Naquele dia, durante a tarde, o Paulo apareceu na floricultura…
Eu trabalhava tranquilamente, quando o Paulo entrou...
— Paulo?
Olhei-lhe.
— Desculpa-me por hoje mais cedo... De verdade, eu não sei o que eu estava a pensar. perdoe-me, se puder.
Falou, com uma distância de 5 metros de mim, com as mãos no bolso da calças e com uma expressão séria.
E rapidamente, eu fui abraçar ele.
— Paulo... Eu que devo pedir-te desculpas.
Falei. Logo, ele afastou-se de mim.
— Como assim você? Eu que fui super grosso. Eu nunca tinha ficado daquela forma.
Falou, tocando nos meus ombros.
— Apenas esqueça. A Amanda não pode destruir a nossa linda amizade.
Falei, sorrindo.
— E como foram as coisas pela manhã?
Perguntou. Eu estava maluca para contar tudo para o Paulo.
— Eu fui rapidamente até a casa do Rodrigo.
Falei.
— O quê? Casa do Rodrigo? Como assim?
Perguntou, assustado.
— Eu conheci uma tia. Uma irmã gêmea da minha mãe. A minha cabeça ficou confusa, eu já discutira com a Amanda, e hoje pela manhã, sentir-me mal por fazer você ficar mal... Eu já estava muito confusa, queria fugir da realidade e então, fomos até a casa dele.
Confessei.
— Você falou que não tinha nenhum familiar.
Falou Paulo, confuso.
— É, mas acabou que essa tia apareceu. Ela disse que a nossa família não apoiava o relacionamento dos meus pais. Mas ela não me contou muito porque era tarde, ela disse que depois ligaria, mas ainda não me ligou.
Falei, pensativa.
— Espero que você possa descobrir tudo que quer... E o que aconteceu na casa do Rodrigo?
Perguntou, curioso.
— Nós beijamos-nos.
Falei.
— E o que sentiu?
Perguntou.
— Eu não sei dizer se sinto algo por ele... Mas eu gostei do beijo dele, eu não sei o que o Rodrigo quer comigo, então eu não quero criar expectativas.
Respondi.
— Pergunta para ele sobre os sentimentos dele...
Falou Paulo, um tanto estranho…
— Eu penso que é muito cedo para pessoas como ele, mas para pessoas ansiosas e bobas como eu, já é tardiamente.
Falei, triste.
— Só toma cuidado... OK? Não passou do beijo, estou certo?
Perguntou.
— Não passou... Eu jamais deixaria que passasse disso.
Respondi.
— Me sinto aliviado.
Falou, sorrindo discretamente.
O Paulo com certeza se preocupava muito comigo.
— Escuta... Você falou algo com a Amanda?
Perguntei.
— Eu não... Porquê?
Perguntou.
— Não é por nada, eu pensei que ela fosse se arrepender do que fez. Ela falou-me muitas coisas e eu acabei a dar uma tapa na cara dela.
Respondi, me lembrando.
— Caramba! Eu não sabia que você ficaria tão brava assim.
Falou, pondo a mão na boca.
— Nem eu sabia que eu iria ficar tão brava dessa forma... Ela tirou-me do sério.
Falei, brava.
Paulo gargalhou e eu ri em seguida.
No mesmo momento em que estávamos a rir, o meu telefone tocou...
— É a minha tia.
Falei, olhando para o telefone.
— Atende.
Falou Paulo.
Rapidamente, eu atendi o telefone…
— Olá, senhora.
Falei, tímida.
— Será que você pode jantar comigo hoje? Eu quero contar-lhe tudo que aconteceu.
Perguntou.
— Sim, claro que sim. Onde posso encontrar-te?
Perguntei. Eu estava louca pra saber tudo que havia acontecido.
— Pode encontrar-me naquela árvore? Eu moro bem perto dali. O jantar pode ser casa onde eu estou a morar?
Perguntou.
— Sim, claro que sim. Assim que eu sair do trabalho, eu vou em casa tomar um banho e encontro-te lá. Eu ligo-te, então…
Respondi, desligando o telefone.
Eu estava tão curiosa e tensa...
— Você está muito curiosa em relação a sua mãe, não é?
Perguntou Paulo.
— Estou... Estou muito curiosa, as minhas perguntas nunca foram respondidas e agora serão...
Respondi.
— Se apresse e vá, então...
Falou Paulo.
— Mas ainda faltam 30 minutos para fecharmos.
Falei, olhando para o relógio.
— Esqueça isso, eu fecho para você.
Falou.
Paulo era meu anjo.
— Muito, muito obrigada!
Falei, dando um beijo no seu rosto e saindo.
Peguei um táxi e fui para casa, arrumei-me bem rápido e sair...
Eu não comentara nada com os meus pais, eu estava sem coragem de falar para eles que a irmã da minha mãe havia-me procurado.
Quando estava-me aproximando da rua que marquei, telefonei para a irmã da minha mãe.
— Eu estou a chegar na árvore.
Falei.
— Tudo bem, estou a ir para lá.
Falou, desligando em seguida...
Quando cheguei perto da árvore, aquela mulher estava lá... Com a cabeça baixa. Como eu gostaria que aquela mulher fosse a minha mãe e aquele ser um dia comum da minha vida, onde eu trabalhava e encontraria com ela para jantarmos e falarmos sobre qualquer coisa. Podíamos assistir um filme naquele dia, e depois rir bastante. Mas eu tinha que aceitar que aquela mulher era a irmã da minha mãe, e não a minha mãe.
— Olá, senhora...
Falei, de frente para ela.
— Olá, sobrinha.
Respondeu.
— Desculpe-me... Ainda é estranho para mim lhe chamar tia, mas eu vou esforçar-me.
Falei.
— Não se preocupe, querida. Eu entendo... Vamos a caminhar, é perto.
Falou... E assim fizemos. Cerca de 10 minutos, estávamos na sua casa.
— Entre e sente-se, por favor... Vou servir-lhe...
Falou. E assim eu fiz. A comida dela tinha um cheiro tão bom…
Logo, ela pôs a refeição no prato e sentou-se juntamente comigo.
— Eu espero que goste...
Falou. Em seguida, eu provei.
— Está uma delícia.
Falei. E realmente, a comida dela era incrível.
— Fico feliz... Bom... Eu quero contar-te tudo do início. Pode ouvir-me até o final?
Perguntou, seriamente.
— Sim, claro.
Respondi.
— A sua mãe conheceu o seu pai no colégio... Os dois eram jovens e aventureiros, sempre se arriscava para se verem fora da escola. Quando começaram o romance, estavam cientes que as nossas famílias não se uniam. A nossa família odiava a família do seu pai por conta de uma briga de um tio meu com um primo do seu pai, brigaram por conta de uma aposta boba... E o primo do seu pai acabou a matar o meu tio. Eu pensava que com o tempo, aquilo fosse ser esquecido. Mas todos da família passaram por assassino, por conta de uma pessoa somente. O seu pai não tinha nada a ver com aquela morte. Quando os meus pais descobriram do namoro deles dois, forçaram a minha irmã terminar com ele. Mas a sua mãe amava muito o seu pai, então ela não queria terminar o relacionamento. Eles resolveram fugir durante a madrugada. O seu pai tinha um dinheiro, ele trabalhava numa loja com o seu avô, e ele sempre pagava ele. E eles fugiram com o que tinham... A sua mãe sempre me pedia ajuda, éramos inseparáveis. Quando ela fugiu, eu fiquei a chorar horrores. Quando o sol nasceu, eles já estavam longe... Então, os meus pais perguntaram por ela. "Cadê a sua irmã, onde ela se meteu?" E eu continuava a dizer que não sabia de nada... Então, a minha mãe perdeu a paciência e bateu-me. Ela bateu-me tanto, até eu não aguentar mais e confessar tudo. Eu acabei a falar que a minha irmã fugira porque não aguentava toda aquela proteção desnecessária. A minha mãe ficou furiosa e falou que eu não deveria nunca mais observar a minha irmã, caso eu fosse atrás dela, era iria colocar pessoas para me seguirem e essas pessoas iriam matar a minha irmã. Quando eu ouvir todas aquelas palavras, eu não conseguia acreditar em nenhuma. Como uma mãe conseguiria fazer aquilo com a sua própria filha? Então, os dias foram a passar, os meses foram a passar, os anos passaram-se... E eu dei-me conta de que eu passei todo aquele tempo sem a minha querida irmã. Eu tinha medo de ir atrás dela, os meus pais eram terríveis e tinham coragem de matar a minha linda irmã. Diariamente quando eu acordava, eu ia no quarto dela cheirar o travesseiro que ela deixara. Eu sentia tanta falta dela, o meu peito doía tanto... Eu nunca tive coragem de fazer a minha vida, eu passei a não querer ver ninguém mais, eu nunca quis conhecer um homem e casar-me. Eu só queria poder ver a minha irmã novamente. Eu queria olhar nos seus olhos claros, tocar nos seus cabelos longos e ouvir a sua risada alta. Sempre me pegava a conversar com o espelho, como éramos gêmeas idênticas, pensei que funcionaria. Mas não funcionou... Ninguém nesse mundo nunca vai ser como a Sara. Porque ela é única. Mesmo que eu fosse idêntica a ela e conversasse com o espelho para me consolar, eu só estava a ficar louca com tudo aquilo. Os anos passaram-se e eu só ficava mais triste. Até que um dia, uma amiga nossa, foi até a minha casa visitar-me. Ela havia encontrado com a minha irmã e a minha irmã pediu para ela falar comigo. E foi assim, que conseguimos nos falar por cartas. Cada carta que a minha irmã mandava, eu sentia mais falta dela. A nossa amiga que sempre levava e trazia as cartas com segurança, para ninguém saber. Mas teve um dia que a minha amiga chegou de mãos vazias e eu perguntei se a Sara não havia respondido a minha carta, então ela contou-me que os seus pais morreram num acidente. Era tão doloroso, porque eu não tinha coragem de ir ao enterro da minha irmã. Eu prendi-me ainda mais, eu não comia e não queria ver o rosto de ninguém, eu quebrei os espelhos do meu quarto, eu não queria ver o meu rosto. Um dia eu tive um sonho. No sonho, a sua mãe dizia que eu tinha que vir para você, que você estava a sofrer como eu sofri, então eu tinha que atender o pedido dela. Mas eu não imaginava que você estava a lidar com a dor de procurar o seu irmão... Eu sinto muito, minha sobrinha.
Concluiu. A cada palavra que a minha tia falava, o meu peito doía. Era tão doloroso ouvir aquilo e eu chorei a cada instante.
— Tia... Eu sinto muito.
Falei, soluçando... Então, a minha tia levantou-se e foi abraçar-me. Levantei e abracei ela adequadamente.
E choramos tanto juntas... Após ouvir tudo aquilo, eu não tinha nem forças mais.
— Durma aqui. Você parece cansada, amanhã podemos falar sobre você e como você cresceu. Temos muito que falar, então fique.
Pediu a minha tia.
— Tudo bem, tia. Eu vou dormir aqui.
Respondi.
Então, ela levou-me até um quarto e me deu um cobertor.
— Você ouviu muito hoje, não pense. Apenas descanse.
Falou, me dando um abraço e saindo do quarto.
Deitei e tentei descansar como ela havia pedido. Depois de pensar um pouco na minha mãe, acabei adormecendo...
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marly G Vieira
tudo muito estranho deve ter muito dinheiro aí nessa história por que atia não apareceu antes?
2025-02-26
0
Cecilia geralda Geralda ramos
a dor da perda é terrível mesmo.
2024-09-10
2
Eumery
Nss, que triste. :(
2024-08-06
1