Capítulo Vinte
Irina
Acordei com a luz do sol no meu rosto, abri os olhos com dificuldade e olhei em volta, tentando organizar meus pensamentos.
Me sentei na cama e olhei para trás vendo Ayko dormir. Deixei meu corpo relaxar e me levantei da cama. Fui até o banheiro e escovei meus dentes e fiz minhas necessidades.
Saí do banheiro e meu celular tocou, olhei a tela e era o Léo.
Que droga! Sabia que ele ligaria, na verdade eu iria ligar para ele hoje, antes de descartar o telefone.
Ligação On
— fala pra mim que vocês só saíram pra ver algo e já estão voltando.
— Léo Porfavor…
— Só pedi pra vocês esperarem por mim até hoje Irina, caramba, só queria conversar e ajudar as duas.
— Léo é isso que você não entende, não queremos envolver vocês em nada. Isso é um problema nosso.
— Irina, sei que é de vocês, mas é isso que eu faço pelas pessoas que eu amo e são importantes na minha vida, eu protejo elas.
— Léo…
— Vocês não estão sozinhas, sei que foi assim por um bom tempo, sei que eram só vocês duas, mas agora não é mais.
Ele suspira e eu não falo nada.
— Eu sei que vocês não confiam em ninguém, sei que é difícil pra vocês criarem vínculos com alguém, mas vocês não podem fazer isso para sempre, vocês tem a mim, aos meninos, a Agatha. Todos estão preocupados.
— Léo, vou resolver as coisas e vamos parar, já conversei com a Ayko, só temos que matar os dois, só isso, deixa a gente resolver isso, e aí vamos viver uma vida melhor. Eu prometo.
— Eu espero Irina, eu gosto demais de vocês duas, e não quero por nada me afastar novamente.
— Não vamos nos afastar de você.
— Eu quero só ver Irina, porque se não eu caço vocês duas. Eu me preocupo com vocês, vocês são minha família.
— Léo, pelo amor de Deus, eu já disse, pra não se preocupar, estamos bem.
— Eu sei Irina, mas amo vocês, e me preocupo.
— Tá bom Léo, também amamos você.
— Quero que me ligue, e me deixe a par das informações e de tudo.
— Vou ligar todos os dias. Te amo, tchau.
Ligação Off
Estou com um sorriso no rosto, Léo era demais, podíamos considerar que realmente ele era como uma pessoa da família, mesmo com a minha dificuldade de confiar nas pessoas, eu gostava muito dele.
Ayko falou comigo e notei que havia acordado, conversamos um pouco e logo eu estava dormindo de novo. Graças a Deus eu estava melhor, ainda estava com dor, mas já conseguia até mesmo ir para uma missão.
…
Acordei um tempo depois e Ayko estava no notebook, vi o'que ela tinha achado até agora e fiquei nervosa em saber o'que os dois idiotas estavam aprontando.
Estávamos tranquilas quando ouvimos alguém bater na porta, na mesma hora levantamos e pegamos nossas armas, fui para a porta e abri devagar, Ayko já estava preparada para atirar, quando a porta se abriu por completo, e eu e Ayko levamos um susto.
— Olha só quem está aqui. — Eros diz.
— Vocês só podem estar de brincadeira comigo. — Digo soltando minha arma na mesinha que tem e me sentando na cama.
— Oie pra vocês também meninas, o que foi? Acharam mesmo que íamos deixar vocês sozinhas. — Léo entra no quarto com os braços cruzados.
Coloco minhas mãos no rosto e solto um suspiro, esse pessoal parece que não tem amor à própria vida, senhor! A única coisa que pedi foi pra ficarem em segurança onde estavam, mas não, todo mundo resolveu seguir a gente para o perigo.
Tirei as mãos do rosto e vi Ayko se abraçando com Elias, realmente os dois estavam tendo algo, fico feliz por Ayko, é bom ver ela bem, mas eu já sei que essa situação não vai dar em nada bom.
— Irina, vamos voltar para o meu morro. — Eros fala e eu encaro ele.
— Por Deus, vocês só podem estar loucos. — Digo me levantando e saindo do quarto.
Preciso de ar, preciso respirar, não dá, não consigo entender, parece que eles não entendem a situação que estamos, isso me deixa frustrada.
Desci as escadas e chego até o carro, encosto do na lateral e respiro fundo, o que vou fazer agora ? Acho que é nítido que só eu tenho juízo no meio deles.
Vejo Eros vindo em minha direção e minha vontade é bater nele. — Irina vamos conversar.
— Conversar o que Eros ? Eu pensei que você fosse o mais sensato deles. Pensei que estivesse entendendo o perigo que vocês estão correndo, mas não, você se juntou para vir atrás de nós. Pra que ? — Falo nervosa. — Realmente achei que você queria proteger sua família, seu morro, mas fazendo isso, você só está colocando todos em perigo.
— Irina… — Ele tenta falar mas eu o corto.
— Eros, vai embora, leva eles embora, não quero que nada aconteça com ninguém, me entende por favor, eles são sua família, não me perdoaria se algo acontecesse. — me inclino colocando as mãos no joelho e respirando fundo fechando os olhos.
Ele não fala nada, penso que vai embora, mas ouvi seus passos se aproximando de mim. Abro meus olhos e ele está bem na minha frente. Levanto minha cabeça e olho para ele que está sério.
Deixo meu corpo ereto novamente e encosto no carro. — Vamos nos juntar e matar eles, você querendo ou não, já conversei com o Léo, vamos com vocês para Rússia, só nós dois.
Olho para ele incrédula, eles dois só podiam estar loucos. — Nunca, é melhor vocês……
Nem consegui terminar de falar, Eros veio pra cima de mim com tudo colocando seus lábios nos meus. Suas duas mãos estavam segurando meu rosto, fiquei paralisada por alguns segundos, não conseguia me mexer, senti minhas mãos suadas, meu peito estava subindo e descendo com rapidez.
Não sei porque, mas fechei meus olhos, a sensação dos lábios dele nos meus me acalmavam de uma forma que eu não gostava. Não gostava nada dessa sensação que ele me causava.
Eros tirou as mãos do meu rosto e uma delas foi até minha cintura me puxando para mais perto dele, a outra passou pelo meu pescoço e foi até minha nuca, ele apertou com delicadeza me fazendo arfar com seu toque.
Ele pediu passagem para um beijo e eu simplesmente dei, quando senti sua língua na minha, meu corpo todo se arrepiou por completo, eu adorava seu beijo, e esse era o problema, gostar tanto de tudo que ele fazia.
O medo de gostar, de amar, de me entregar, esse medo, aquele que Arseny plantou dentro do meu coração, dentro do meu ser.
Na mesma hora senti um pânico me consumindo e me afastei de forma brusca. Eros me olhou assustado.
Minha respiração estava acelerada, coloquei a mão no meu peito tentando puxar o ar, mas não conseguia, lágrimas se formaram em meus olhos, me encostei novamente no carro e o pânico me dominou.
— Irina, olha pra mim, o que foi? — A preocupação em sua voz era nítida.
Ele tentou me segurar, mas seu toque me deixou mais assustada, tentei me afastar de novo e ele novamente se assustou. — Não….me toca.. — digo em meio às lágrimas.
Fecho meus olhos com força e tento me acalmar, assim que abro ele novamente não vejo mais Eros, escorrego as costas pelo carro e me sento no chão. Afundou minha cabeça em meio aos joelhos e choro mais ainda.
— Não….não…agora não… — Repetia várias vezes.
E por isso que não queria me aproximar de ninguém, e por isso que não consigo mais ter relação com ninguém, porque o'que aquele desgraçado fez, me matou, me deixou com medo de sentir algo, ele simplesmente colocou uma barreira no meu coração.
— Irina, calma, vai ficar tudo bem. — Ouço a voz de Ayko.
No mesmo instante levantei meu rosto e abracei ela, me sentia tão mal, tão horrível.
Não sei quanto tempo ficamos ali, só sei que apaguei sentada no chão e envolvida no único abraço que me acalmava.
Será que nunca mais poderia me envolver com alguém? Será que esse medo e esse pânico de ser tocada de ser amada, vai ficar pra sempre?
Acho que é por isso que não me vejo tendo uma família, é por isso que não me vejo sendo feliz ao lado de alguém. Já aceitei tão bem isso, que me deixa triste. Ser incapaz disso acaba comigo.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Maria Sena
Poxa autora tida logo esse sofrimento da coitada, é triste viver ser amor e sem amar. Vivendo desse jeito ela nunca vai ser feliz, e quem se aproxima dela também sofre.
2024-11-25
0
Maria Lucia
faz com que ela pega o fdp e destroça ele e volta a vida..
2025-02-14
0
Edileusa Dias
Tadinha da Irina
2024-08-24
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