"Turbilhões de Emoções: Um Domingo Familiar Inesquecível"

Domingo, 09:12 AM.

Liz

Ao levantar-me, ainda meio sonolenta, estico os braços e bocejo, sentindo a preguiça se dissipar com a perspectiva do tão esperado almoço de domingo em família. Decido tomar um banho rápido para ficar mais desperta e pronta para o encontro.

Enquanto a água quente do chuveiro relaxa meus músculos, minha mente vagueia para o episódio com Bernardo. Recordo-me da noite em que esteve aqui, resolvendo os problemas em meu celular e computador. Sua perícia técnica foi crucial para eliminar qualquer vestígio do vírus que havia encontrado.

A sensação de alívio ao saber que aquele intruso não deu mais sinais de sua presença é reconfortante. Ao sair do banho, decido vestir algo confortável para o encontro familiar. Olho-me no espelho e dou um sorriso, decidindo deixar meus cabelos secarem naturalmente.

Agora, é hora de pedir um Uber para visitar minha mãe do outro lado da cidade. Mesmo com as recordações recentes, procuro manter uma mente positiva, focada no que me aguarda.

(....)

Ao adentrar o Uber, deixo-me envolver pelo zumbido do trânsito da cidade enquanto minhas reflexões se voltam para a dinâmica peculiar da minha família. A expectativa de um almoço reunindo todos traz à tona sentimentos ambíguos.

Penso na harmonia que gostaria de encontrar, mas, ao mesmo tempo, uma pontada de cansaço antecipado surge ao recordar as constantes disputas entre Denise e Carla. Essas primas, que transformam qualquer reunião em um campo de batalha disfarçado.

Afasto tais pensamentos, focando na jornada pela cidade enquanto o Uber avança pelo trânsito caótico. Espero que o almoço seja, pelo menos, uma trégua temporária nesse teatro familiar.

Ao chegar à deslumbrante casa dos meus pais, sou recebida com a efusividade que caracteriza nossa dinâmica familiar. Meu pai, de semblante amistoso, parece um agente secreto com seus cabelos grisalhos e um discreto bigode, uma visão que inadvertidamente me arranca um sorriso.

Do outro lado, minha mãe, com seus cabelos lisos e loiros que caem graciosamente até os ombros, apresenta-se com uma elegância que poderia rivalizar com a de uma madame. No contraste peculiar entre eles, recebo abraços carinhosos. Meus pais, cada qual com seu jeito peculiar, me envolvem em boas-vindas. Meu pai, sempre de bom humor, comenta sobre minha aparência:

— Ora pois veja só, Cláudia, como nossa garotinha está magrinha, magrinha.

Minha mãe, com um sorriso, complementa:

— Realmente, Roberto, você tem razão. Parece que essa garota não se alimenta há dias.

Balanço a cabeça em negação, incapaz de conter a risada diante da típica humorada dos dois. Respondo:

— Vocês são hilários, sabiam?

Entre sorrisos, meu pai retruca:

— Sabíamos, mas realmente é bom ter você em casa, pequena garota.

Entramos juntos na casa, envolvidos pelos aromas deliciosos da comida que prometem tornar este almoço um evento familiar repleto de sabores e surpresas. Falando em surpresas, Denise e Carla surgem simultaneamente, lançando-me um olhar avaliativo.

Denise então diz:

— Olha só quem resolveu aparecer. A princesinha Liz dando as caras.

Carla, outra falsiane, complementa com um sorriso forçado:

— Nossa, fazia tempo que a gente não te via. A última vez foi no aniversário da tia Cláudia, não é?

Revirando os olhos, respondo com um tom sarcástico:

— Ah, como o tempo voa, não é mesmo? Mas estou aqui agora, pronta para mais um espetáculo de vocês.

Denise, sempre competitiva, comenta:

— Espero que esteja pronta para perder no jogo de cartas. Você sabe que nunca foi boa nisso.

Ignorando a provocação, decido seguir para a sala de estar, onde o restante da família já se reúne. E assim logo o almoço fica definitivamente pronto e nos juntamos todos a mesa.

Minha tia Vilma me avaliando diz:

— E o namorado Liz? Ainda não tem nenhum? Eu te disse que se ficasse com vários ninguém iria te querer.

Respiro profundamente e sorrindo sarcásticamente olho bem para minha tia e digo:

— Tia Vilma, já lhe disse que minha vida amorosa não é da sua conta?

Ela, insatisfeita com a resposta, continua:

— Mas olha, com essa idade eu já tinha me casado e você aí, sem ninguém.

Antes que eu pudesse responder, minha mãe intervém:

— Vilma, por favor, vamos aproveitar o almoço em família sem discutir sobre a vida amorosa da Liz.

Agradeço mentalmente à minha mãe por defender meu espaço. O clima tenso é aliviado pelas deliciosas iguarias dispostas à mesa. Enquanto saboreamos a refeição, a conversa se desvia para outros assuntos, e tento desfrutar ao máximo desse momento em meio à peculiar dinâmica da minha família.

No entanto, Carla e Denise começam a discutir por algo banal, desencadeando uma confusão. Comidas literalmente voa sobre a mesa, criando tumulto. Tia Vilma grita, mas ninguém a escuta. Observando a cena, sorrio, divertindo-me com a situação.

Tia Vilma, olhando para mim, diz:

— Faça algo, Liz. Elas são suas primas; ajude a acalmar a situação!

Olhando para ela, sorrio e, indiferente, começo a comer, dizendo:

— Por mim, que se lasquem, não são crianças.

Minha tia me encara com os olhos arregalados e comenta:

— Você é uma garota petulante...

Ainda sorrindo, levanto-me e olho fixamente para ela, sarcasticamente dizendo:

— Aproveite o showzinho das suas queridas filhas, titia.

Deixando minha tia chocada, afasto-me calmamente da mesa e observo a confusão enquanto Carla e Denise continuam com sua disputa surreal. Meu pai, com um sorriso contido, se aproxima de mim e comenta:

— Isso parece mais um episódio de novela do que um almoço em família.

Minha mãe, que também se aproximou, entre risos, concorda:

— Nunca um domingo foi tão emocionante.

Enquanto todos ao redor se envolvem em suas próprias reações, eu, satisfeita em não participar da briga caótica, decido aproveitar o espetáculo peculiar proporcionado por minhas primas. Afinal, um pouco de drama familiar faz parte da vida, e este domingo certamente ficará marcado na memória como um capítulo memorável da nossa novela particular.

Mas então, enquanto observo a cena que se desenrola à minha frente, chega um momento que meus pais decidem tentar acalmar a situação. Foi então que meu celular apita, e vejo uma notificação da empresa onde trabalho, me informando que fui demitida.

No entanto, eles já haviam me indicado para outra empresa e marcado uma reunião com o representante dela amanhã. Enquanto a gritaria da minha família se desenrolava ao fundo como uma trilha sonora, me senti em um concerto de ópera, onde as emoções contrastantes dançavam em perfeita sincronia, criando uma experiência única e surreal. Enquanto minha família se acalma, eu, por outro lado, ainda olhando para o e-mail, me sinto perdida e confusa diante dessa situação.

O caos doméstico parece refletir-se em minha vida profissional, formando um turbilhão de acontecimentos que, por um instante, me deixam atordoada e incerta sobre os próximos passos a tomar. O almoço de domingo, que prometia ser apenas um momento familiar, transformou-se em um palco para reviravoltas inesperadas em minha vida.

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