Capítulo Dezessete
Irina
Abro meus olhos e sinto uma dor na barriga. Olho ao redor e vejo que estou no meu quarto, avisto a janela e noto que já está de noite. Me sento na cama e tento relembrar tudo que aconteceu.
Invasão.
Levei um tiro.
Ayko me ajudou.
Leo apareceu.
Eros apareceu.
Branco.
Branco.
Branco.
Não lembro de mais nada.
Solto um suspiro e noto que estou com um acesso no braço, tiro ele e coloco o dedo pra não sangrar. Me levanto com um pouco de dificuldade e vou caminhando até a sala.
Assim que pisou meus pés, vi Ayko e Anjo sentados na mesa. Olho para os dois e Anjo parece irritado. Ayko está tranquila
— O'Que aconteceu? — Falo baixo mas os dois logo me olham.
— Irina, você precisa descansar. — Ayko se levanta e me ajuda a sentar.
— Eu tô bem. — Olho para Anjo que não falou nada até agora. — Já desimbucha. — Encaro ele.
— Vou levar as duas pra uma casa que temos na praia. — Ele diz.
Ual! Até horas atrás, Eros não queria que eu fosse embora, agora está praticamente nós chutando. Engraçado, mas entendi seu lado.
— Ótimo, Ayko já arruma suas coisas e se poder me ajudar a arrumar as minhas. — Digo soltando um suspiro.
— Vou ficar com vocês lá. — Ele fala e eu e Ayko encaramos ele.
— Não vai mesmo. — Ayko cruza os braços.
— Vou, não deixarei as duas sozinhas. — Ele se levanta e encara Ayko.
Revirou os olhos e passo a mão no rosto. — Você não vai ficar lá, me de um carro e o endereço, vai apenas eu e Ayko. — Digo seria.
— Não vou… — Ele tenta falar mas corto ele.
— Você não vai, entenda Anjo, seu irmão quer proteger vocês e eu quero isso, não estou brava, porque entendo o lado dele, se tentar ir comigo, vou te dar um tiro nas pernas, tô falando sério. — Encaro ele e o mesmo parece irritado. — Esse problema é meu e dela, não de vocês.
Anjo olha pra mim e depois pra Ayko e se senta frustrado. — O carro que você ia nos levar está aí fora ? — Pergunto.
— Sim. — Ele não me olha.
— Ayko, procure um hotel longe daqui e reserve um quarto. —- Digo e ela não questiona e vai.
— Irina, vocês vão ficar…
— Não vamos, quanto menos pessoas souberem onde estamos melhor. Fiquei tranquilo, eu e Ayko sabemos nos virar. — Ele me encara com raiva.
— Vocês não vão voltar ne? — Ele coloca a mão na nuca e solta um suspiro.
— Anjo, aqui não é nosso lugar, viemos para nós refugiar por um tempo, chegamos sabendo que íamos embora um dia. — Me encosto na cadeira. — Sei que está assim pela Ayko, deixa tudo isso acabar e resolvermos tudo e vou conversar com ela, se ela quiser voltar, não vou opinar. — Sinto meus olhos arderem. — Ayko já perdeu muito a vida dela até agora, ela merece ser feliz.
— Irina você também merece. — Anjo fala e abro um sorriso.
— Por Favor nos ajude a levar as coisas para o carro. — Me levanto e vou para amei quarto.
Assim que entrei, tranco a porta e me sento na cama.
Eu e ayko não sabemos oque é ter uma vida normal a mais de vinte anos. Não quero que ela tenha que viver assim pelo resto da vida, ela não merece isso. Sei o quanto ela amou estar aqui, o quando ela amou sair da nossa rotina. Só não deixo ela aqui hoje porque preciso dela para matar Abram e Arseny, mas depois disso, vou deixá-la. Ela merece viver.
Me levanto da cama e pego minha mala, estou com dor, mas tento fazer tudo com calma. Coloco só algumas roupas e armas na mala. Pego o restante no meu armamento e arrasto até a sala, coloco a minha única mala lá também e saio.
— Já tá tudo certo. — Ayko diz e apenas balanço a cabeça em afirmação.
Anjo entra na casa e começa a pegar nossas malas sem falar nada. Pego uma roupa e uma toalha e vou pro banheiro, tiro minha roupa com um pouco de dificuldade e entrei embaixo do chuveiro. Tomo um banho rápido e assim que saio me seco e refaço meu curativo.
Coloco a roupa que peguei e sai do banheiro, Ayko e Anjo estão abraçados na cozinha. — Desculpa incomodar, mas precisamos ir Ayko.
— Tudo bem, já me despedi. — Ela fala.
— Você não vai falar com ninguém Irina. — Ele me encara.
— É melhor assim, e só avisei seu irmão, se ele perguntar. — Digo.
Sei que ele não vai atrás de mim e nem mesmo se preocupar se tomei esta decisão. — Tudo bem.
Saio da casa e entro no carro para dirigir, Ayko entra no banco do carona, ligo o carro e quando estou prestes a sair anjo coloca a cara na janela. — Boa sorte e por favor, voltem as duas.
— Tchau Anjo. — Eu e ayko falamos.
Dou partida e saio do morro. — Desculpa por isso Ayko.
— Irina, nós duas sabíamos que ia ser assim, você sabe que estou de boa com isso. — Ela fala e olha para a estrada.
Sei que ela não está bem, Ayko criou um vínculo com eles e não a culpo por isso.
Depois de meia hora dirigindo parei o carro. — Procura pelo rastreador do carro e desativa ele. — Digo para Ayko.
Na mesma hora ela faz o'que eu mando, em menos de dez minutos ela acha e desativa. — Pronto.
Pego o endereço de onde vamos e piso no acelerador.
Durante o percurso até o hotel não parei de pensar em tudo oque eu e Ayko vivemos até agora.
Não sei o porquê mas quando lembro da felicidade da Ayko na praia, da felicidade dela com o pessoal do morro sinto meu coração doer.
Podia ter parado com nossos trabalhos, mas nunca parei, sei que Ayko nunca me deixaria, por isso estava ao meu lado agora. Por isso me culpo por ela até hoje não ter tido uma vida boa. Me culpo por ter prendido ela a essa dupla e a ter destruído os sonhos dela.
Eu só poderia ter parado com tudo, não tínhamos mais nossos pais para nos obrigar a matar. Mas mesmo assim continuei com as missões, com as mortes e arrastei ela comigo.
Eu sinceramente não sinto que sou uma pessoa que terei uma vida normal, não serei uma mulher que vai se casar, ter filhos. Sinto que vou continuar na mesma coisa até minha morte. Mas não vejo isso pra Ayko. Eu imagino ela casando, sendo mãe, tendo uma família.
Só quero o bem dela, mesmo que isso signifique me afastar dela, e deixar ela viver a vida.
Dirigi por quase três horas, já estava cansada, parei na frente do hotel, era bem isolado e era pequeno também. Estacionei e dei graças a Deus que ia poder me deitar.
Saímos do carro e peguei minha mala, Ayko também pegou a sua e trancamos o carro. Fomos na recepção e pegamos a chave do quarto.
Seguimos pelo corredor e paramos na frente de uma porta marrom velha. Abri e deixei Ayko entrar primeiro. O quarto era pequeno e havia uma cama de casal, na frente tinha uma televisão e uma mesa pequena. Estava ótimo, ninguém ia nos achar aqui e também logo pela manhã iríamos para outro lugar.
— Tenho certeza que já mataram alguém aqui. — Ayko diz e não consigo deixar de rir.
— Concordo com você, seria fácil matar alguém aqui. — Ela ri.
Nos sentamos na cama uma do lado da outra. — Novamente sozinhas. – Ela diz e notei a tristeza em suas palavras.
— Prometo que depois que acabarmos com aqueles dois, você vai ter uma vida, tá ? — Passo meu braço por seus ombros e a puxo pra perto de mim.
— Essa é nossa vida, Irina, já aceitei isso. — Ayko baixa a cabeça.
— Ayko olha para mim. — Ela me olha. — Eu prometo que depois que Abram e Arseny morrerem, não vamos mais continuar, vamos ter uma vida, vamos fazer tudo que nunca fizemos. — Abro um sorriso e vejo lágrimas se formarem nos olhos de Ayko. — Eu prometo irmãzinha. — Dou um beijo em sua cabeça e ela me abraça.
Eu prometo, Ayko, que você sim terá uma vida, terá uma família e fará tudo oque nunca fez, porque você merece isso.
Ficamos um tempo abraçadas e logo nós deitamos e fomos dormir, estava cansada e tinha levado um tiro, tudo bem que não foi nada, mas preciso deixar meu corpo bem para oque viria nos próximos dias.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Maria Sena
Nossa elas não tem vida própria, e o pior é que mesmo eliminando os dois sempre vai aparecer outros inimigos pra tentar matar elas. Por isso elas não tem vínculo com ninguém, até mesmo pra proteger as pessoas que amam.
2024-11-25
1
Andreia
Triste viver assim
2024-08-21
0
Denise Sousa
Estou amando a história 💗
2024-07-11
8