Confronto

Paulo estava decidido a se casar e como eu também estava, marcamos o casamento para março de 1993. Começamos a comprar a mobília Um dia o senhor Alberto me chamou até a sala da casa dele e sem rodeios começou a expor a sua opinião.

_ Izabella, não estão apressando um compromisso muito sério?

_ Paulo e eu conversamos e decidimos que está na hora de casarmos.

_ Eu não concordo com essa decisão.

_ Desculpe senhor Alberto. Não creio que cabe ao senhor essa decisão. Não estamos pedindo a sua permissão.

_ Você deveria ter mais seriedade. É um passo grande. Talvez o meu filho não esteja preparado para dar esse passo.

_ O senhor está dizendo que devo ter mais seriedade porque sou mais velha? É por isso que não gosta de mim, senhor Alberto?

_ Não se trata de gostar ou não de você. É o Paulo que precisa gostar de você.

_ Exatamente. É ele. E já me provou que quer se casar. Aliás o pedido partiu dele. Assim como foi ele quem marcou a data.

_ O meu filho está com pressa para se casar porque certamente você não se deita com ele.

_ O senhor é muito desagradável. Eu tinha uma opinião diferente do velho que vendia doces na escola. Está faltando com o respeito comigo. Paulo quer se casar comigo porque nos amamos. Se vou para a cama com ele não é da sua conta.

_ Realmente não é. Paulo é um idiota. Casar por conta de sexo.

Eu olhei para ele com ódio e vi a minha sogra parada na porta, com os olhos arregalados ao ouvir as palavras do marido.

_ Mas que droga é essa, Alberto? Você perdeu o resto da sua sanidade? Imbecil_ olhou para mim e correu para me abraçar _ Bella, não considere o que esse idiota fala. Paulo te ama. A vida íntima de vocês só dizem respeito a vocês dois.

_ Vera, Paulo e eu nunca avançamos o sinal_olho furiosa para o velho asqueroso _ para a sua informação, o seu filho é diferente de você. Ele é um homem honrado e respeita a minha decisão de esperar pelo casamento. Eu não o obrigo a nada. Diferente do senhor que o obriga a se matar de trabalhar duro para garantir a sua vida boa.

_ Você é muito atrevida. Paulo trabalha comigo.

_ Não. Paulo trabalha mais para o senhor. O lucro maior é seu. E agora eu entendi o motivo da sua raiva de mim. Sabe que irá perder a sua fonte de renda. Terá que parar de jogar o seu baralho nos comércios e trabalhar de verdade.

Ele me olhou com ódio e tive certeza que ataquei o seu ponto fraco. Ele saiu da sala bufando. Vera me abraçou e me levou para a cozinha. Fez um chá e sorriu.

_ Parabéns Bella. Estou orgulhosa de você ter finalmente enfrentado o meu marido. Disse exatamente o que ele precisava ouvir.

_ Arrumei um inimigo, Vera. Ele poderá usar isso contra mim, fazendo Paulo desistir.

_ Não conhece o seu noivo? Paulo vai enfrentar o pai. Espero isso há anos. Tenho raiva do Alberto abusar de sua autoridade. Paulo trabalha muito e é quem alavanca as vendas. É o único filho que ainda trabalhava sem reclamar com uma parte menor dos lucros.

_ Eu não queria isso. Mas sempre percebi que o senhor Alberto não me aceita.

_ Querida, azar o dele. Você foi a melhor pessoa que o meu filho poderia ter encontrado. Estou muito feliz por ter você como minha nora.

_ Obrigada Vera. Eu também gosto muito de você e toda a sua família.

Assim que Paulo chega em casa, ele percebe que aconteceu alguma coisa. Eu não queria jogá-lo contra o pai, mas Vera insistiu e falei tudo. Paulo ficou furioso. Enquanto eu estava nos seus braços, ele disse para deixá-lo resolver a questão.

_ Paulo, eu sei que precisa conversar com o seu pai, mas os ânimos estão exaltados. Espere até amanhã. Leve Bella para casa.

Ele concordou e fomos para a minha casa.

_ Bella, me perdoe pela atitude do meu pai. Eu queria estar lá. Mas como sempre ele agiu nas minhas costas. Mas prometo-lhe que irá receber um pedido de desculpas.

_ Não preciso do pedido dele. O nosso casamento é decisão nossa. Azar o dele se não gosta de mim. Terá que me engolir. Já eu não terei. Nunca serei um muro entre você e ele. Mas só o tratarei com algum traço de respeito em consideração a você e a sua mãe.

_ Você é incrível, minha Bella.

Nos despedimos e entrei em casa. A minha mãe já estava dormindo e dei graças a Deus por não ter que falar nada.

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