Meu pressentimento

Eu estava a dormir tranquilamente, quando me assustei com um pesadelo. Eu tive um sonho, onde todos estavam-me traindo e pessoas que eu não conhecia estavam a jogar facas em mim, mas o meu único pensamento quando eu acordei, foram os meus pais... A Bianca e o Leonardo. Eu estava com um pressentimento horrível sobre eles.

— Mãe, pai.

Sussurrei, me levantando da cama.

Desci as escadas correndo e a ajudante da minha mãe estava a limpar a sala…

— Lara, e os meus pais?

Perguntei, assustada.

— Eles foram para a empresa após o almoço, mas não retornaram.

Respondeu.

— Obrigada, Lara.

Agradeci, triste.

— A senhorita está bem?

Perguntou.

— Eu estou... Se os meus pais chegarem, chame-me por favor. Sim?

Pedi, sorrindo.

— Claro.

Eu subir para o meu quarto novamente e peguei o meu telefone... Liguei para o Paulo.

— Alô? O que foi? Você acordou-me, Melissa.

Falou o Paulo, sonolento.

— Desculpe, eu acordei e estou a sentir uma coisa muito má. Um pressentimento.

Falei.

— Estou a ir aí... Espera-me.

Falou, desligando em seguida.

Enquanto esperava o Paulo, sentei-me no chão ao lado da minha cama. Eu estava tão pensativa, que pensei que ficaria maluca.

Estava com a minha cabeça baixa, quando bateram na porta. Levantei rapidamente e fui abrir.

— Paulo! Que bom que chegou!

Falei, o abraçando desesperada.

— Está tudo bem, Melissa.

Falou, me consolando...

— Entra, Paulo.

Falei, puxando o seu braço.

— O que realmente aconteceu?

Perguntou, se sentando na cama.

— Paulo, eu sonhei que pessoas me traíram, e desconhecidos jogavam facas em mim. Mas quando eu acordei, sentir um pressentimento muito má. Eu pensei nos meus pais.

Respondi.

— Nos meus tios?

Perguntou.

— Sim. Eu desci e a Lara falou-me que eles não voltaram depois do almoço e que eles foram para a empresa. Mas não acredito que tenham voltado para trabalhar, nos finais de semana eles sempre ficam em casa. O que está a acontecer, Paulo?

Perguntei, desesperada.

— Melissa, você precisa manter a calma... Eu não faço idéia do que esteja acontecendo, eu mal falei com os meus tios hoje. Eu tenho certeza que tudo irá se resolver e eles ficarão bem.

Respondeu Paulo, tocando na minha mão.

— Fica aqui comigo e espera eles chegarem, por favor... Não vai pra casa agora.

Pedi, chorando.

— Não chora, Melissa. Eu estou aqui.

Falou, enxugando as minhas lágrimas. Então, eu me aproximei e o abracei.

Fiquei ali por um instante.

Após 5 minutos, bateram na porta do meu quarto.

Corri e abrir.

— Oi, Lara. Meus pais chegaram?

Perguntei.

— Chegaram sim, pediram para te chamar.

Respondeu, sorrindo.

— Obrigada, eu já vou.

Falei. Olhei para o Paulo e sorri, desci e ele me acompanhou...

Quando cheguei na sala, a Bianca e o Leonardo ambos estavam com uma caixinha nas mãos.

— Mãe, pai. Eu estava com saudades.

Falei, olhando para os dois.

— Aqui, minha filha

Falou a Bianca entregando-me a caixa.

— Abra.

Disse o Leonardo, em seguida me entregando também.

— O que é isso?

Perguntei.

— Apenas abra.

Respondeu Bianca.

Sentei-me e abrir a caixa da Bianca. Ela sentou-se do meu lado.

— Que colar lindo, mamãe. Muito obrigada!

Falei, olhando para o presente e sorrindo.

— É lindo... E dentro dele, tem uma foto nossa.

Falou.

— Sério? De verdade?

Falei, surpresa. Abrir o colar e lá estava a nossa foto... Era tão linda, e eu sentia-me uma pessoa tão feliz e iluminada naquele momento.

— Gostou?

Perguntou.

— Eu amei.

Respondi, emocionada.

— Abra o do seu pai.

E logo, abrir o presente do Leonardo…

Eram alianças... Lindas alianças e nitidamente eram bem caras. Mas, porque ele estava-me dando aquilo?

— São lindas, papai. Mas eu não vou casar-me em breve... Então?

Perguntei.

— Quero que quando se casar, use essas alianças. Tudo bem?

Pediu.

Levantei-me e dei-lhe um abraço. Logo, comecei a chorar...

— O que aconteceu?

Perguntou.

Larguei do seu abraço e olhei para ele e para a mamãe.

— Não é nada... Mãe, pai. Eu acho que já faz um tempo desde a última vez, que eu expressei a minha gratidão e amor por vocês. Hoje, eu tive um pressentimento muito ruim, então pensei em vocês... Eu só quero lembrar que eu amo muito vocês e quero que façam parte de cada fase da minha vida. Eu não posso explicar o quanto eu amo vocês e o quanto eu preciso de vocês na minha vida. Quando eu não desejava mais respirar, por que estava sem ninguém, vocês chegaram e pegaram a minha mão, dizendo que iam ser os meus pais. Quando eu estava no escuro e sozinha, vocês tiraram-me de lá e mostraram-me a luz. Quando eu achei que não teria ninguém para dividir as minhas coisas, vocês apresentaram-me o Paulo. Obrigada por fazerem parte da minha vida, e obrigada por serem e apresentarem as melhores pessoas da minha vida! E por mostrarem-me que é bom viver e que ainda dá tempo de fazer isso.

Falei, chorando. E o Paulo me olhava emocionado.

— Minha querida filha... Nunca pude gerar um bebê, mas você é minha filha. Não é de sangue, mas eu cuidei com tanto amor.

Falou Bianca, me olhando e chorava... Mas mesmo chorando, enxugava as minhas lágrimas.

— Você é muito importante para todos nós, Melissa. Você é adorável, eu sou muito feliz por ter você ao nosso lado. Todos nós somos imensamente felizes.

Falou Leonardo, emocionado.

— Agora chega de choradeira e vamos naquele restaurante caro que o meu tio Leo vai pagar!

Falou Paulo, gargalhando. Ele era a pessoa que fazia sempre todos rirem, acabando com o clima chato.

— Vamos, é por minha conta.

Disse o papai sorrindo.

— Esperem-me, eu vou arrumar-me bem rápido e já desço.

Falei, sorrindo.

Subir as escadas e fui arrumar-me... Eu estava mais feliz do que nunca, eu sentir uma coisa surreal. Eu nunca havia-me sentido tão feliz como naquele início de noite daquele dia.

Arrumei-me e desci, todos estavam-me esperando.

— Vamos logo, gente.

Falei, sorrindo.

— Nossa, Melissa... Vai ser madrinha de um casamento assim?

Perguntou Paulo, me olhando.

— Que exagerado.

Respondi, sorrindo.

— Desse jeito, vou pensar que você está apaixonado pela Melissa.

Falou Bianca, rindo.

— Claro que não, ela é como uma prima para mim. Definitivamente ela é minha prima.

Falou Paulo, nervoso.

— Gente, não precisa disso. O Paulo gosta de encher a minha paciência mesmo.

Falei.

— Vamos! E Paulo, não encha mais a paciência da Melissa.

Falou Bianca, sorrindo.

— Eu não faço isso com ela.

Negou, bravo.

Nós rimos e fomos para o restaurante.

Naquela noite, eu estava tão feliz, comemos, conversamos, rimos muito... Naquele dia, o Paulo tinha toda a razão... Tudo iria ficar bem e a vida continuaria bem. Eu não entendia a importância que a vida tinha, até sentir que eu poderia perder o que eu amava e quem eu amava... Eu estava sempre solitária, mas se eu perdesse os meus pais e o Paulo... O que eu faria, então? Eu me sentiria muito pior, se eu perdesse aquelas pessoas...

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