Conversa necessária

No outro dia, acordei bem cedo e sentir o cheiro de café. Fui logo para a cozinha e a minha tia estava lá. Enquanto ela estava de costas lavando uns pratos, fiquei a observar ela. Era isso que os meus olhos estariam a ver, se a minha mãe estivesse aqui. O quê? Eu apenas deveria estar grata.

Ela virou-se e me viu a observando.

— Você acordou, querida. Não fique aí, venha tomar café comigo.

Falou. Logo, eu fui e sentei-me.

— Tia, por quanto tempo irá ficar?

Perguntei, curiosa.

— Ainda não tenho certeza. Acredito que um bom tempo.

Respondeu, se sentando.

— Isso é bom.

Falei, sorrindo.

Ela serviu-me café e eu tomei. Era doce…

— Conta-me... Quero saber como foi a sua vida até aqui.

Perguntou.

— Olha que eu vou ser uma tagarela, tá?

Falei, rindo.

— Conte-me tudo.

Pediu.

— Bom... Após perder os meus pais, eu e Daniel fomos mandados para um orfanato. Em muito pouco tempo, fomos adotados. Eu fui adotada por um casal incrível, já o Daniel... Eu não sei. Desde a época que fomos adotados, os meus pais adotivos sempre tentaram ajudar-me em questão a achar o meu irmão, mas nunca conseguimos achar... Era como se ele nunca tivesse existido. Então, eu achei muito amor e carinho naquele casal que me adotou. Quando eu cheguei em casa, achei uma pessoa que eu pudesse brincar. Ele era mais velho que eu, mas eu pensava que pudéssemos brincar normalmente. Afinal, ele só é 3 anos mais velho. Esse que estou a falar, é o Paulo. Ele é sobrinho da mulher que me adotou. Portanto, eu sempre o considerei como o meu primo. O tempo foi a passar e eu fui crescendo, nunca fiz muitos amigos na escola, eu sempre estava muito distante. Mas, no ensino fundamental, eu fiz uma amiga muito legal e um amigo também. A Amanda, era a mais especial do mundo para mim. Sempre estávamos juntas e o Paulo acabou se apaixonando por ela... O outro amigo, se chama André. O André já era amigo do Paulo, então ele apresentou-me. É infantil da minha parte o que vou falar agora, mas toda a vez que eu ia chamar ele, era estranho... Simplesmente por ele ter o mesmo nome do meu pai. Eu sei que é muito infantil isso, mas eu tinha que aprender que os nomes Sara e André não eram exclusivos para os meus pais, outras pessoas também eram registadas com aquele nome. Então, depois de um tempo, eu fui-me acostumando com isso. Eu cresci bem e saudável, eu só sentia muita a falta do meu irmão, dos meus pais... Até que eu terminei o ensino médio, e os meus pais adotivos foram ótimos para mim e me ajudaram a abrir uma floricultura. Como eles têm boas condições financeiras, ajudaram-me completamente com isso. O Paulo trabalha na floricultura comigo e eu sempre conto com ele para tudo que preciso, ele é muito especial para mim. E eu amo-o tanto... Mas, o verdadeiro motivo pelo qual eu abrir a floricultura, é para que as pessoas possam ser presenteadas enquanto vivas. Sabe? As pessoas costumam dar flores quando as pessoas morrem, mas os mortos não conseguem cheirar as flores, tocar nelas e ficarem felizes por receber algo tão bonito. O meu sonho era ganhar um buquê de rosas-vermelhas. Então, recentemente, eu ganhei. Um homem que eu conheci na padaria, presenteou-me com isso.

Falei, me recordando. E a minha tia ouvia atentamente.

— Que lindo... E esse homem, quem é? O seu namorado?

Perguntou.

— Ele não é meu namorado, mas eu confesso que gostaria que fosse.

Respondi, um tanto triste.

— Então... O que acontece?

Perguntou, muito curiosa.

— Nos beijamos. Mas ele nunca me falou sobre namorar comigo. É estranho, almoçamos juntos, tomamos café juntos e por bobeira, eu acabei indo na casa dele. Então, nos beijamos lá.

Respondi.

— Mas ele deve sentir algo por você, já que te deu flores... Como ele é?

Perguntou.

— Ele é alto, forte, tem ombros largos, cabelos castanhos e lisos, pele clara, olhos claros... Mas penso que isso não é o mais importante. Ele tem uma cicatriz no rosto, e tem duas tatuagens estranhas.

Falei, me lembrando do Rodrigo.

— Quais tatuagens?

Perguntou, séria.

— Ele tem uma tatuagem de aranha no pescoço e uma tatuagem de escorpião no braço. Quando perguntei o que significava, ele não me respondeu e desviou do assunto.

Falei, triste.

— E quantos anos esse homem tem?

Perguntou a minha tia. Ela parecia preocupada, logo após eu mencionar as tatuagens.

— Ele tem 23 anos.

Respondi. E a minha tia ainda mantinha a aparência séria e preocupada. Ela estava pensativa.

— Essas tatuagens podem ter muito significado, então depois tente perguntar novamente a ele sobre isso... A tatuagem é muito grande?

Perguntou.

— Não... São pequenas. E sobre a cicatriz no rosto, ele disse ter se machucado quando criança. Eu não sei porque, mas aquilo não me convenceu.

Respondi.

— Você gosta dele?

Perguntou.

— Eu não sei direito o que sinto, mas como ele é muito bonito e atraente, eu posso estar encantada.

Respondi, sorrindo.

— Poxa! Por um momento, eu jurei que você e o Paulo eram apaixonados e você iria contar-me um romance bonito e quente.

Falou, sorrindo de orelha a orelha.

— Claro que não, tia. Eu nunca vi o Paulo desse jeito, e o Paulo também nunca me viu assim.

Falei.

— Espere um pouco, dê tempo ao tempo e ele lhe mostrará quem é o seu verdadeiro amor.

Falou, tocando na minha mão em seguida.

— Eu espero que seja alguém bom, doce, caloroso e amável. Para ser bom comigo, e ame-me profundamente. Quando eu me entregar completamente a alguém, eu quero que seja assim.

Falei, sorrindo.

— Eu não tive experiência no amor, mas eu tenho um pouco de experiência na vida. Se precisar de alguém para contar essas coisas, conte comigo. Eu posso ajudar-te em relação a isso. Você está se guardando para uma pessoa especial, certo?

Perguntou, oferecendo a sua ajuda.

— Estou. Quando eu estive na casa desse homem, nos beijamos e ele parecia querer ir muito mais longe do que aquele beijo, então eu parei-o e falei que não tínhamos um relacionamento e não poderíamos passar daquilo.

Respondi, contando tudo.

— Você está muito certa. Não deixe que ele lhe use, seja cuidadosa. Sabe, sobrinha? Na época da adolescência, eu era muito maluca... Antes da sua mãe fugir com o seu pai, eu era muito feliz e também aventurava-me em muitas coisas. Então, eu acabei indo para o quarto com a pessoa errada. E eu arrependi-me muito.

Contou, com um olhar triste e distante.

— Poxa! E o que aconteceu depois?

Perguntei, preocupada.

— Ele só queria se divertir comigo, então falou que não queria mais nada comigo. A Sara deu uma tapa na cara dele, eu rir muito nesse dia... Apesar de estar com muita raiva, a Sara sempre me fazia sorrir.

Contou, sorrindo e deixando uma lágrima cair. Era aquele momento, que não sabemos se sorrimos ou choramos, então os dois sentimentos se misturam e veem juntos.

— Ele não deveria ter-te usado. Você é muito especial, tia.

Falei, sorrindo.

— Você também é muito especial, minha sobrinha linda.

Falou, tocando no meu rosto.

— Tia, preciso ir para o trabalho... O Paulo já deve ter aberto a floricultura. Estou a ir, não quero sobrecarregar ele. Além disso, tenho uns clientes exigentes que pedem por entrega imediatamente, e o Paulo sofreu um acidente a uns dias e ele ainda não pegou o carro, suponho que ele deve pegar hoje ou amanhã. Então, preciso ajudar ele.

Falei. Em seguida, levantei-me e a minha tia também. Então, dei-lhe um abraço.

— Querida, foi ótimo conversar com você.

Falou, me abraçando.

Soltei do seu abraço e olhei-lhe.

— Eu adorei estar aqui. Obrigada pela conversa. Fique saudável e se cuide, tia.

Falei, sorrindo.

De repente, já não era mais uma dificuldade chamar ela de "tia". Eu adaptava-me rápido com algumas coisas na maioria das vezes. E ela era tão especial, que ficou mais fácil de me adaptar. A tia Sabrina já ganhara meu carinho, eu estava a adorar ficar perto dela e conversar com ela era bom, ela parecia ter muito interesse em ouvir-me por horas...

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Comments

Laura Tavares

Laura Tavares

mano eu só li o título do próximo capítulo...

2024-12-18

0

Lenaa Felix

Lenaa Felix

eu saber sobre esse Rodrigo e o q ele quer com melissa

2024-10-06

0

Cecilia geralda Geralda ramos

Cecilia geralda Geralda ramos

não sei ,mas este Rodrigo deve ser de uma máfia, e melissa é Paulo não sei mas é estranho ser tão amigos e depois se apaixonar, pensando bem os casais devem ser primeiro amigos pra depois se amarem como casal /Drool/

2024-09-10

2

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