Sem Lembranças

Holly acordou numa cama macia e quente. O quarto Era branco, um armário branco e um crucifixo na parede. Ao lado da cama tinha uma bíblia. Holly pensou estar num hospital.

De repente, entra uma mulher vestida com um hábito de freira.

_ Bom dia, menina. Que bom que acordou. Preciso saber tudo que está sentindo, certo? Ah desculpe, sou a noviça Sara.

_ O que é uma noviça?

_ É porque ainda não fiz os votos. Ainda sou noviça. Quando fizer os votos logo, e ai serei freira.

_ Isso é bom?

_Para quem recebe o chamado de Deus é uma benção. Eu recebi e estou a um passo de me tornar freira.

_ O que uma freira faz?

_ Você não é religiosa, Holly?

_ Não sei.

_ Bom minha querida, teremos tempo para conversar sobre isso. Mas como está se sentindo hoje?

_ Estou me sentindo um extraterrestre. Cabeça oca. Não sinto nada.

_ Holly, devido à forma que foi encontrada, é um milagre estar viva. Mas logo irá melhorar. Estava desidratada. E ficou muito tempo debaixo de chuva, ainda está com pneumonia.

_ O meu peito dói mesmo.

_ No seu estado, temos que ter muito cuidado.

_ Que estado?

Sara entendeu que Holly não sabia e resolveu chamar o médico.

_ Eu vou chamar o médico. Ele ficará feliz em saber que finalmente você acordou.

O médico, um senhor mais velho, com bochechas gorduchas e vermelhas, olhos azuis entrou seguido de uma mulher vestida de preto. Essa deve ser freira_ pensa Holly.

_ Bom dia, filha. Que alegria vê-la acordada_ diz a mulher de preto.

_ A senhora é freira? Está de preto.

Ela ergueu a sobrancelha e olhou para Sara.

_ Minha criança eu sou a madre Gorete, do Convento Santanna.

_ Então chefe de noviça é madre?

A madre sorriu com a inocência de Holly_deixe o dr. Luan examinar você, querida aí explico tudo.

O dr. examinou. Holly mostrou um desconforto quando ele começou a levantar a alça da camisola do hospital. Pediu novos exames. Enquanto isso, num canto, Sara explicava a madre que Holly não se lembrava de nada. A madre disse que era um problema.

_ Holy, você se lembra de como chegou aqui?

_ Não senhor.

_ Qual é a última lembrança que você tem?

_ Bem, doutor lembro que estava feliz por ter conseguido um emprego. Saí com um colega que dormia no mesmo abrigo. E mais nada.

_ Não se lembra quem era esse colega?. Qual era o abrigo?

_ Não senhor.

_ E se lembra por que dormia num abrigo? Não tem família?

_ Eu não sei.

_ você se lembra de ter algum namorado?

_ Isso eu tenho certeza que não tinha. Odeio homens. Desculpe.

Ele sorriu carinhoso. Deixou orientações par a alimentação e novos remédios.

_ Madre, pode me acompanhar?

Ela deu um beijo na testa de Holly e se foi. Holly sentiu-se bem ali.

_ Madre, temos um sério problema. Ela não se lembra de nada. Mas tem certeza que não gosta de homens. Quando fui tocá-la para iniciar o exame, notei que ficou incomodada. Ela é vítima de estupro. E pelas feridas que eu vi, tirei fotos, não foi um estupro. Foram vários. E ela está grávida de dois meses. Exatamente desde que chegou aqui. Então ela foi estuprada e ficou grávida naquele dia.

_ Meu Deus. Como iremos dar essa notícia a ela?

_ Temos que chamar a polícia e uma psiquiatra. São as normas.

_ Eu sei. Mas doutor. E se ela decidir pelo aborto?

_ Nós não podemos impedir.

_ Mas aí ela não poderá ficar aqui. É um convento. A Igreja não permite o aborto.

_ Nem em casos assim?

_ Não. Para ser sincera, eu sou totalmente contra essa lei da igreja. Mas não posso fazer nada. E a pobre criança não tem para onde ir.

_ Eu entendo madre. Sei como é uma pessoa maravilhosa. Mas temos que seguir a lei, pensando nas outras pobres pessoas que abrigamos aqui.

_ Vou chamar a polícia agora e a dra. Laila. Creio que ela conseguirá tirar algumas respostas da nossa Holly.

_ Como sabem que ela se chama Holly?

_ Ela tinha um lenço com esse nome bordado.

_ Já deve dar uma pista.

Logo a polícia chegou. Eram da Unidade de Vítimas Especiais. Depois de inteirados do caso foram para o quarto de Holly. Layla estava lá. Nesse momento, Holly acorda e se agita ao ver policiais na sala. A psiquiatra a acalma.

_ Calma, Holly. Eles estão aqui para ajudar a descobrir o que aconteceu com você.

A policial feminina se sentou.

_ Oi. Eu sou Rebeca. Esse é o meu parceiro, Frank. Estamos aqui para ajudar você.

_ Eu não me lembro de nada.

_ Tudo bem. As lembranças foram bloqueadas pelo seu mecanismo de defesa. Aos poucos você irá se lembrar. Só quero te dizer que ninguém vai machucar você mais. Está entre pessoas maravilhosas. Assim que se lembrar de qualquer coisa, você promete me ligar?

_ Prometo.

_ Você reconhece esse lenço?

Os olhos de Holly se encheram de lágrimas.

_ Onde você achou isso.

_ Estava com você. Foi assim que conseguimos saber o seu nome. Era da sua mãe?

_ Não!_ Ela gritou com ódio. Rebeca anotou mentalmente_é meu. Foi a minha.. E desatou a chorar.

A psiquiatra disse que não poderiam fazer mais perguntas.

A polícia saiu e foi até a madre. Pegou as informações de onde encontraram Holly. Que havia um rapaz desmaiado.

_ Ele estava morto?

_ Rebeca, quem encontrou Holly foi Sara, ficou tão assustada. Mas viu que ele não estava morto. Ligou para a emergência.

_ Por que não o trouxeram para cá?

_ Porque é proibido. O convento só abriga mulheres.