, mas vou acordá-la ou mais tarde não conseguirei dormir.

Arthur: Você pode ficar em outro quarto enquanto continuamos aqui.

Lis: Não, está ótimo assim, me sinto melhor perto dela.

Ele sorriu e assentiu.

Arthur: Está bem... Mas na outra casa você sabe que não terá como, não é?