As armações do Rodrigo

Quando cheguei na floricultura, o Paulo já havia aberto, que eu pensei.

— Bom dia, Paulo! Como está?

Perguntei, colocando a minha bolsa na mesa e olhando-lhe.

— Onde você passou a noite? Tentei ligar-te, mas você não me atendeu.

Perguntou.

— Perdoa-me, eu fiquei sem bateria. Eu dormir na casa da minha tia... Conversamos ontem e eu decidi ficar lá.

Respondi.

— Entendi. E as suas perguntas foram respondidas?

Perguntou.

— Foram... Algumas foram, mas eu ainda não entendo o acidente dos meus pais. Sabe? Na minha cabeça foi propositado, só porque a pessoa fugiu.

Respondi, pensando.

— Talvez a pessoa percebeu o quão grande foi o baque e decidiu fugir para não assumir a responsabilidade. As pessoas são assim…

Falou, triste.

— Você tem razão!

Concordei.

— Eu vou sair para pegar o meu carro. OK? Eu não vou demorar, portanto, espere-me bem aqui.

Falou, contente.

— OK, irei esperar.

Falei. Em seguida, ele saiu.

Era bom saber que ele não ficara traumatizado. Ele iria dirigir normalmente.

Eu estava mesmo precisando de um carregador e comecei a procurar, então eu achei o carregador do Paulo em uma das gavetas.

— Aí, que felicidade! Vou carregar o meu telefone.

Falei, pondo na tomada. Em alguns minutos o meu telefone tocou... Era o Rodrigo. Eu não sabia se eu realmente deveria atender aquela ligação.

— Alô?

Atendi.

— Podemos nos ver? Eu quero mostrar-te algo.

Perguntou.

— Mostrar-me o quê?

Perguntei, curiosa. Na verdade, eu estava a começar a ficar assustada.

— Posso buscar-te e trazer-te para a minha casa?

Perguntou. Mas nem a pau ele respondia a minha pergunta.

— O meu primo saiu, então eu não posso deixar a floricultura... Pode ser quando ele voltar então?

Perguntei.

— Pode ser. Penso que você irá se sentir desconfortável se lhe trouxer para a minha casa. Vamos num lugar que eu gosto muito de ir. Tudo bem?

Perguntou. Porque parecia tão suspeito? Ele era estranho, totalmente...

— Tudo bem...

Respondi, desligando em seguida.

Não consegui parar de pensar nele... Depois de uns minutos, o Paulo chegou.

— Paulo, graças a Deus.

Falei, me levantando e ficando de frente para ele. Peguei na sua mão e ele não entendia nada.

— É... Eu peguei o carro e agora podemos fazer as entregas para os seus clientes com várias amantes.

Falou, gargalhando.

— Sim... Que bom! isso também! Mas, eu quero perguntar-te algo... Se por acaso você fosse uma garota e um cara chamasse-te para ir num lugar que você não conhece, você iria?

Perguntei.

— Que pergunta é essa, Melissa? Se eu conhecesse a pessoa, eu iria. O que está a acontecer?

Perguntou, preocupado.

— O Rodrigo... Ele quer me mostrar, falar-me algo. Eu não sei direito... Ele deixa-me completamente confusa. Eu vou?

Perguntei.

 — Vocês se conhecem, então talvez você devesse ir. Ele pode até querer fazer-te um pedido de namoro legal.

Respondeu.

— Certo... Pode cuidar da floricultura para mim? Eu juro que não vou demorar. Apenas 30 minutos.

Pedi.

— Você nem mesmo sabe para onde está a ir. Como será apenas por 30 minutos? Não se preocupe, eu cuidarei de tudo.

Falou, sorrindo.

— Você é o mais incrível, Paulo!

Falei.

Liguei para o Rodrigo e o esperei em frente a floricultura.

Mas eu sentia-me mal... Eu sempre pedia para o Paulo cuidar de tudo para mim.

O Rodrigo não demorou muito, parecia até que ele vivia-me seguindo.

Gentilmente, sempre abria a porta do carro para mim.

— Para onde estamos a ir?

Perguntei, assim que ele começou a dirigir.

— Vi que o seu primo já pegou o carro, fico feliz por isso…

Falou.

Era a coisa que eu mais desgostava nele. Ele sempre fugia da pergunta quando não queria responder e aquilo irritava-me. Ele fazia de uma forma, que eu me sentia constrangida em perguntar novamente.

— É, Mas para aonde vamos?

Perguntei, novamente.

— Vamos comer costelas de porco e tomar chopp...

Falou.

Era impossível. O que aquele homem era? Essa foi a minha última refeição com a Amanda. O que estava a acontecer?

Eu apenas ignorei e tentei não demonstrar medo.

— Tudo bem.

Respondi, tentando mostrar naturalidade. Mas nada estava normal ali...

Ele parou em frente a um lugar estranho, tinha música alta. Mas quando entramos, não tinha muitas pessoas.

Sentamos numa mesa e eu fiquei a olhar tudo ali.

— Que lugar é esse?

Perguntei, observando.

Afinal de contas, ele era advogado. Porque ele frequentaria um lugar daqueles?

— Eu adoro vir aqui.

Falou. Logo, chamou o garçom e pediu.

Começamos comer e eu não deixava de observar aquele lugar.

Depois, o telefone dele tocou.

— Eu já volto... Preciso atender. Me espere aqui.

Pediu. E eu concordei.

Mas o Rodrigo estava a demorar e um homem aproximou-se de mim…

— Oi, gatinha! vamos beber?

Perguntou um homem, sorrindo malicioso.

— Não, muito obrigada. Eu preciso usar o banheiro. Com licença.

Falei. Eu estava a sentir muito medo, eu nunca havia frequentado um lugar assim.

Eu comecei a procurar o banheiro e quando fui dobrar um corredor, ouvir a voz do Rodrigo e decidi escutar o que ele estava a falar…

— Eu já falei que as coisas precisam ser feitas com calma... Eu ainda não consegui fazer nada com a garota…

Sussurrou... Com quem ele estava a falar? De quem era aquela ligação que ele recebera? E a garota que ele estava a falar, era eu?

Perguntei-me...

— Eu vou ser bem sincero com você. Eu não tenho coragem de fazer isso com ela... Ela é tão doce... Eu sei, cara! Eu sei... Vou pedir ela em namoro e vou conseguir o que você me pediu.

Falou. Ele parecia tão nervoso. Era de mim mesmo que ele estava a falar. Imediatamente, deu-me uma vontade imensa de chorar e sair dali. Mas seria muito pior, eu tinha que fingir que não estava a saber de nada. Percebi que ele havia ficado quieto, então sair a correr e voltei para onde estávamos sentados. Eu não queria que ele soubesse de nada.

Conseguir sentar-me e esperar ele. Então... Ele voltou. Eu engoli o meu choro e sorri.

— Voltei... Era do trabalho.

Falou, sentando.

— Entendi.

Respondi.

Trabalho? Só se for...

Me olhou profundamente e tocou nas minhas mãos, que estavam sobre a mesa.

— Bom... O verdadeiro motivo pelo qual eu lhe trouxe aqui, é porque eu quero pedir-te em namoro. Melissa, você quer ser minha namorada?

Perguntou.

E naquele momento, o que eu deveria fazer? Que medo inexplicável eu sentia! Que sentimento mais horrível!

— Aceito!

Respondi. Eu havia falado aquilo no calor do momento, eu sabia perfeitamente que eu iria arrepender-me de tudo depois. Mas fiquei com tanto medo de dizer não, mas também foi com muito medo que disse sim.

— Eu queria muito te pedir isso num lugar que eu gosto. Eu pensei que fosse muito cedo, mas é ótimo que você tenha aceitado.

Falou, sorrindo.

— Você tem muitos amigos? Espero que me apresente adequadamente a seus amigos e familiares.

Perguntei.

Aquela pergunta o deixava nervoso.

— É... Eu tenho alguns. Posso apresentar-te a minha mãe, o meu pai mora muito longe.

Falou.

— Bom... Posso apresentar-te aos meus pais também.

Falei, feliz. Mas ele não parecia nenhum pouco contente.

— Mas já? Eu penso que eu posso deixar para conhecer as pessoas que lhe criaram depois...

Falou, um tanto nervoso.

A mamãe Bianca e o Papai Leonardo também estavam envolvidos naquilo?

— Tudo bem, como quiser... Já está tarde, eu não quero sobrecarregar o Paulo. Leve-me de volta para a floricultura, por favor...

Pedi, olhando para o relógio.

— Claro...

Eu não podia deixar de pensar no que eu ouvir... O que aquele homem queria comigo? Quem ele era? O que os meus pais tinham a ver com aquele assunto? Porque ele estava atrás de mim? E de quem era a ligação que ele recebeu?

Todas essas perguntas ficavam a martelar na minha cabeça, e eu não tinha nenhuma resposta sequer... Era tão estranho e triste. Eu havia aceitado o pedido de namoro de um maluco, só por estar com medo…

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Comments

Lucia Juhasc

Lucia Juhasc

aposto que é aquela amiga dela que esta de tramóia com ele, ele sabe de tudo dela

2024-10-09

0

Ester

Ester

burrinha

2024-10-04

0

Ruby_beens

Ruby_beens

Entendeu, o trabalho dele é enganar você 😕🥺

2024-09-29

1

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