2 meses depois

2 meses depois…

Depois de dois meses do assassinato da Bianca e do Leonardo, a minha vida ainda não tinha voltado ao normal… Eu não conseguia comer bem, mas o Paulo insistia e levava comida pra mim no meu quarto, mesmo estando sofrendo com a morte dos tios, ele me ajudava. Eu me sentia egoísta e parecia que eu só pensava em mim mesma. Eu não conseguia trabalhar, então o Paulo passou a abrir a floricultura em meio período e fez todo o trabalho sozinho. Eu não conseguia sair, então a tia Sabrina foi me visitar e conversar comigo sempre. Eu não pegava no telefone e não atendia ligações, então a Amanda costumava passar pra me ver. Mas depois daquele dia, eu nunca mais vi o Rodrigo. Não atendi nunca as suas ligações, nem respondi as suas mensagens e ele nunca foi me ver…

Eu percebi muita coisa, durante esse tempo. Que não dá pra viver como morto, estando vivo. A vida teria que continuar, porque era isso que os meus pais queriam… Mas que engraçado… Eu tive dois pais e duas mães, mas eu perdi os quatro. O quão injusta a vida poderia ser? Mas eu sabia que eu sempre ia ter o Paulo do meu lado, que mesmo estando com dor, ele ia cuidar da minha. Mas quem iria cuidar da dele? Eu era a pessoa egoísta ali. 

A minha tia se preocupava comigo e até a Amanda ia me ver. Mas o Rodrigo pra mim, era suspeito. Eu sempre pensava a mesma coisa… Que o Rodrigo havia armado aquilo tudo…

Naquele dia, acordei como em todos os outros… A minha rotina era chata, eu não fazia nada, mas eu tive um sonho, onde a Bianca me falava pra eu viver e ser feliz, porque eles estavam bem. Quando acordei, sentir o meu coração quente. 

O Paulo abriu a porta e levou o meu café da manhã. 

Então, eu o recebi com um sorriso.

— Aqui está o seu café, coma tudo.

Falou. Então, eu sorri.

— Você está sorrindo?

Perguntou, surpreso.

— Eu sonhei com a mamãe Bianca. Ela disse que eu devo viver e ser feliz. Eu vou me esforçar pra fazer a vontade dela.

Respondi, emocionada. Logo, o Paulo me dava um abraço.

— Você é forte e você consegue. Eu estou aqui.

Falou.

— Você sempre vai estar comigo, mas eu também quero estar contigo. Você está precisando de algo?

Perguntei, tocando em suas mãos.

— Eu estou bem. Eu conseguir lidar bem… Os meus tios eram como verdadeiros pais, já que eu passava boa parte do meu tempo com eles, desde a infância, já que os meus pais sempre foram muito ocupados, então a morte deles doeu muito em mim e dói até hoje, mas eu tenho certeza que eles são aquelas duas estrelas que eu olho todos os dias para o céu e consigo sorrir. Eles são o motivo pelo qual eu fiquei feliz a vida toda, mas também foram o motivo pelo qual eu mais chorei. Então, eu apenas sou grato e devo continuar vivendo, por toda a alegria que eu sentir um dia perto deles. Faça o mesmo, Melissa. Eles te amavam muito.

Falou, emocionado. Eu não conseguia conter as minhas lágrimas. E o Paulo as enxugava. 

Eu não podia mais explicar o que o Paulo significava pra mim… Eu o amava muito. 

— Obrigada, Paulo… Obrigada por ser essa pessoa que você é, eu vou seguir em frente. 

Falei, sorrindo.

— Vamos sair pra comer hoje a noite?

Perguntou. 

— Vamos. Eu quero ir trabalhar com você hoje, também quero ver a Amanda e almoçar com ela. Tudo bem?

Perguntei.

— Claro, pode fazer tudo isso. Vamos lá.

Respondeu, sorrindo.

Saímos para a floricultura, trabalhamos pela manhã e no horário de almoço, telefonei para a Amanda.

— Amiga, será que podemos almoçar hoje? 

Perguntei.

— A minha amiga está bem? É sério? Claro que vamos almoçar hoje. Mas hoje é aniversário do Daniel, então combinamos de passar o dia juntos. Será que ele pode ir comigo no almoço?

Perguntou. 

Mas como aquilo era possível? O aniversário do Daniel, era no mesmo dia do aniversário do meu irmão… Fiquei sem reação e não conseguia falar nada, só fiquei muito assustada. Tudo parecia fora do normal e as coisas não davam trégua, tudo acontecia diariamente, como uma pancada. 

— Alô?

Chamou a Amanda, devido a demora para a minha resposta.

— Claro, amiga. Ele pode ir. Desculpa perguntar, mas quantos anos o seu namorado está completando?

Perguntei, com medo.

— 21 anos, amiga. 

Respondeu.

Aquilo era mesmo verdade? Que tipo de coincidência era aquela? Daniel, 21 anos, chorou quando eu falei do meu irmão e me liberou do cativeiro e poupou a minha vida… 

Porque eu nunca tinha juntado tudo aquilo? O maluco que tinha batido no carro do Paulo, era o meu irmão… Aquele Daniel, era o meu irmão e ele sabia disso. 

— Podemos almoçar naquele restaurante que sempre vamos?

Perguntou, mas eu ainda estava muito assustada e pensativa. 

— Sim, amiga. Eu estou indo…

Respondi, desligando em seguida. 

Fui rapidamente para o restaurante e vi a Amanda e o Daniel conversando… Aquele era mesmo o meu irmão que eu procurei a vida inteira?

— Boa tarde. 

Falei, um tanto triste. 

Amanda me abraçou. 

— Senta. Como você está?

Perguntou. 

— Estou bem. Feliz aniversário pra você.

Falei, me sentando. 

— Preciso ir ao banheiro, me esperem e não peçam sem mim.

Falou, rindo.

— Não se preocupe.

Falei.

Era o momento perfeito, parecia que aquele momento era o da minha sorte. 

— Sabe? Eu procurei por tantos lugares… Eu procurei naquele orfanato, eu procurei nos bairros, eu procurei na internet, mas eu nunca imaginei que iria te achar assim… Ao lado de uma amiga do ensino fundamental. 

Falei, olhando pra ele triste. Era impossível segurar a lágrima. Assim que caiu, eu enxuguei e baixei a cabeça.

— Do que está falando?

Perguntou, se fazendo de desentendido.

— Você sabe muito bem do que eu estou falando… Você é o meu irmão, Daniel. E você já sabia disso.

Respondi, olhando pra ele.

— Eu não vou negar… Eu suspeitei disso quando você me falou o seu nome e que sentia falta do seu irmão que se chamava Daniel, a sua história se parece com a minha. Mas não podemos saber se realmente…

Antes dele concluir, o interrompi.

— Sou Melissa, atualmente tenho 19 anos de idade, perdi os meus pais quando eu tinha 6 anos e o meu irmão Daniel tinha 8, meu pai se chamava André e a minha mãe Sara, fomos adotados por casais diferentes e fomos separados. E hoje, é o dia em que o meu irmão faz aniversário. Será que não somos irmãos?

Perguntei, chorando.

— Você é a minha…

— Cabeça de cenoura! Sou eu. 

Completei. Era um apelido pelo qual ele me chamava e eu tinha uma memória tão boa, que eu jamais pude esquecer. 

Então, ele começou a chorar… 

Levantei e fiquei perto dele. 

— Será que depois de 13 anos, eu posso ter um abraço do meu irmão?

Perguntei. 

Ele não respondeu nada e me deu um forte abraço. Logo, a Amanda voltou do banheiro e interpretou tudo errado. 

Chegou me puxando do Daniel.

— O que isso significa, Melissa?

Perguntou, brava e apertando o meu braço.

— Não é nada disso que você está pensando… O Daniel é o meu irmão. 

Respondi.

— Como assim irmão? Espera… O seu irmão Daniel, é o meu namorado Daniel?

Perguntou, soltando o meu braço.

— Sim. Não resta dúvidas, somos irmãos… 

Respondi. 

Em seguida, ela me deu um abraço.

— Me perdoa… Eu fico muito feliz por você ter encontrado o seu irmão. 

Falou. 

Me aproximei do Daniel e toquei em seu rosto.

— Você não faz idéia do quão foi doloroso passar todos esses anos sem poder olhar no seu rosto e te dar feliz aniversário. Em todos os seus aniversários, eu me perguntava se você ainda estava vivo, quando eu ia te encontrar e quando eu ia te abraçar… 

Falei, chorando. Comecei a ficar tonta.

— Amiga, você não parece bem… Se senta.

Falou Amanda, segurando o meu braço e me ajudando a sentar. 

— Vocês tem muito o que conversar, então vocês devem sair daqui e irem para uma praça. 

Falou. 

— Mas e o nosso almoço?

Perguntei.

— Vocês tem um assunto que só vocês devem tratar. Eu não faço parte disso, você passou muito tempo longe do seu irmão, então aproveitem e conversem tudo. Eu irei pra casa.

Respondeu, tocando nas minhas mãos. 

— Obrigada, Amanda. Eu espero não estar atrapalhando.

Falei, triste. 

— Você não atrapalha.

Falou, sorrindo… Depois, deu um beijo no Daniel e saiu…

Era mesmo verdade? Eu não podia acreditar que o meu irmão estava ali… Depois de tanto tempo, depois de tanto querer ver o rosto dele, eu passei todos os anos, me perguntando o que ele tinha se tornado. Mas nada estava bem ainda, ele não estava seguro e tínhamos muito o que falar ainda… Por um momento, eu havia esquecido do cativeiro. Mas obviamente eu iria esquecer, eu estava vendo o Daniel… E não parecia nada com o Daniel de 8 anos, que sorriu genuinamente para mim, quando foi levado do orfanato e deixou o meu abraço. Doía tanto, mas tanto… 

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Comments

Eumery

Eumery

É porque é o seu irmão.

2024-08-08

2

Eumery

Eumery

Também acho que foi o Rodrigo.

2024-08-08

1

Eumery

Eumery

O Paulo é um fofo ❤️

2024-08-08

1

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