Então, Daniel e eu fomos para a praça… Nos sentamos e eu tinha tantas perguntas.
— O que você realmente faz da vida? O que aconteceu de verdade? Quero ouvir tudo que tem a dizer…
Pedi.
— Quando fomos separados, eu achei que seria feliz com o casal que me adotou. Mas eles não eram nada legais comigo. Eu não achei amor naquelas pessoas e eles não me confortaram. Com o passar dos tempos, eles ficaram piores comigo e costumavam me agredir frequentemente. Eu apenas aceitava aquilo, mas tempos depois eles foram assassinados e o homem que os matou, falou que eu teria que servir a ele, senão eu também morreria… Eu não me importei nenhum pouco comigo, mas eles me ameaçaram e disseram que conheciam a minha irmã. Eu não tive outra escolha e passei a trabalhar pra ele… E sempre fazendo tudo que eles pedem… No dia que você foi lá, eu imaginei que fosse a minha irmã, então fiquei desesperado, com medo de você denunciar o lugar e aí ele mataria nós dois.
Contou.
— E você ainda continua fazendo isso?
Perguntei.
— Eu não tenho o que fazer. Eu tenho que fazer isso… Eu não sou uma pessoa boa, então é melhor que você não se aproxime de mim… Eu amo muito a Amanda, mas não sei se vou continuar com esse relacionamento, pois tenho medo que aconteça algo com ela.
Respondeu.
— E quem é a pessoa para a qual você trabalha?
Perguntei.
— Tem vários homens, mas o chefe é o Carlos e o André, o filho dele… Comandam tudo.
Respondeu.
Mas a vida não poderia ter tantas coincidências assim… Carlos era o nome do pai do André, o amigo do Paulo. Mas não poderia ser verdade… O André que eu conhecia não era um criminoso.
Peguei o meu telefone e entrei no contato do André, e lhe mostrei a foto.
— Por acaso o André que você está falando, é esse aqui?
Perguntei. Logo, ele se assustou.
— Porque você tem o número dele?
Perguntou, assustado.
— Ele é amigo do sobrinho da mulher que me adotou.
Respondi.
— Esse homem é um criminoso. Vocês precisam ficar longe dele.
Falou.
— Mas ele nunca demonstrou ser uma pessoa assim…
Falei, decepcionada.
— Mas ele é, infelizmente. Eu preciso ir pra casa, estou com um pouco de dor.
Falou, se levantando.
— Onde dói?
Perguntei, preocupada e me levantando.
— Eu levei um tiro de raspão.
Respondeu, tocando na barriga.
— Mas porque? Vá para o hospital.
Perguntei, triste.
— Eu não posso… A polícia que me atirou. Eu invadi uma loja pra bater no dono. Olha… Não fique tão perto de mim, eu sou seu irmão, mas eu não sou uma boa companhia pra você.
Respondeu, com os olhos cheios de lágrimas.
— Deixe eu ver o ferimento.
Pedi, me aproximando. Então, ele suspendeu a camisa e me mostrou.
— Impossível.
Falei, assustada.
— Não está tão feio, já está melhor.
Falou.
Mas estava muito feio sim. Mas não era por isso que eu estava assustada. Ele tinha uma tatuagem de aranha, igual a do Rodrigo.
— Deve doer muito… Me desculpa, mas eu fiquei assustada com outra coisa.
Falei.
— O quê? Eu não uso drogas e eu malho frequentemente…
Perguntou.
— Não é nada disso… O que essa tatuagem significa? Eu conheço uma pessoa que tem uma da mesma, só que no pescoço.
Perguntei.
— Depende… Não tem um significado exato. Mas, todos que trabalham para o Carlos, tem uma tatuagem dessa… Que para ele, vai significar lealdade a facção dele. Somos uma facção. Quem é a pessoa que você conhece?
Perguntou.
— O nome dele é Rodrigo.
Respondi.
Daniel se assustava.
— Você tem foto?
Perguntou.
Recordei-me que ainda tinha o contato dele. Então, lhe mostrei a foto…
Ele ficou de boca aberta, no mesmo instante.
— O que o Rodrigo é seu?
Perguntou.
— Bom… Ele me pediu em namoro 2 meses antes do assassinato dos meus pais adotivos e eu havia aceitado. Mas como eu fiquei muito mal com a morte deles, nunca mais tinha me comunicado com ninguém. Inclusive, tem várias ligações e mensagens que não foram atendidas.
Respondi.
— Não fica perto dele, ele trabalha para o Carlos também, e é perigoso. Mas… Como foi o assassinato dos seus pais adotivos?
Perguntou.
— Foi um pouco tarde da noite. A casa é próxima a padaria da Elisângela. Sabe onde é?
Perguntei.
E eu percebi que o Daniel estava pensando, como se estivesse se recordando de algo…
— A casa do portão branco…
Sussurrou.
— Sim. Lá mesmo… Você viu nas notícias?
Perguntei.
— Não, Melissa… Depois do que eu vou falar agora, você nunca mais vai querer olhar nos meus olhos novamente.
Respondeu.
— O quê? Não me diga que você matou os meus pais…
Perguntei.
— Não, não fui eu que os matei… Mas no dia do assassinato, eu colaborei e fiquei vigiando em frente a casa.
Respondeu, chorando.
Me afastei e ele se aproximou de mim…
— Eu… Eu sinto tanta a falta deles. Meus pais.
Falei, lembrando do sorriso deles e pondo a mão na boca.
— Me desculpa, Melissa… Já falei que deve ficar longe de mim. Eu sou uma desgraça, não me procura, porque eu não quero que você se machuque.
Falou, chorando muito e em seguida, me deixou lá… Eu estava confusa.
Ele me deu um beijo na testa, subiu em sua moto e me deixou lá…
O Daniel que eu sentir falta a vida toda, não era aquele Daniel… Para onde foi parar o meu irmão com o sorriso genuíno? A vida não tinha sido generosa com ele, então eu o compreendia e não o odiava. Porque no final, ele fez tudo aquilo pra me salvar, porque ele não queria que me machucassem, então ele se sacrificou por minha causa…
Eu não queria que o Paulo soubesse de nada, já que tínhamos combinado de jantar juntos.
Eu voltei pra casa e almocei sozinha, passei o dia esperando pela noite…
E durante o dia inteiro, o Rodrigo não parava de me ligar.
Quando foi a noite, liguei para o Paulo.
— Paulo, pode vir me buscar?
Perguntei.
— Vou passar aí agora. Já está pronta?
Perguntou.
— Estou. Vem rápido.
Respondi, desligando em seguida.
Esperei em frente de casa, ansiosa.
Em uns minutos, Paulo estava lá. Parou o carro e abriu a porta.
— Ao invés de jantarmos, vamos passar naquele depósito e comprar bebidas? Eu quero beber.
Perguntei, dentro do carro.
— O que aconteceu durante o dia? Parece que você chorou… Quer beber pra esquecer o quê?
Perguntou, curioso.
— Eu só estou com vontade de beber… Me acompanha?
Perguntei.
— Tudo bem, vamos lá.
Respondeu, dirigindo em seguida.
— Eu vou lá, fique dentro do carro, esse bairro é perigoso e não tem muito movimento.
Pediu, saindo em seguida.
Mas, assim que ele entrou, o Rodrigo me mandou mensagem, falando pra mim sair do carro, que estava me vendo e queria falar comigo.
Eu li a mensagem e olhei tudo, mas não vi ele. Eu era uma grande curiosa, e é como dizem… A curiosidade matou o gato.
Desci do carro, fazendo ao contrário do que o Paulo havia me pedido.
Assim que desci, o Rodrigo veio até mim.
— Eu estava com saudades de ver o seu rosto… Você está mais bonita.
Falou, se aproximando e eu me afastava para trás.
— Não chega tão perto assim…
Pedi.
— Porque não? Somos namorados.
Falou, se aproximando mais.
— Paulo?!
Gritei, em seguida ele tapou a minha boca e me puxou para um beco, bem próximo ali.
— Me solta, Rodrigo.
Pedi.
Mas ele apertava o meu braço.
— Quero que você seja minha… Eu quero tanto você.
Falou, me beijando em seguida. Eu tentava me soltar, mas eu não conseguia. Lutei e consegui afastar os nossos lábios…
— Me deixa ir embora, por favor… O Paulo está me esperando.
Falei.
— Mas eu sou o seu namorado. Vamos ficar juntos hoje.
Falou, tocando nas minhas pernas. Ele me dava nojo…
— Me solta, desgraçado.
Gritei.
Mas ele só ficava mais furioso e me jogou no chão, ficando em cima de mim.
— Você vai ver só como é ser um desgraçado de verdade.
Falou, desabotoando a minha blusa, e eu tentava tirar as suas mãos dali.
— Não, por favor… Não!
Gritei, ele me olhava com ódio e me deu um tapa.
— Não grita, linda. Isso me deixa irritado e eu não quero te machucar.
Falou, tocando no meu corpo.
Mas a minha boca já estava quebrada e ele já tinha me machucado.
— Por favor, alguém me salva…
Pensei.
Ele estava louco e queria abusar de mim a qualquer custo. Mexia nas suas calças e me tocava e eu chorava tanto.
Quando começou a tocar na minha intimidade, eu gritava e chorava muito.
Alguém chegou por trás chutou o Rodrigo… Era o Paulo… A pessoa que sempre viria para me salvar.
— Paulo?!
Gritei, me levantando.
— Vá para o carro e me espere lá.
Falou.
— Eu vou sair daqui com você.
Falei.
Rodrigo se levantava e ia em direção do Paulo, começaram a brigar brutalmente. O meu telefone estava no carro, então como eu ligaria para a polícia? Era um beco escuro e estreito. Eu apenas chorava, com medo, não tinha como passar por ali.
— Solta ele, Rodrigo!
Gritei.
O Rodrigo estava em cima do Paulo, mas o Paulo conseguia tirá-lo e levantou-se.
— Vamos embora, Melissa.
Me chamou, pegando na minha mão. Rodrigo estava no chão, mas levantou-se e o chamou.
— A Melissa vai ser minha.
Falou Rodrigo. E eu esperava, em uma distância de 2 metros.
— No seu sonho.
Respondeu Paulo.
Mas o Rodrigo estava com uma faca e furou a barriga do Paulo.
— Paulo!
Gritei.
Ele estava nitidamente com muita dor, mas deu um chute do Rodrigo e ele caiu no chão. O Rodrigo já havia apanhado muito.
— Você está bem?
Perguntei.
— Vamos rápido… Eu consigo dirigir, não foi grande o corte. Vamos pra minha casa.
Falou, me puxando… Entramos rapidamente no carro e ele começou a dirigir.
— Você é maluco? Eu não tenho carteira, então nem posso dirigir… Devemos ir para o hospital.
Falei.
— Você vai me ajudar quando chegarmos, tem um kit de primeiros socorros, é só lavar tudo…
Falou.
O Paulo era um maluco…
Quando chegamos na casa dele, ele estava gemendo de dor… Corremos para o quarto dele e eu paguei os medicamentos.
— Paulo, tira a blusa rápido.
Falei.
— Me ajuda, por favor…
Pediu.
Paulo estava suando muito e estava quente. O ajudei a tirar a blusa rapidamente.
— Meu Deus! Paulo, está sangrando muito.
Falei, pondo a mão na boca.
— Apenas lave com soro, por favor. E me dá um remédio pra febre, eu já estava um pouco resfriado. É por conta disso a febre…
Pediu.
Tentei estancar o sangue, lavei o ferimento e lhe dei o remédio.
Depois de uns minutos, Paulo parecia estar com muito sono, então estava cochilando.
— Paulo, você está bem?
Perguntei, tocando em seu rosto, sentada ao seu lado.
— Só estou com um pouco de sono. Melissa, a minha perna dói.
Falou, bem baixinho e com os olhos fechados.
— A febre está passando, durma um pouco, eu vou ficar do seu lado.
Falei.
Mas Paulo não me respondia mais, fiquei com medo, mas ele estava respirando e sua febre parecia estar cedendo.
— Paulo, você fez tanto por mim…
Falei, o olhando. Depois, eu adormeci ao seu lado…
Naquela noite, eu só tinha a certeza de que a única pessoa que eu tinha na minha vida, era o Paulo. Que eu não poderia confiar em mais ninguém, além do Paulo…
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Lucia Juhasc
num sei se esse Pauo é de confiança, por que não foi para um hospital?
2024-10-09
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Ester
tá tudo uma bagunça Paulo não querer ir ao hospital já acho que ele sabe de alguma coisa mas não parece ser uma pessoa ruim
2024-10-04
0
Ester
ela caçou isso dês do início sabia que ele não presta e ficou com ele foi burra tapada agora sabe toda a verdade e ainda dá margem pro azar arque com as consequências tonta e ainda tem mais o tal amigo de Paulo e pai do tal amigo onde se encaixa nesta história que não tem nexo até agora não dá pra entender nada
2024-10-04
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