Aquela manhã estava tão fria, assim que acordei recordei-me haver dito para o tal do Rodrigo, que me encontraria com ele. Sai bem cedo e fui a padaria, mas eu não estava tão animada para o vê. Na verdade, seria melhor se ele não aparecesse por lá.
Mas... Para o meu azar, quando cheguei na padaria ele estava sentado, a minha espera.
— Bom dia!? O senhor veio mesmo.
Falei, o encarando.
— Por favor, sente-se. Está ainda mais bonita hoje.
Sentei-me, mas podia sentir uma energia má naquele lugar…
— Quantos anos você tem? Mora nesse bairro há muito tempo?
Perguntou, curioso. Enquanto ele falava, eu podia observar uma cicatriz no seu rosto e algumas tatuagens no seu braço e pescoço.
— Eu tenho 18 anos... E você?
Perguntei.
— Eu tenho 23. Costuma sair muito? Perguntei se mora aqui há muito tempo.
Repetiu a sua pergunta. Eu não conseguia concentrar-me na sua conversa, eu só conseguia observar a cicatriz e as tatuagens específicas. Uma tatuagem de aranha no pescoço e um escorpião no braço.
— Me desculpa... Eu costumo sair bastante, sim. E moro aqui há muito tempo já.
Respondi, tentando disfarçar... Eu não queria deixar nítido que eu estava a encarar para as tatuagens.
— Que bom! Vamos tomar café, então... Que tal aquele bolo ali? Ele é delicioso.
Ele apontava para o meu sabor favorito... Mas eu não podia acreditar.
— Está a falar do bolo de laranja?
Perguntei, um tanto assustada. Mas claro, era somente coincidência.
— Esse mesmo.
Respondeu, sorrindo malicioso.
— É o meu sabor favorito...
Falei, um tanto séria.
— Ótimo, vai ser ele então.
Sorriu.
Eu só queria acreditar que aquilo tudo era somente coincidência. Mas para começo de conversa, eu não sabia porque eu estava ali. Pedimos o bolo, e eu continuava vidrada nas suas tatuagens e a sua cicatriz. Já não era mais suportável disfarçar e ele percebia.
— Você quer me perguntar algo? É que parece encarar-me de uma forma estranha... Pode ficar a vontade.
Perguntou. E de verdade, eu já não conseguia mais ficar calada.
— O que é essa cicatriz no seu rosto? Deve ter passado por muita coisa, estou certa? E essas tatuagens, o que significam?
Perguntei, corajosamente. Eu não sabia de onde vinha toda aquela coragem de perguntar aquilo abertamente.
— Sobre a cicatriz... Não é nada, eu machuquei-me quando criança…
Respondeu, sorrindo.
— E as tatuagens?
Insistir...
— Vou pagar o café.
Disse, fugindo do assunto e eu percebia.
— Vamos tomar um sorvete de baunilha?
Perguntou, após pagar o café. E aquilo novamente não podia ser verdade... Era o meu sabor favorito. Que brincadeira era aquela?
— Eu tenho que abrir a floricultura, não tenho tempo. desculpe-me, fica para a próxima.
Falei, me levantando e ficando de frente para ele. No momento que ia sair e dar-lhe as costas, com toda aquela falta de educação da minha parte, ele segurou delicadamente o meu braço, como da primeira vez.
— Não tenha tanta pressa assim, você só abre a floricultura as 08:30, estou certo?
Perguntou, certo do que falava. Eu comecei a sentir muito medo, a partir daquele momento. Ainda era coincidência? Eu queria acreditar que sim. Algumas lojas abriam naquele horário, então era normal.
— É, mas eu ainda tenho que passar em casa, pois eu vou com o meu primo.
Falei.
— Mas ainda são 7:30. Vamos tomar o sorvete. É logo na outra rua, eu posso levar vocês na floricultura…
Falou, docemente. Eu sempre acabava a ceder.
— Vamos tomar o sorvete, mas não precisa nos levar até a floricultura... Não é longe, eu vou de táxi com o meu primo, o carro dele ficou horrível depois do acidente, está na oficina.
Falei. Fomos em direção a sorveteria, mas quando eu havia ficado tão maluca, a ponto de acompanhar um estranho até a outra rua?
Quando chegamos, eu fiquei distraída em frente o local, então ele entrou e trouxe-me uma casquinha de sorvete de baunilha... Aquele dia... Tudo ali, nada estava certo... Depois do acidente, tudo passou a ficar estranho.
— Aqui está, percebi que você está um pouco tensa hoje... Quer conversar sobre algo?
Entregou-me, fazendo a pergunta em seguida...
— Obrigada e desculpe-me... Estou bem, só dormir tarde.
Expliquei, enquanto tomava o sorvete. Em seguida, ele levou os dedos até os meus lábios…
— O quê?
Assustei-me. E quando o encarei, os olhos dele eram tão lindos e encantadores.
— Desculpe-me, é que tinha sorvete na sua boca.
Responde. No entanto, ele parecia gentil. Eu deveria me interessar por ele?
— Obrigada. Eu preciso ir agora... Obrigada pelo café e pelo sorvete.
Agradeci e dei-lhe as costas. Então, ele ousou fazer a mesma coisa novamente... Segurou delicadamente o meu braço.
— Quando vamos nos ver novamente?
Perguntou, sorrindo. Eu não sei por qual motivo, mas algo me dizia que eu deveria estar com ele outra vez. Só não sei se era uma coisa boa que me dizia aquilo.
— Deixa eu pagar-te um almoço na próxima.
Falei, dando esperanças de que o veria novamente.
— E quando é a próxima? Amanhã?
Perguntou. Que apressado ele era!
— Está bem... Amanhã podemos almoçar.
Respondi, sorridente.
— O seu sorriso é muito lindo. Eu posso ficar com o seu número de telefone? Assim podemos marcar direito o almoço.
Perguntou. Era uma ótima desculpa para ele ficar com o meu número.
— Tudo bem...
Já tomámos café juntos, então eu não vi problemas... Mas eu teria que tomar cuidado, mesmo assim.
Digitei o meu número e fui apressadamente para casa.
— Nos vemos! Tenho que ir agora mesmo... Tenha um ótimo dia, senhor!
Falei, sorrindo. E assim, corri para casa, o Paulo era pontual, então ele estaria apressado.
Aquela cidade era tão agradável, eu era apaixonada por cada canto de tudo ali. Corri e o vento batia no meu rosto, eu sentia uma felicidade imensa no meu peito, naquele momento…
Cheguei rapidamente em casa e o Paulo já estava pronto.
— Olá, Paulo. desculpe-me, eu demorei um pouco. Vamos chamar um táxi.
Falei, ofegante
— Por onde a senhorita estava?
Perguntou, curioso. Puxei o seu braço para fora do portão e acenei para um táxi que ia a passar.
— Você não ouviu a minha pergunta? Onde estava?
Insistiu. Eu não queria comentar aquilo com o Paulo, assim de início. Era estranho…
— Eu resolvi caminhar bem cedo hoje... sentir-me um pouco abalada com tudo e queria tomar um ar por aí, observar as flores, olhar para o céu, agradecer a Deus. Por aí vai…
Mentir.
— Não sei porque, mas sinto que você está-me escondendo algo.
Falou, me olhando feio.
— A noite conversamos sobre isso. Não dá para esconder nada de você mesmo.
Falei, rindo e em seguida dando um leve tapa no seu ombro.
— Eu te conheço!
Falou, totalmente convencido.
Logo, chegamos na floricultura e era tão bom estar de volta com o Paulo ali. A primeira coisa que me veio na cabeça, foi que eu não iria conseguir voltar a trabalhar ali tão cedo, caso eu perdesse o Paulo...
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Mike
Não é coincidência uma pessoa saber essas coisas sem ao menos conhecer... pode ter certeza que foi através de perseguição...
2024-11-05
2
Janete Matos De Almeida
mulher idiota não sabe falar não,tem que aceitar tudo de um estranho que parece saber muito sobre.ela
2024-10-08
0
Cecilia geralda Geralda ramos
e este Rodrigo é estranho né.
2024-09-10
1