Capítulo sensível ⚠️
Entramos no quarto e, após o banho, a Alice já se deitou na cama. Fico pensando que nem anotei o número do Arthur para tentar ligar e dizer que ele tinha razão… minha amiga nem mora mais aqui e eu deveria ter ficado. Enquanto observo a Alice dormir, choro e reflito sobre o que devo fazer. Já tentei vender a outra casa, mas ninguém quer comprar, pois o bairro onde fica é dominado por pessoas muito perigosas do crime. O Marlon está envolvido com essa gente, e todos sabem que ele não hesitaria em botar qualquer um para fora de lá. Acho que ele acredita que eu vou voltar com a Alice, com o rabo entre as pernas, e novamente apanhar dele todos os dias. Mas não! Mesmo que eu tenha que viver correndo de um lado para o outro, não voltarei a viver com esse homem. Só eu sei o que passei, quantas vezes cheguei ao hospital desmaiada enquanto ele inventava qualquer história para enganar os médicos.
Alice: Mamãe, vem dormir.
Lis: Já vou, amor. Pode descansar.
Ela se virou de lado e fechou os olhos.
Fico olhando pela janela e pensando na proposta do Arthur. Seria uma mudança de vida e tanto ter um milhão na minha conta. Eu iria embora para bem longe com a minha filha, o Marlon nunca mais nos veria! No entanto, sei que não conseguiria deixar a criança. Me conheço o suficiente para saber disso. Mas amanhã vou voltar e pegar meu dinheiro no restaurante, não é muito, mas pelo menos conseguirei pagar duas ou três noites de hotel. Esse será o tempo necessário para arrumar um emprego. Só não sei o que farei com a Alice enquanto arrumo um trabalho... Meu Deus, são tantas coisas...
Me pego chorando novamente ao pensar em uma solução temporária, mas mesmo chorando não estou distraída, vejo bem quando um carro preto para em frente ao hotel. É um homem que, se visse a mil quilômetros de distância, saberia quem era.
Lis: Ah não, meu Deus...
Entro em desespero sem saber o que fazer. Checo se a porta está trancada, mas com um chute ele facilmente derrubaria ela. Os móveis do quarto são embutidos, então não posso colocar nada atrás da porta e também não tenho celular para ligar para a polícia. Escuto um barulho vindo de baixo, com certeza é ele querendo subir a qualquer custo.
Alice: Mamãe?
Lis: Vai para baixo da cama e não sai por nada!
Ela correu para baixo da cama enquanto eu tremia com o primeiro chute na porta.
Marlon: Eu sei que tá aí, sua cadela! Abre essa merda ou eu vou arrombar!
Lis: Vai embora! Me deixa em paz!
Marlon: Eu vou te matar, Lisandra! Abre essa porta!
Eu chorava e gritava em desespero mandando ele ir embora.
Quando percebi que ele conseguiria derrubar a porta, comecei a gritar por socorro, e Alice tentou sair debaixo da cama.
Lis: Não filha, volta! Eles vão vir nos ajudar, fica aí.
Alice: Mas eu não quero que ele me leve!
Ela chorava.
Lis: Ele não vai te levar, eu prometo! Agora fica aí escondida e não fala nada, por favor, tá bom?
Ela voltou para baixo da cama e ele arrombou a porta.
Lis: Me larga!
Marlon: Quem você pensa que é pra estar fugindo de mim?
Ele me deu o primeiro tapa.
Lis: Socorro! Socorro!
Marlon: Cala a boca, sua vagabunda! Agora eu vou mostrar como se respeita um homem!
Ele me jogou na cama e tirou o cinto para me bater. Ele me agredia enquanto eu gritava.
Marlon: Sua ordinária, ligou para a polícia!?
Já não tinha forças para gritar quando ele me puxou pela blusa e me deu um soco. Lutei para permanecer acordada, mas acabei desmaiando ao sentir uma pancada na cabeça.
- Lis?
Acordo vendo tudo embaçado e quando finalmente consigo enxergar, vejo uma mulher à minha frente. Era uma policial.
Lis: Alice!
Levanto-me e olho embaixo da cama.
Lis: Não! Não!
Policial: Calma, Lis. Ela está bem, a Alice está com a gente. Fica tranquila.
Sento na cama e começo a chorar.
Lis: Eu quero ver ela! Cadê ela?
Policial: Calma, sua filha está bem. Quando chegamos, ela estava embaixo da cama... E você desmaiada. O agressor fugiu. A Alice disse que ele é o pai dela, procede?
Lis: Sim, infelizmente...
Policial: Vocês são separados?
Fico no quarto com a policial contando toda a história. Quando saímos, ela me dá um óculos escuro para disfarçar o estado em que o Marlon me deixou.
Lis: Filha!
Alice: Mamãe!
Ela saiu de perto dos policiais e veio me abraçar.
Alice: Mamãe, você tá machucada? O papai correu, eu vi!
Lis: Você está bem?
Alice: Sim! Eles me deixaram colocar o chapéu de polícia.
A policial sorriu.
Policial: E eu posso te mostrar vários outros que tenho lá na delegacia. Vamos lá ver?
Alice: Podemos ir, mãe?
Assenti para ela e fomos até o carro.
Lá na delegacia foi a mesma coisa de sempre: muita conversa e pouca solução.
Policial: Lis, você tem alguém para ligar? Para que possam buscar você e sua filha em segurança?
Lis: Não, eu estou sozinha.
Policial: Você mora em outra cidade, então infelizmente não podemos deixá-la lá. Mas podemos levá-la até a rodoviária, e de lá você pega o ônibus para o seu destino. Garantimos que assim que colocarmos as mãos no Marlon, ele será preso.
Lis: Pra depois ser solto e ficar com mais raiva de mim?
Dou um sorriso irônico e ela segura a minha mão.
Policial: Eu sei que é difícil, Lis. Eu nunca passei por isso, mas já fui uma Alice, meu pai batia na minha mãe todos os dias…
Não consigo conter as lágrimas.
Lis: Eu fico envergonhada em saber que a minha filha vai crescer lembrando dessas coisas.
Policial: Não diga isso. Não é você quem deve sentir vergonha, você é uma guerreira por estar lutando para dar uma vida melhor à Alice. Tenho certeza de que logo conseguiremos prender ele e faremos o possível para mantê-lo atrás das grades por mais tempo. Você terá sua liberdade, Lis.
Eu assenti.
Quando saímos da sala, a Alice estava tagarelando com os policiais.
Lis: Nós já vamos, filha. Agradeça a eles por terem cuidado de você.
Alice: Muito obrigada por terem cuidado de mim e da minha mamãe!
Ela os abraça e, após eu agradecer também, chamamos um táxi.
Eu não quis ir no carro da polícia para não chamar atenção, mas a rodoviária estava com uma viatura caso o Marlon tentasse me impedir de ir embora.
Policial: Ele não saiu da cidade, disso você pode ter certeza. Os terminais vão entrar em contato se houver algum sinal dele, e nas estradas estão cientes também. Logo ele estará atrás das grades.
Eu a abraço.
Lis: Muito obrigada…
Policial: Não deixe de entrar em contato com a polícia de lá caso necessário. Compre um celular novo e evite muitas exposições nas redes sociais, o Marlon pode tentar descobrir onde você está.
Lis: Obrigada, vou seguir todas as suas dicas… E mais uma vez agradeço por terem nos acolhido.
A policial sorriu e cruzou os braços.
Policial: Mas me diga, Lis, se você não tem parentes lá e também não irá para a casa antiga, para onde vai?
Lis: Eu lembrei de um amigo…
Policial: Um amigo? Você me disse que não tinha ninguém.
Lis: Na verdade, eu tenho um… Agora precisamos ir, nosso ônibus já está esperando!
Após um abraço em Alice, nós embarcamos mais uma vez no ônibus. Já era dia e chegaríamos em algumas horas.
Alice: A gente vai ficar com a vovó?
Lis: Não, filha.
Durante a viagem eu nem consegui dormir, estava pensando em tomar uma decisão que mudaria completamente a minha vida.
...Arthur narrando…...
Acordo cedo e vou para a empresa. Depois de uma manhã cheia, decido almoçar em casa. Ainda estou preocupado com a Lis, que não respondeu minhas mensagens nem minhas ligações.
Enquanto estou almoçando, a Lia tenta me tranquilizar.
Lia: A Lis me parece muito responsável, com certeza ela está bem. Deve ter ficado sem bateria.
Arthur: É, espero que tenha sido isso. Mas se ela não entrar em contato até esta noite, terei que tomar uma atitude.
Termino o almoço, me preparo para voltar à empresa e, quando estou prestes a sair, a campainha toca.
Arthur: Deixa que eu atendo, Lia.
Vou até a porta e sou surpreendido por um abraço da Alice.
Arthur: Alice! Lis…
Olho para a Lis e vejo que ela está de chapéu, óculos escuros e roupa fechada.
Lia: Eu ia atender, senhor Arthur…
Ela olha para a Lis também.
Arthur: Lia, leva a Alice para almoçar.
Lia: Claro, vamos Alice!
A Alice entrou com ela.
Lis: A proposta ainda está de pé?
Ela disse com a voz trêmula. Tirei os óculos dela e vi que seus olhos estavam inchados.
Arthur: Meu Deus, Lis… Entra.
Entramos e seguimos para o escritório.
Lis: Você estava certo, não tinha ninguém lá…
Abraço ela e ela chora em meu peito.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Rose Gandarillas
Revoltante o que a "Lei" que deveria proteger mulheres, homens (porque há mulheres tóxicas, obssessivas) em situações de abuso, mas essa nessa lei que deveria proteger, se torna omissa, silenciosa. Brasil é um país sem Lei, mesmo tendo uma constituição com 245 artigos diversos parágrafos, alineas e incisos, mais 10 códigos que regem nossa legislação, entretanto, temos um Judiciário omisso, corrupto que deixa réu confesso ou com 400 anos de sentença em prisão domiciliar e diversas regalias. As controvérsias da república das bananas.😤😡😠🤬😤😡😠🤬😤😡😠🤬
2025-02-03
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Rosane Monteiro
Realmente revoltante acho que as mulheres devem aprender a se defender, por que a lei só prevalece os criminosos, ela fica com a filha pela rua dependendo de pessoas que era pra dar apoio e não dá complicado.
2025-03-19
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Joelma Rocha
Chorei com esse capítulo autoraaaaa, quando vemos a situação de Lis, com uma criança pequena, sem perspectivas 😞😞😞, o jeito é realmente aceitar a proposta de Arthur, mesmo que vá contra todos os seus princípios 😭😭😭
2025-03-16
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