Capítulo sensível ⚠️
...Lisandra Taylor…...
Lis: Bom dia!
Chego no trabalho tentando forçar simpatia para disfarçar o cansaço.
- Meu pai pediu para você cortar essas verduras antes de abrir.
Lis: Claro.
Começo a descascar e cortar as verduras, meu celular na bolsa não para de chegar notificação, ela me olha com cara feia e eu vou até lá desligar. Nem me dou o trabalho de olhar, já sei que é o Marlon me ameaçando.
Termino tudo e volto a pegar o celular na bolsa, o Marlon provavelmente já parou de mandar mensagem e eu preciso deixar ligado caso aconteça alguma emergência com a minha filha e a moça da creche ligue.
O meu chefe que também é o cozinheiro chega, a falta de simpatia parece ser coisa de família então ele nem fala comigo. Abrimos o restaurante e mais um dia de trabalho se inicia.
O movimento hoje foi fraco e quando chega no horário de almoço eu fico surpresa por não tá cheio, finalmente chega um cliente e eu termino de limpar uma das mesas para ir atender ele.
Pego meu celular escondido nesse meio tempo, pois não parava de chegar mensagem.
💬 Marlon: Eu descobri onde você trabalha, tô indo te fazer uma visitinha.
Bloqueio ele, achando que estava mentindo. Acabei de conseguir esse emprego, bem longe da minha antiga casa, ele com certeza não sabe onde fica e só está me testando. Só de pensar que deixei uma casa própria para vir morar com a minha mãe… tudo por medo das ameaças dele. A única coisa que me conforta é saber que agora a Alice e eu estamos seguras em outra cidade, ele não nos encontraria tão rápido, saiu da cadeia há menos de um mês.
Vou atender o cliente e um número desconhecido começa a me ligar. Sou obrigada a desligar o celular novamente e vou pegar o pedido. Na volta, pergunto se ele vai querer alguma coisa para beber e ele pede um suco de laranja. Na saída da cozinha, sou surpreendida pelo Marlon, que começa a gritar que quer ver a Alice.
Foi o momento mais constrangedor da minha vida… Ele já havia feito isso no meu outro emprego, mas essa foi a primeira vez que um cliente me defendeu. Ele deu um soco no Marlon e eu o coloquei para fora. Tentei agradecer a ele, mas meu chefe me chamou na cozinha e eu, mais uma vez, fui demitida de um lugar por causa da maldita perseguição do meu ex-marido.
Saio pelos fundos por vergonha de olhar na cara dos clientes que presenciaram tudo aquilo. Estava me sentindo péssima e, ainda por cima, tive que ir andando até a creche da minha filha, tudo por medo de o Marlon estar me esperando no ponto onde eu costumava pegar ônibus sempre.
Chego na creche e a Alice está no horário do sono da tarde. Resolvo levá-la dormindo mesmo, vou até o ponto e pego um ônibus para ir pra casa. Durante a viagem, ela acorda sem entender o que está acontecendo.
Alice: Mamãe?
Lis: Oi, minha filha. Estamos voltando pra casa.
Alice: Ainda tá cedo, você só chega de noite.
Lis: É que a mamãe saiu mais cedo do trabalho hoje, amor.
Alice: Eu gostei!
Lis: Você gostou?
Faço cócegas nela.
Lis: Chegamos!
Saímos do ônibus e seguimos para o prédio.
- Que mulher gostosa em, ô lá em casa…
A Alice já aprendeu que não podemos olhar quando um desses caras babacas fazem comentários idiotas, então seguimos sem olhar para trás.
Subimos a escada até chegar ao nosso andar e, da porta, já consigo escutar a briga da minha mãe com o marido dela.
Lis: Direto pro quarto, me escutou?
Ela balança a cabeça e eu abro a porta.
Entramos em casa e está tudo revirado. A Alice coloca as mãos no ouvido e corre para o quarto.
Lis: Mãe, o que está acontecendo?
Magnólia: Esse vagabundo está me traindo com uma mulher dez anos mais velha, você acredita!?
Começam com a gritaria novamente e eu só penso em sair dali. Vou para o quarto e a Alice está no canto com as mãos no ouvido.
Lis: Vem aqui, meu amor.
Sento na cama e ela vem correndo sentar no meu colo.
Alice: Mamãe, o tio André vai bater na vovó igual o papai fazia com você?
Eu não consegui responder nada, apenas abracei ela e segurei meu choro.
Eu tenho 24 anos e a Alice tem 5. Tive ela muito nova, não tinha maturidade e foi logo quando meu pai morreu.
Na época, eu ainda não tinha contato com a minha mãe. Meu pai sempre me dizia que ela era uma drogada e as lembranças que eu tinha dela realmente não eram boas.
Eu sempre fui a filha exemplar que não dava trabalho ao pai… Ele era da igreja e me levava de vez em quando também. Infelizmente, depois da morte dele, eu acabei me envolvendo com gente errada e foi quando conheci o Marlon.
Eu era virgem, o tipo de garota que pensava em casamento, família grande, um lar confortável. Infelizmente, acabei caindo na lábia do Marlon, que em poucos meses já estava dentro da casa que era do meu pai, morando junto comigo.
Descobri a gravidez poucos meses depois de começar a me envolver com ele. Hoje, minha filha está quase com 6 anos e tudo que consegui oferecer a ela até agora foi um lar sem afeto e de pura violência.
O Marlon passou a me bater durante a gravidez, ele bebia, ficava com mulheres, não queria colocar comida em casa. Depois que comecei a trabalhar para comprar comida e as coisas da bebê, começaram as agressões. No início, ele me convenceu de que eu era a errada. Não sei o que se passava pela minha cabeça, mas eu sempre entrava na dele.
Com o tempo isso foi piorando, ele sempre me ameaçava de morte. A Alice pequena vendo tudo aquilo me destruía… todos se afastaram de mim por medo dele e eu fiquei só. Foi aí que decidi procurar pela minha mãe e comecei a conversar com ela virtualmente… a Alice tinha acabado de completar cinco anos. A gente passou a se falar por telefone e ela me encorajou a denunciar ele e vir morar com ela.
Fiz isso! Separei todas as provas e fui até a delegacia mais próxima fazer a denúncia. Prenderam ele, que ficaria detido por apenas alguns meses. Depois disso eu já não tinha psicológico para continuar naquela casa, ainda mais sabendo que ele iria sair uma hora e viria atrás de nós. Foi aí que decidi aceitar o convite da minha mãe, mesmo com as inseguranças e o medo dela não ter mudado.
Vim morar com a minha mãe e mesmo o local não me causando boa impressão, era o que tinha no momento. O problema mesmo foi quando ela começou a trazer vários homens pra casa. Eu tentei conversar, mas acabei sendo humilhada por estar morando debaixo do teto dela com a minha filha.
Depois disso fiquei na minha, arrumei um emprego e coloquei a Alice na creche. Durante a manhã ela está na escola, depois da escola vai pra creche, aí depois de sair do trabalho vou buscá-la e então vamos pra casa. Com essa rotina, a gente não presenciava tanto as coisas que aconteciam em casa.
Com um tempo, minha mãe começou a namorar o André e ele veio com as malas dias depois. Achei que fosse melhorar, pelo menos ela não estaria todos os dias com um cara diferente. Porém, não foi bem assim… O André e ela brigam muito e o álcool não ajuda.
Foi aí que comecei a pensar na possibilidade de alugar um quarto e sala aqui no prédio mesmo… Mas agora sem emprego as coisas ficam difíceis, além disso não tenho móveis e o carreto da minha cidade até aqui é uma fortuna. Se não fosse isso eu pagaria para que trouxessem as coisas da casa do meu pai.
Consigo colocar a Alice para dormir e a briga ainda continua, escuto um barulho parecido com tapa e saio do quarto furiosa! Me coloco na frente da minha mãe para que o André não continue batendo nela e recebo um tapa.
André: Tá maluca?
Lis: Você não vai bater na minha mãe!
Empurro ele.
Magnólia: Lisandra, para com isso!
André: Você é uma vadia como sua mãe, eu vou embora dessa porra!
Ele sai de casa e minha mãe vai atrás.
Sento no sofá e quando me dou conta a Alice está na porta do quarto me olhando.
Lis: Alice…
Ela vem correndo me abraçar.
Alice: Eu quero ir embora mamãe, por favor!
Ficamos juntas chorando no sofá.
Acordo com alguém tocando no meu ombro e vejo que era minha mãe. O dia estava nascendo e o André estava sentado à mesa, comendo feito um ogro.
Levantei-me e deixei a Alice no sofá.
Lis: Mãe, você foi buscar ele?
Magnólia: Olha Lisandra, eu tive uma conversa com o André e chegamos à conclusão de que é melhor continuarmos sozinhos na nossa casa.
Olho para ele que continua com a cara cínica enquanto come a comida que eu comprei.
Lis: Eu entendi bem? Está me colocando pra fora por eu ter te defendido desse escroto?
Magnólia: Você bateu nele dentro da casa que ele sustenta!
Lis: Eu só empurrei ele, ele me deu um tapa no rosto! Será que você tá cega? E tem mais, o André só sustenta seu vício pela bebida, ele nunca comprou um pão para essa casa nem nos ajuda com o aluguel!
André: Já que você banca tudo, porque não pega seus panos de bunda e vaza com sua filha?
Lis: Não fala da minha filha seu escroto! Deixa ela quieta!
Volto a olhar para minha mãe.
Lis: Eu só não faço o que esse vagabundo falou porque fui demitida! E sabe o motivo? O Marlon mãe… Ele nos achou!
Magnólia: Você tem medida protetiva, ele não vai atrás de vocês!
Lis: É claro que vai mãe! Ele quase me bateu dentro do restaurante cheio de clientes ontem!
Magnólia: Então procura a polícia de novo, eu não posso fazer nada, você sabe bem…
Lis: Acabo de dizer que estou desempregada correndo risco de ser morta! E mesmo assim você ainda quer que eu saia às cinco da manhã com uma criança? Sem ter pra onde ir?
Ela coloca o cabelo atrás da orelha um pouco sem jeito e balança a cabeça.
Magnólia: É Lisandra… É isso mesmo. O papel de uma mãe acaba quando o filho já tem idade suficiente para se cuidar sozinho.
Lis: Você nunca foi uma mãe! Não abra a boca para falar isso de nós mulheres que realmente amamos e cuidamos dos nossos filhos! Eu posso dizer que tive um grande pai, mas mãe eu não tive! Você nunca esteve lá Magnólia! Meu pai tinha toda razão quando disse que você era uma alcoólatra que só pensava em si mesma… Mas você pode ter certeza de uma coisa… vou sair da lama! Você ainda vai precisar muito de mim… e quando chegar esse dia você terá minha ajuda, porque eu não sou como você!
Começo a acordar a Alice que abre os olhos assustada.
Lis: Alice levanta e calça suas sandálias, vamos embora daqui.
Olho uma última vez para ela e sigo para o quarto com minha filha. Arrumamos nossas poucas coisas em uma só mala, visto uma roupa quente nela e saímos.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Nana
ELA É TOTALMENTE DIFERENTE DO QUE EU IMAGINEI 😭😭
Agora ela é a modelo russa Vlada nos anos 2000/2010 na minha mente, não tem como apagar
2025-03-25
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Sofia Carvalho
até poderia ajudar, mas iria dizer que se ela precisasse, iria fazer a mesma coisa, e com certeza mesmo que ajudasse, não o faria logo, teria que se humilhar muito, para dar migalhas
2025-03-28
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Priscila Baptista Soares
mentira sua idiota mãe de verdade cuida apoio e protege os filhos seja em qualquer idade não é só pq o filho cresceu que vamos deixar de ser mãe ridícula essa mãe
2025-03-29
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