Henken No Kabe!
Tóquio, em meio à multidão um garoto não tão alto se apressa para chegar logo no metrõ, o capuz de seu casaco cinza tampa seus cabelos cor-de-carvão e lisos.
Sua mão direita carrega uma sacola preta de plastico e sua mão esquerda um cigarro no fim da vida. O garoto olha para trás e um homem se levanta do banco indo em sua direção. O desconhecido está usando um soco inglês.
O garoto corre para a plataforma C...
—Cadê essa porra que não chega?!
(Plataforma C)
O mais velho surge, a claridade da plataforma nos deixa ter uma visão mais clara do sujeto. Ele tinha barba grande e grisalha, com uma logo familiar bordada no peito do uniforme.
O sujeito encontra com os olhos o de cabelos pretos, que reconhece no mesmo instante o símbolo em sua camisa... era um funcionário da Gen-Sis.
—Que merda...! - Sussurrou o menor enquanto esperava impaciente o metrô.
Os sapatos do velho ecoavam ao andar rápido pela plataforma em direção ao jovem. Em meio ao pensamento do que faria para se defender, o garoto é interrompido pelo som do metrõ freiando e logo as portas automáticas se abrem.
Ele adentra o vagão e assiste a porta se fechar na cara do velho, que fica encarando sério do lado de fora.
O encapuzado bufa aliviado e dá um sorriso de canto.
...
...
(Apartamento-quarto)
Trancando a porta de seu apartamento, o garoto se joga na cama bagunçada com lençóis, meias e cuecas.
—que saco! ... eu esqueci o achocolatado!-Reclamou. Ele retira o conteúdo da sacola preta de plástico. Era um perfume, cortador de unha e tinta de cabelo.
—Eu preciso mudar o visu logo. -disse penteando com a mão.
O garoto preparou um pouco de chá, escolheu um tipo de bolacha doce para acompanhar o lanche e voltou para a cama.
...
...
O papel de parede do notebook era uma lua, ele abre o navegador e o primeiro site chama sua atenção, o fazendo paralisar por completo.
..."Último Híbrido neutralizado pelas forças japonesas"...
O garoto sente um desconforto em baixo de si e percebe que está sentado em seu tubarão azul de pelúcia. Ao olhar o brinquedo felpudo, o garoto o abraça firmemente.
—Parte de mim morreu naquele outono...
...10 anos atrás......
...D...
aiki
—Daiki? Filho acorda! Já estamos chegando. -A minha mãe se torce para o banco de trás e me cutuca.
...
...
—Hmm me deixa dormir! - falei com voz manhosa e abraçando meu tubarão de pelúcia.
—Nada disso, ninguém mandou você passar a noite toda acordado.- disse se virando para o banco do carona.
—E como eu iria dormir com essa peste chorando a viagem toda?- digo cruzando os braços.
—Ei moleque não responde a sua mãe desse jeito. E não fale assim do seu irmão. -Meu pai diz sério olhando para mim pelo retrovisor central.
Meu irmão nasceu mẽs passado, foi quando a minha vida começou a desmoronar. Essa criança só sabe cagar, comer e chorar o tempo todo... E além do mais, Todos os meus brinquedos foram dados para ele. QUE INJUSTO!
...
...
— O trânsito daqui é um saco!- Disse o papai acendendo um cigarro. No mesmo momento minha mãe tomou da mão dele. —Isso faz mal para o bebê.- ela diz enquanto dá um trago e joga fora logo em seguida.
Suspiro e olho diretamente para o Sol escaldante. —Será que a gente chega antes do ano acabar? -Falei num tom impaciente.— Hoje é dia de Lua cheia e eu quero assistir.
—Você pode assistir do seu novo quarto sem problemas. -Disse minha mãe impaciente.
Reviro os olhos —Não é a mesma coisa. eu gosto de sentir a natureza e olhar para a Lua ao ar livre!
—Faça isso quando tiver sua própria casa, Daiki. -Meu pai murmura antes de buzina para o carro da frente.
...Horas depois....
...
...
Narrador
Chegando no novo lar, a família se reuniu para arrumar os cômodos. Daiki entrou em seu quarto e correu para a janela apreciar a noite.
(Casa de Daiki-Quarto)
O pai de Daiki se chama Haruki, tem 35 anos e foi demitido recentemente. Com o dinheiro da rescisão ele comprou essa casa.
Daiki
Azuka é a minha mãe... foi ela quem me trouxe a infelicidade de ter um irmão mais novo. Afs...
...
...
—A Lua daqui de casa tá sem graça😒
Meus pais estavam terminando de arrumar a casa. Será que eles precisam da minha ajuda? Ah que se explodam.
—E se eu fugir? Aqui perto tem uma floresta e seria perfeita para assistir a Lua! - Abraço meu tubarão de pelúcia. —Ô Vovó... se você estivesse aqui, poderíamos assistir a Lua juntos hoje.
...
...
...TOC TOC TOC...
Meu pai entra no quarto e senta na cama me olhando com uma cara sem expressão.
—Não vamos conseguir fazer a sua festa de aniversário. O dinheiro acabou e estamos endividados com o banco.- Diz colocando as mãos no rosto.
Eu não entendia muito bem o que meu pai estava dizendo sobre dívidas. Provavelmente o meu irmãozinho querido está sobrecarregando a economia da família.
—Eu não queria fazer isso mas estava cogitando comprar um híbrido para trabalhar para mim em meu escritório.
Olhei para ele confuso. Meu pai nunca gostou da idéia de não-humanos substituírem pessoas de verdade nos trabalhos.
—Daiki filho... eu sei que você só tem sete anos mas precisa aprender a lidar com a vida... não temos mais dinheiro. Eu espero que me perdoe filho. -Diz meu pai saindo do quarto.
Como assim a gente não tem dinheiro? Isso é possível? Meus pais sempre fizeram a minha festa e esse ano simplesmente não vai ter? Quem eles pensam que são?
Após ele sair encosto meu ouvido na porta e presto atenção.
— O bebê precisa de roupas novas. E eu também! Eu nem lembro a última vez que fiz compras, se você quer saber. - Minha mãe sussurrou.
—Amanhã vamos ao shopping comprar suas coisas e as do bebê ok? Mas o Daiki precisa ficar com o bebê para irmos tranquilos e curtir o passeio. -Meu pai responde.
Bufei e corri de volta para a janela, onde raciocinei por alguns segundos até sentir os meus olhos minarem água. Sem pensar duas vezes pulei a janela do quarto.
No outro lado o frio assoprava meu corpo. Ignorando tudo atrás de mim corri o mais rápido que pude para a floresta. Estava com raiva por terem mentido justamente para mim. O bebê é mais importante que eu?
...Narrador...
...(Casa de Daiki-sala)...
O Sr Haruki liga a Tv enquanto recebe uma massagem de sua esposa.
—Ele vai ficar como na outra casa? Trancado o dia todo? -Disse com a voz cansada enquanto mudava de canal.
—Vamos faze-lo ficar mais presente na família. É só questão de tempo.- A mais velha se senta ao lado do marido. No mesmo instante o jornal local começa.
Após a música de abertura, o jornalista se ajeita e olha para a câmera com um sorriso.
..."—Muito bem! O governo do Japão autorizou o incentivo legalizado ao comércio de híbridos por todo o país. Apesar de ser uma tecnologia nova, sabemos que esses seres são super seguros e não oferecem riscos para nós, humanos. Seguimos para a estimativa dos preços dos primeiros híbridos em estoque..."...
Os olhos do Sr. Haruki brilham com o preço das parcelas. Apesar de não acreditar que são 100% seguros, ele aceita que é preciso ter uma mão de obra eficiente para ter lucro em seu empreendimento.
Daiki
Chego em um descampado com a respiração difícil, minhas pernas tremiam. Eu acho que nunca corri tanto em toda minha vida.
...
...
Sinto o cheiro puro do oxigênio exalando dos pinheiros verdes. A grama úmida tocando meus pés me causa cócegas e a escuridão do obscuro da floresta me causa frio na barriga, de um jeito ou de outro aqui é o lugar perfeito para uma casa na árvore... um novo lugar para observar a Lua! Longe dos meus pais insuportáveis! 🙄
???
Olho para a criança e me escondo atrás de um arbusto.
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Atualizado até capítulo 28
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