CAPÍTULO 15

— Ela é linda, não é meu jovem? — Júnior, encabulado sem saber se respondia ao senhor idoso que surgiu misteriosamente do nada, mas para não ser mal educado respondeu:

— É a mais linda que eu já vi em toda minha vida?

— E o senhor idoso falava com o seu charuto entre seus lábios, surgindo uma fumageira igual uma nuvem na direção de Júnior fazendo coçar os olhos que atingiu seu rosto e o velho fumando dizia:

— Pois é meu jovem, quem sabe um dia você não terá muitas mulheres lindas caindo aos seus pés implorando para ter um pouco da sua atenção! — Júnior ficou confuso porque não conhecia aquele senhor que parecia tão simpático e sentiu a necessidade em conversar com alguém porque nunca tivera amigos ou um pai para que ele pudesse desabafar suas mágoas. Ou pedir conselhos, se sentia muito sozinho, sem a sua irmã por perto, e mesmo que ela estivesse não poderia responder tantas perguntas que ele gostaria de ouvir as respostas certas. E Nádia, muito menos, porque estava envergonhado em procurar depois do seu fracasso no baile, e vendo aquele senhor tão atencioso com ele, perguntou:

— Como assim? — E o velho respondeu:

— Para isto precisa ter muito dinheiro, porque sem dinheiro você nunca vai ter nada! Pense nisso! — Júnior quando olhou para perguntar ao senhor idoso.

— Mas como? — Só que quando Júnior olhou para saber da resposta, o senhor idoso desapareceu misteriosamente de sua presença. Furioso por estar achando que estava tendo alucinações, pensava que estava louco e mais uma vez um vazio tomou conta, amargurado sangrando pela dor que sentia na alma.

E mais uma vez se sentiu abandonado por tudo e por todos sem mais ninguém à sua volta naquela montanha cheia de pedras enormes e árvores com alguns galhos secos e muitas gaivotas voando de um lado pro outro, e um sol quente em plena manhã de verão. E de vez em quando surgia redemoinho de vento trazendo o doce perfume da misteriosa mulher que surgiu de repente e desapareceu da mesma forma. Então ele, movido pelo ódio, colocou o seu pé esquerdo sobre uma pedra e de lá ele começou a amaldiçoar as duas cidades, a Ilha das Bruxas e outra São Francisco, começou a amaldiçoar primeiro a pequena cidade da ilha das bruxas.

— Ai de ti Ilha das Bruxas, não sobrará pedra sobre pedra, tu serás coberta pelas águas, e vocês minhas tias malditas que sempre me rejeitaram, todas vocês morrerão afogadas.

— Enquanto você, cidade de São Francisco, juro por mim mesmo. Eu voltarei e a transformarei num verdadeiro inferno, e vocês filhinhas de papai pagarão caro por terem me humilhado voltarei para acertar as contas. Nem que seja a última coisa que eu faço na minha vida. — Júnior em seu delírio falava, mas na verdade no seu inconsciente, era o demônio que falava por ele mesmo, depois disto Júnior desceu para se despedir de Nádia e da sua irmã Isabel. Ele não sabia do paradeiro dela, então ele vendeu mais uma das joias que pegou de sua tia Juleide. Embora não sabendo o quanto valia mais, deu um bom dinheiro e comprou passagens para viajar a cidade de Porto Alegre para esquecer tudo de ruim que aconteceu, levando com ele esperança de que na cidade grande teria uma melhor sorte. Nádia sentiu-se culpada por tudo que aconteceu com seu amigo, descobrindo que a amava muito, e por causa disso ela rompeu amizade com todas as suas amigas por não terem respeitado ele, e a festa dos seus quinze anos. Para ela foi uma das festas mais tristes da sua vida.

— Júnior, eu sinto muito, não esperava que elas fizessem isso contigo! Me sinto tão culpada. — Júnior sentiu que Nádia estava sendo sincera e que ela gostava dele de verdade.

— Eu sei disso, você não tem culpa de nada, a culpa é minha, eu não devia ter insistido tanto. E depois você é tão diferente delas que nem sei como pode ser amiga delas.