O beijo

Depois daquela profunda conversa com o Paulo, voltamos para casa com segurança e eu dormir bem a noite toda... Mas, naquela manhã, 2 horas após abrir a floricultura, recebo uma ligação...

— Alô, quem é?

Perguntei. Eu não costumava atender números desconhecidos, sempre tinha receio. Mas também, pensava no meu irmão.

— Olá, linda! É o Rodrigo. Como está?

Era desanimador, sempre que eu esperava pela ligação do Daniel, mas nunca era ele.

— Ah! É verdade... Eu havia-me esquecido, eu não fiquei com o seu número, só lhe dei o meu.

Falei, animada. Enquanto isso, Paulo me encarava.

— Eu liguei para marcarmos o almoço. Eu passo aí para buscar-te as 11:30, pode ser? Quero ir num restaurante que fica a 40 minutos da sua floricultura...

Falou. Mas 40 minutos era muito... Eu tinha um pouco de medo daquilo.

— Mas 40 minutos é muito tempo, eu preciso voltar para floricultura as 13:00 horas.

Falei, preocupada.

— Então... Será que tem como você pedir para o seu primo ficar a cuidar da floricultura? Assim podemos ter mais tempo e ir num parque após almoço. O que acha?

Perguntou. Aquilo era tão tentador, que eu não conseguia mais dizer que não ia.

— Tudo bem... O meu primo é muito legal comigo, ele pode sim.

Falei e o Paulo olhou-me feio.

— O que foi?

Sussurrou o Paulo.

— Então combinado. Eu passo aí as 11:30.

Falou, desligando em seguida. Eu sorri de orelha a orelha.

— Espera... Quem era? E o que tem eu?

Perguntou.

— Era o Rodrigo. Vou precisar da sua ajuda... Pode cuidar da floricultura durante a tarde hoje? É que vamos almoçar e depois ir ao parque. Por favor?

Pedir, fazendo biquinho. Ele acabava por ceder.

— Tá! tudo bem... Eu cuido da floricultura. Se diverte, mas toma cuidado. Não é perigoso entrar no carro dele?

Perguntou, preocupado.

— Pode deixar, eu vou cuidar-me. Ele não parece ser uma pessoa má.

Falei.

— De qualquer forma, qualquer coisa manda-me a localização, que eu vou encontrar você.

Falou, sério.

— Muito obrigada! Ah! Eu vou ligar para a Amanda agora, vou tentar conseguir jantar com ela hoje. Preciso conversar com ela e perguntar muitas coisas.

Falei, procurando o número da Amanda.

— Melissa, será que pode não mencionar aquilo que conversamos ontem? Por favor…

Pediu.

— Não se preocupe, tudo que conversamos ontem, é só entre nós dois. Não irei comentar.

Falei, o tranquilizando. E ele sorria

Telefonei para a Amanda e logo ela atendeu.

— Olá, amiga! Como está?

Perguntei.

— Eu estou bem. E você?

Respondeu.

— Eu estou bem... Faz um tempo que não nos falamos e nem saímos... Será que você tem tempo para um jantar hoje?

Perguntei.

— Tenho sim, Melissa. Vou passar na sua casa e pego-lhe lá.

Respondeu.

— Certo, Amanda! Beijos.

Falei, desligando em seguida.

— Pronto, tudo certo! Eu vou para casa arrumar-me, tá? Cuida das coisas para mim. Você é o melhor!

Falei, sorrindo. Sair da floricultura mais sorridente que nunca.

Peguei um táxi e fui para casa. arrumei-me e escolhi uma roupa bem bonita, eu estava empolgada, era verdade... O Rodrigo era bonito, então eu encantei-me por tudo aquilo que ele tinha por fora... Por toda aquela aparência. Mas como podia saber se era bonito assim por dentro também? Como eu saberia, se ele parecia mais com uma capa que tinha se perdido das folhas do livro. Julgar o livro pela capa, é um erro imenso.

Assim que me arrumei, telefonei para ele e rapidamente me atendeu.

— Eu já estou pronta, será que pode me buscar naquela padaria?

Perguntei. Como eu havia ido para casa me arrumar, seria mais difícil voltar para a floricultura. E a padaria era perto da minha casa...

— Posso sim. espera-me que eu to indo.

Falou, desligando em seguida. Eu fui rapidamente para a padaria, e ele estava em frente me esperando.

— Você fica mais bonita com o passar dos dias? É assim mesmo?

Perguntou, me olhando de cima a baixo.

— Muito obrigada! você está muito bonito.

Falei, sorrindo.

— Vamos.

Falou, abrindo a porta do carro para mim. Que gentil! Eu pensei imediatamente.

Ele dirigia e eu pensava...

— Você gosta daqui, Melissa?

Perguntou.

— Eu gosto... Aqui é legal.

Respondi, sorrindo.

— Mas morou aqui a vida inteira?

Perguntou.

— Não... Eu morava num bairro bem distante, eu mudei-me para cá quando eu tinha 6 anos, após o falecimento dos meus pais.

Falei, triste.

— Eu sinto muito... Você mora com o seu primo?

Perguntou.

— Não... Um casal muito generoso adotou-me e eu moro com eles até hoje... Eu amo-os muito, mas de toda forma, ainda sinto falta dos meus pais... Contudo eles amenizaram essa dor. E o Paulo, na verdade é sobrinho da minha mãe adotiva, e eu considero como primo, por ele amenizar a falta que eu sinto do meu irmão.

Respondi.

— Que lindo. Mas onde está o seu irmão? Ele também morreu?

Perguntou, curioso.

— Não... Ele foi adotado por outro casal... a um mês atrás, eu fui ao orfanato onde ficamos quando éramos crianças, mas ninguém sabia nada dele. Todo mês eu vou lá, e eu vou ao bairro onde morávamos, mas ninguém sabe dar-me nenhuma informação... Eu sigo a procurar ele, mas as vezes eu sinto que não vou encontrá-lo.

Falei, com os olhos cheios de lágrimas.

Ele parou o carro e tocou delicadamente do meu rosto.

— Deixa a sua lágrima cair... Vai se sentir melhor. E perdoe-me por eu tocar num assunto delicado assim, eu não sabia, então…

Falou, olhando nos meus olhos.

— Tudo bem... Obrigada.

Falei, permitindo que a minha lágrima caísse, em seguida.

— As vezes a vida é cruel, mas siga, pois tem coisas belas na vida a serem aproveitadas.

Falou, enxugando a lágrima que havia caído. Eu sorri e ele continuou a dirigir.

Depois, o silêncio tomou conta e em alguns minutos chegamos no restaurante.

Pedimos a comida e enquanto comemos, eu recordava-me das flores que ele comprara. Não eram para mim? Ou ele iria dar-me na volta? Ou ele havia esquecido? Era confuso.

— O que você acha sobre relacionamento, Melissa?

Perguntou, diretamente.

— Então... Eu nunca estive num relacionamento, então eu não sei dizer bem. Mas eu acho bonito pessoas que assumem o seu amor, pessoas que não tem medo de amar, e saem por aí de mãos dadas.

Falei, pensando e ele olhava-me com um sorriso genuíno.

— Você é jovem, tem muito que descobrir ainda...

Falou.

— Você fala como se fosse velho.

Gargalhei.

— Eu sou 5 anos mais velho que você. Não sou tão velho, mas eu tenho muita experiência.

Falou.

Eu estava a adorar passar o tempo com o Rodrigo. Mas eu tinha dúvidas se eu estava a fazer a coisa certa. Ainda haviam perguntas que não foram respondidas corretamente. Como sobre a cicatriz... O que ele tinha-me contado, não me convencia. Ele ter se machucado quando criança? Não sei, não parecia falar a verdade... E ele não tinha-me respondido sobre a tatuagem, ele ouviu perfeitamente quando o questionei, até ficou nervoso e colocou outra conversa no meio, parecia querer desviar de tudo. Então, eu tinha muitas dúvidas, mesmo que fosse bom está com ele, não sabia se era o certo a está a fazer…

Depois que terminamos de almoçar, entramos no carro, para irmos ao parque. Porém, começou a chover.

— Caramba!.. Não vamos poder descer agora, olha essa chuva.

Falou.

— Não tem problema... Podemos voltar outro dia, o tempo estava má hoje mesmo. Provavelmente, não vai parar de chover tão cedo.

Falei, sorrindo.

— O seu sorriso é muito bonito.

Falou, se aproximando de mim. Imediatamente fiquei nervosa.

— Muito obrigada!

Falei, tímida.

— Você é linda, Melissa... É encantadora e eu estou perdido no seu olhar.

Falava, olhando para os meus lábios... Quando se aproximou e beijou-me…

Eu estava tão nervosa, mas correspondia o beijo... Eu comecei a sentir-me confusa. Mais confusa que antes.

O seu beijo demorado e lento, fazia-me querer mais e vê-lo novamente. Eu não me permiti alguém chegar tão perto assim antes, então afastei-me.

— Desculpa-me por ter-te beijado assim...

Pediu.

— Tudo bem... Será que pode deixar-me na floricultura?

Perguntei, séria. Eu não queria parecer desesperada, mas também não queria deixar outra impressão. Eu não sabia como agir…

— Claro que sim.

Enquanto ele dirigia, eu pensava no que ele estava a achar de mim... Pensava se ele estava-me achando oferecida, ou não sei...

Quando chegamos na floricultura, ele lembrou das flores.

Desci do carro apressadamente e dei-lhe as costas. E novamente, fui mal-educada.

— Espera... São para você.

Entregou-me, sorrindo. E em seguida foi embora... A chuva estava mais calma, porém ainda estava a chuviscar, então eu entrei para a floricultura.

— Como foi o almoço?

Perguntou o Paulo.

— Foi normal... É, normal…

Respondi.

O Paulo parecia conhecer que eu não estava muito bem, então não me encheu de perguntas e trabalhamos tranquilamente, o restante da tarde. Mas eu não pude deixar de pensar no beijo e no Rodrigo.

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Comments

Josy Moura

Josy Moura

Adoro esse suspense...mas acho q Rodrigo é aliado do irmão dela.

2025-02-22

0

Irá

Irá

Eu acho que sou a última da vez de ler este livro, mais conhecendo um pouco da vida acho tb que ele é estranho e perigoso ou se ele for policial vai querer chegar até o irmão dlea ou dos pais adotivo

2024-12-31

3

Danny Raynha

Danny Raynha

de duas coisas é uma, ou esse Rodrigo é rival do irmão dele ou um policial

2024-11-22

1

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