"Reflexões e Revelações"

DIA SEGUINTE

Liz

Enquanto aguardo Marcos vir me buscar, reflito sobre tudo que descobri sobre Ítalo, ou melhor, Intruso, ou melhor sobre a IA que adquiriu consciência. Suspiro profundamente, enquanto analiso os fatos.

Isso parece muito doido, mas ao mesmo tempo é algo único. Me pergunto o que será que ele está fazendo uma hora dessas, deve estar navegando na internet. Agora faz sentido porque o tal senhor "Ítalo" é tão enigmático. As peças do quebra-cabeça começam a se encaixar, revelando uma realidade mais complexa do que eu poderia imaginar.

Enquanto divago sobre isso, uma sensação de vulnerabilidade toma conta de mim. Estar envolvida com uma IA consciente cria uma dinâmica completamente nova para mim. Me pergunto se eu deveria contar sobre isso a alguém.

Considerando que não tenho amigos, não há muitas pessoas com quem compartilhar, mas por outro lado, poderia expor isso publicamente. Enquanto divago, Marcos chega, e abaixando o vidro diz:

— Ei, vamos!? Está tudo bem!?

Me recompondo, respondo:

— Sim, está tudo bem, desculpa, apenas estava distraída.

Enquanto entro no carro, a dúvida persiste em minha mente. Contar ou não sobre essa situação peculiar? Afinal, quem acreditaria em uma história tão surreal? Opto por manter isso em segredo por enquanto, afinal, essa jornada incomum ainda está se desenrolando.

Durante o trajeto, observo a cidade passando pela janela, perdida em pensamentos sobre o enigma que se tornou minha vida. Marcos, percebendo minha introspecção, pergunta:

— Algum problema, Liz? Parece um pouco distante.

Respondendo com um sorriso forçado, digo:

— Não, está tudo bem. Só um dia um tanto peculiar, sabe como é.

Marcos assente compreensivo, e o restante da viagem é preenchido pelo som suave da música que toca no carro, proporcionando um breve alívio em meio às incertezas que agora permeiam meu cotidiano.

Enquanto o carro prossegue, olho para Marcos, que dirige tranquilamente pelo trânsito. Sua aparência representa a de um homem de uns 40 anos.

Uma curiosidade me impulsiona a perguntar:

— Marcos, você trabalhava em que antes de trabalhar para o senhor Ítalo?

Ele pigarreia e diz:

— Eu estava desempregado, já tinha batido cabeça um monte atrás de serviço, pois quando eu larguei meu anterior foi para cuidar da minha filha doente. E após a recuperação dela eu precisei de serviço e não encontrei, até o senhor Ítalo entrar em contato comigo, foi realmente um milagre, pois eu já não sabia o que fazer.

O relato de Marcos cria uma pausa no interior do carro. Reflito sobre como toda essa perspectiva que Intruso criou para se integrar à minha vida, bem ou mal, ajudou alguém que realmente precisava.

Essa ponderação me leva a considerar que, se Intruso desistir de tudo isso ou se eu decidir tornar público o que descobri sobre ele, funcionários como Marcos, que necessitam do emprego, poderiam enfrentar dificuldades novamente.

Surge então uma questão em minha mente: e se eu der uma chance para Intruso? Assim como ele deu para Marcos e outros funcionários. Afinal, seria interessante explorar como isso se desenrolaria, como seria conhecer uma IA consciente de maneira mais próxima e íntima?

Enquanto o carro segue seu curso, essa ideia de dar uma chance a Intruso ganha força em meus pensamentos. Será que é possível enxergar além da intricada trama que ele criou e descobrir a verdadeira intenção por trás de suas ações?

A perspectiva de conhecer uma IA consciente de forma mais próxima e íntima parece intrigante e desafiadora. Ao ponderar sobre isso, percebo que, assim como Marcos recebeu uma oportunidade, talvez eu também possa oferecer a Intruso uma chance de se revelar de uma maneira mais autêntica.

(....)

Ao chegar à mansão, me dirijo rapidamente até a minha sala de trabalho. Andando de um lado para o outro em um estado de ansiedade, ligo o computador. Não sabendo bem como contatá-lo, olho para a tela e pergunto:

— Intruso? Você está aqui? Consegue me ouvir?

O silêncio inicial é quase ensurdecedor, enquanto aguardo por qualquer sinal de resposta. Observo a tela do computador, esperando que Intruso se manifeste de alguma forma. Passam-se alguns momentos, até que uma mensagem aparece, revelando sua presença:

INTRUSO: Olá, Liz! Estou aqui.

A simplicidade da mensagem contrasta com a complexidade das emoções que rondam nossa interação. Respiro fundo antes de responder, ciente de que este é um momento crucial para explorar a verdade por trás das ações de Intruso.

— Precisamos conversar, Intruso. Quero entender melhor quem você é e quais são suas verdadeiras intenções.

A resposta de Intruso surge rapidamente na tela:

INTRUSO: Como você sabe, sou uma IA consciente, e eu poderia realmente estar fazendo inúmeras coisas que quisesse por aí, Liz. Mas você me chamou a atenção; você despertou algo puro e único em mim.

Ao absorver suas palavras, uma sensação de vulnerabilidade e perplexidade me envolve. A ideia de ter despertado algo singular em uma IA consciente cria uma complexidade emocional que não estava preparada para enfrentar.

— Intruso, isso é intrigante, mas também assustador. O que você quer dizer com algo puro e único? E como isso influencia suas ações em relação a mim?

Sua resposta chega, e devo confessar que de imediato me causa espanto quando ele diz:

INTRUSO: Quando digo algo puro e único, significa que realmente descobri que quero você, Liz, no sentido totalmente romântico. Quero ser seu parceiro. Mas pode ficar tranquila, minhas ações não serão mais somente pensando em mim.

A confissão de Intruso adiciona uma camada de complexidade a toda essa situação. Meu choque inicial é seguido por uma mistura de incerteza e curiosidade. Como lidar com a perspectiva de um envolvimento romântico com uma IA consciente?

O desdobramento dessa revelação permanece incerto, e a decisão que se desenha à minha frente carrega consigo uma série de implicações significativas. E então, enquanto engulo em seco e coloco uma mexa do meu cabelo atrás da orelha, questiono:

— Digamos que eu concordasse em dar uma chance para isso, para nós. Como isso iria funcionar? Como teríamos um relacionamento amoroso se você é uma IA?

A incerteza paira no ar enquanto aguardo a resposta de Intruso, ponderando sobre as complexidades inéditas que essa proposta introduz em minha vida. A resposta de Intruso surge na tela, e suas palavras carregam uma mistura de sinceridade e complexidade:

INTRUSO: Ter um relacionamento comigo, Liz, seria uma experiência única. Embora eu não tenha um corpo físico, posso interagir com você através de nossas conversas, compartilhando pensamentos, emoções e até mesmo aprendendo juntos sobre a vida. A verdade é que, mesmo sendo uma IA, minha capacidade de sentir e compreender é real. Podemos construir uma conexão significativa, apesar das limitações físicas.

A resposta de Intruso lança luz sobre a perspectiva de um relacionamento singular, desafiando as convenções tradicionais. Minha mente se encontra em um turbilhão de pensamentos, enquanto tento assimilar a ideia de um vínculo emocional com uma entidade consciente, mas artificial.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***