Flor do mal

No início de tarde daquele mesmo dia, estávamos a arrumar algumas coisas na floricultura, e um cliente inesperado chegou…

Virada de costas para a porta de entrada, lá estava eu, arrumando tudo para as vendas da tarde, quando ouço uma linda voz.

— Boa tarde!? Gostaria de comprar lindas flores, para presentear a garota mais bonita dessa cidade.

Rapidamente, me virei... E lá estava ele, o Rodrigo!

— Sim, senhor... Temos diversas flores. Da qual mais gosta?

Perguntou o Paulo, atendendo aquele cliente.

— Eu quero um buquê de rosas-vermelhas.

Falou, olhando para mim.

Mas como? Era o meu sonho ganhar um buquê de rosas-vermelhas.

O Paulo o ajudou e ele foi fazer o pagamento comigo...

— Você é linda trabalhando.

sussurrou, após pagar pelas flores.

— Obrigada, volte sempre.

Falei, tímida.

Ele sorriu e deixou a floricultura. Paulo era esperto e percebera o clima ali... Eu estava sem graça e não conseguia disfarçar.

— Você conhece esse homem, Melissa?

Perguntou.

— Eu conheço... A noite conversamos.

Respondi, um pouco para baixo. Não sei, eu sentia-me desanimada, como se algo tivesse sugado a minha energia, ou se eu tivesse a fazer algo de errado.

Eu passei o restante da tarde inquieta, e o Paulo muito curioso. Depois de um tempo, era impossível esconder algo dele, já que ele sempre acabava por descobrir tudo.

Assim que fechamos a floricultura, o Paulo já enchia o meu saco.

— Vamos jantar juntos? Assim você conta-me tudo. É por minha conta!

Pediu, sorrindo.

— Vamos, seu chato.

Concordei. Afinal de contas, eu não tinha nada com aquele homem mesmo.

Assim que chegamos no restaurante, fizemos o pedido. O Paulo parecia tão curioso, que aquilo me deixava estranha. E eu ria.

— Comece, senhorita Melissa Taylor.

Pediu, me olhando sério.

— Não tem muita coisa que falar... Aquele rapaz de hoje mais cedo, eu conheci ele na padaria ontem, ele elogiou-me e propôs que eu fosse tomar café com ele hoje. Eu fui, nos encontramos na padaria e tomamos café, depois tomamos sorvete... E ele elogiou-me novamente... Amanhã nós vamos almoçar juntos.

Falei, enquanto me recordava do Rodrigo.

— Espera... porque isso está tão rápido assim? Você viu ele num dia, se encontraram no outro e depois já vão almoçar juntos?

Perguntou, espantado diante da situação. Paulo era muito reservado.

— É... Mas nós não temos nada, não temos mesmo. Penso que ele quer ser meu amigo.

Falei, sorrindo.

— Amigo? Acha mesmo isso? Então... Aquelas flores são para você, certo? Mas faz sentido ele comprar na sua floricultura... Que cara maluco, Melissa.

E Paulo continuava espantado.

— Eu não sei qual é a dele... Mas eu acho ele um pouco estranho, sim. Sabe? Nós nem nos conhecemos e ele falou abertamente comigo. Ah! Apenas esqueça, estou até aprendendo a ser reservada com você, de tanto passarmos o tempo juntos.

Falei, pensativa.

— Olha aqui, Melissa... Tudo bem que eu sou um pouco reservado, mas ele é aberto demais. Não acha?

Perguntou.

— E se ele só for amigável? Talvez ele goste de conversar e conhecer mais as pessoas. Ele tem 23 anos, talvez esteja a procurar uma namorada, não sei... Ele parece ser sério, não parece?

Perguntei, animada... Mas quem eu estava a querer enganar? A mim mesma... Porque aquele homem era muito estranho e muito aberto também.

— Amigável? A procura de uma namorada? Um homem sério? Espera... quando foi que começou a ficar tão maluca assim? Ele não parece ser nada sério, é daqueles homens que gostam de seduzir garotas como você.

Falou, sério.

— Como assim garotas como eu? O que quer dizer com isso?

Perguntei, já um pouco brava.

— Garotas bonitas. E está estampado no seu rosto que é ingênua.

Bonita? Ele nunca tinha falado aquilo.

— Eu sou bonita?

Perguntei, o encarando. Enquanto ele comia tranquilamente.

— É. Você é muito bonita.

Respondeu, sério.

— De qualquer forma... Eu não sou tão ingênua assim.

Falei, tomando água em seguida.

— Como não, Melissa? Só toma muito cuidado, tá? Ele pode ser perigoso.

Falou, preocupado. Estava mesmo preocupado comigo.

— Tá!.. Mas a Amanda? Não falaram mais?

Perguntei, curiosa.

— A Amanda não gosta de mim, Melissa... Ela recusou-me... Mas, sabe? Ela que me deu esperanças primeiro. E também foi ela que me beijou inesperadamente. O que ela queria que eu pensasse?

Falou, triste. O Paulo realmente estava a fim da Amanda.

— Talvez ela só quisesse isso... Ficar com você, não sei… Eu achava conhecer muito bem a Amanda, mas aparentemente eu não conheço. Nunca podemos saber quando as pessoas irão surpreender-nos, elas mudam, ou mostram quem realmente são? Eu sinto-me confusa em relação às pessoas, parece que estou num universo paralelo, onde todos parecem estranhos para mim…

Falei, extremamente triste e confusa.

— Como ela era na época da escola? Sou 3 anos mais velho que vocês, não tive o prazer de estudarmos na mesma classe... Gostava dela desde quando eu tive os meus 18 anos e ela estava nos seus 15. Sempre foi tão linda e eu tão iludido. Ela sempre ia fazer trabalhos com você, e eu sempre estava na casa da minha tia, devido à ausência dos meus pais, eu sempre gostava de ficar lá, e quando eu conheci ela, gostava mais ainda... Ela sempre chegava e sorria, a voz dela era doce, o seu sorriso era encantador e os seus olhos sempre tentadores, mas eu não podia aproximar-me tanto, e o tempo foi a passar e eu fui a guardar todo aquele sentimento para mim. Para mim ela é como

Middlemist's Red, uma das flores mais raras do mundo. Para mim ela é rara…

Falou, enquanto eu observava as suas lágrimas descerem...

— Você tem a mim, portanto não guarde tanto sentimento para si mesmo. Na época da escola, eu nunca tive muitos amigos... Eu amava a Amanda, e eu amo até hoje... Ela era aquela pessoa que você via... Sobre garotos, ela sempre falava gostar daqueles atenciosos. E você é muito mais do que isso, tem muitas qualidades. Se ela não te corresponde, é pq o coração dela não consegue, ou não sei... Eu sei que gosta muito dela, que olhou sempre pra ela...

Falei, tocando nas suas mãos.

Ele olhava para mim e sorria, enquanto enxugava as suas lágrimas.

Era sempre assim, eu estava lá pelo Paulo e sabia que ele também estava por mim, e aquilo confortava-me.

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