Bem longe dali, e muito distante, num campo aberto e cheio de belas flores e rosas com pétalas coloridas, morava a jovem Jadita com sua irmã mais velha. As duas moravam sozinhas e trabalhavam na horta e plantações diariamente para se sustentar durante as semanas.
Elas plantavam diversos tipos de alimentos: batatas, cenouras, legumes, tomates, pimentão, beterraba e milho. Não apenas isso, eram enormes quantidades, o suficiente para suprir um vilarejo inteiro e ainda sobraria um pouco para mais alguns dias.
A vida para elas foi difícil no começo de suas idades, mas ficou mais fácil com o passar dos anos, com o crescimento de suas vendas constantes no comércio do Reino da Planta. Era um lugar amplo e cheio de barracas vendendo todos os tipos de utensílios, roupas e objetos diversos para cada gosto dos clientes.
Sua casa ficava um pouco distante das grandes muralhas da feira livre, onde chegavam todos os tipos de pessoas para comprar e vender coisas únicas, tanto caras como baratas, de todos os preços.
— Hélia! Cheguei... você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje — Jadita fala, toda animada.
— Não me diga, você foi atacada por rebeldes e foi salva por soldados fortes e bonitos? — Gargalhando, ela fala, abraçando sua irmã.
— Não, não foi isso. Foi melhor ainda. Você não vai acreditar!
— Então me conta, quero saber todos os detalhes dessa sua aventura incrível — Hélia fala, se jogando no sofá e caindo de braços abertos, pegando uma almofada e segurando em seus braços, toda alegre.
— Bom, eu estava caminhando tranquilamente pela estrada até que umas abelhas assustaram o Gorky. Então, ele saiu correndo todo desembestado para dentro da floresta. Comecei a gritar bem alto para alguém me ajudar, e quando menos esperava, um rapaz lindo pulou de cima de uma árvore e me agarrou pelos braços. Caímos no chão, eu em cima dele, e ficamos olhando um para o outro por algum tempo.
— Pelos espíritos! Minha nossa, e então o que houve? — Hélia fala, jogando a almofada em Jadita.
— Bem, nada demais. Nos levantamos e conversamos um pouco e tal. Sorrimos também de alguns assuntos e foi apenas isso. Ele me convidou para a fazenda onde ele mora, mas como já ia ficar tarde, eu recusei.
— Por que? Você podia ter ido! Não podia desperdiçar uma chance como essa! Faz muito tempo que você está sozinha, precisa urgente arrumar um marido forte e bonito.
— Acredito que teremos outra oportunidade como essa. Sinto que nós dois ainda vamos nos encontrar bastante por essas bandas — Jadita fala, pegando um copo de água e tomando alguns goles.
— Se os espíritos concederem essa chance, eu vou torcer por você, minha irmã querida. Agora vem aqui, olha os vestidos que comprei hoje para usarmos no baile de boas-vindas do príncipe Fall! São lindos.
— Nossa, onde você os encontrou? São lindos mesmo, que tecido macio! — Jadita pega e estende o vestido. — Além de ser bastante leve e suave, minha nossa, Hélia, deve ter custado uma fortuna!
— Nem tanto. Eu pechinchei com o velho vendedor e saiu por apenas dez moedas de ouro as duas. Acabei usando nossas economias neles. Um investimento que trará retornos significativos para nós duas, acredite — Hélia fala, abraçando um dos vestidos.
— Espero que saiba o que está fazendo. Estamos numa situação ótima financeiramente, mas não podemos abusar da sorte. A crise pode bater na porta a qualquer momento, você sabe disso.
— Relaxa, eu fiz as contas certinhas. Temos o suficiente para durar vários meses. Além do mais, se eu conseguir um encontro com o príncipe Fall, terei minha chance de conhecê-lo melhor, e quem sabe de podermos ficarmos juntos — Hélia conta com um largo sorriso no rosto.
— Eu não ficaria tão animada assim não. Você sabe os rumores que falam sobre ele, que é arrogante, presunçoso e prepotente. Além de mimado e agressivo, imagina.
— Não acredito em tudo que falam por aí sobre ele. Quero tirar minhas próprias conclusões a respeito dele. Só assim vou aceitar a verdade, por mais que doa.
— Está bem, agora vou tomar banho para descansar. Amanhã temos um longo dia pela frente.
— Verdade, estou indo dormir. Boa noite.
— Boa noite!
Na manhã seguinte, as duas moças acordaram cedo, levantaram-se rápido e já começaram a se aprontar para a festa do baile que aconteceria no castelo do Reino da Planta.
Muitos foram convidados para esse enorme evento, pois era raro o rei Redbad fazer ocasiões importantes para a comunidade do seu reino. Além do mais, as mulheres estavam todas ansiosas para ver e, quem sabe, conhecer o príncipe Fall do Reino da Terra.
Hélia tinha muitas expectativas em relação a ele e estava contando com alguma oportunidade de poder demonstrar o quanto ela era especial como mulher, apesar de ser bastante humilde e determinada quando tomava alguma decisão que acreditava ser importante.
Era muito cedo, seis horas da manhã, e não demorou muito para que a carruagem que as levaria chegasse em frente à sua porta. Hélia já tinha acertado tudo no dia anterior, pois não queria sujar os vestidos se fosse andando a pé até o castelo, e também demoraria muito tempo se fosse assim.
Assim que entraram, as duas conversaram bastante sobre as possíveis coisas que iriam conhecer e ver dentro do castelo, pois era a primeira vez que teriam o privilégio de desbravar o território real. Apesar dos seus gostos simples na vida do campo, elas admiravam bastante a mordomia que os reis e rainhas tinham em suas fortalezas, totalmente protegidas por muralhas enormes e guardas em cada entrada.
Um evento difícil de acontecer, pela probabilidade, ocorria apenas umas duas vezes no ano, esses encontros da realeza, pois, em anos passados, os reinos viviam em guerras um contra o outro, desde séculos atrás.
Os pais do rei Redbad, juntamente com os outros reis e rainhas, entraram em um acordo de paz para dar um fim nas guerras infindáveis. Eles já estavam cansados de tantos séculos de destruição e morte, então decidiram que, quando nascesse o dominador, deveriam deixá-lo crescer até os vinte anos e só então matá-lo.
Mas, no primeiro dia do primeiro mês do ano três mil e seiscentos, quando nasceram os bebês que poderiam ser escolhidos pelo ciclo elemental, os soldados dos reinos não conseguiram encontrar o bebê escolhido. De alguma forma, ele havia fugido das mãos da realeza ou ainda não havia nascido, pelos rumores contados.
Agora, estava se aproximando o dia em que o possível dominador deveria completar vinte anos, o dia em que ele teria despertado o poder dentro de si para despertar o espírito elemental. E isso estava deixando as realezas bastante agitadas, pois, se o dominador conseguisse despertar o espírito elemental, poderia iniciar novamente uma guerra entre os espíritos.
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Atualizado até capítulo 32
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