Era difícil de acreditar, mas eu precisava manter a calma. Era essencial mostrar que ainda estava no controle.
— Já passei por isso antes. E agora não será diferente — digo com frieza, encarando cada um deles. — Vou tomar de volta o que é meu, e ainda vou entregar a você a cabeça de Santiago... e do maldito filho dele.
— Você só esqueceu um detalhe — Gymena retruca, levantando a sobrancelha, com o olhar firme e cheio de dúvida. — Agora você tem uma fraqueza. E por causa dela, estamos nessa situação.
— Gymena está certa — Brendon concorda, com um tom de reprovação. — Essa sua paixão está te levando à ruína.
— Eu confio em Ramon para virar o jogo — Bryan interrompe, oferecendo seu apoio. — Estou com você, e meus homens estão à disposição.
Brendon lança um olhar rápido a Bryan, e pela troca silenciosa entre eles, sei que a resistência de Brendon está prestes a ceder.
— Se meu irmão te apoia, então tem meu apoio também — Brendon diz por fim, o que me traz um alívio imediato.
— Nesse caso, também estou com você — Gymena decide, embora mantenha o tom de cautela. — Mas não falhe dessa vez. E quero meu carregamento na próxima semana, conforme prometido.
Ela estende a mão, e eu a aperto, selando o acordo.
— Que os jogos comecem. Que nossos inimigos pereçam, e que as suas cabeças em nossas mãos sejam a prova do nosso poder — declaro, erguendo o copo para o brinde final.
Todos nós brindamos, unidos pela promessa de vitória e vingança.
— E qual é o plano? — pergunta Gymena.
— Já descobrimos quem está passando informações para o Santiago. Vamos mandar um dado falso e enviar dois caminhões por rotas diferentes, ambos cheios de homens armados. Quando os desgraçados abrirem, achando que vão encontrar cocaína, vão levar bala — explico.
— Entendi. Eles vão pensar que um dos caminhões é só uma distração para que o outro chegue ao fornecedor, mas, na verdade, os dois serão armadilhas — Brendon diz, com um sorriso vitorioso.
— E não vamos parar por aí. Enquanto pegamos eles nessa emboscada, vamos atacar as regiões mais fortes do tráfico, tudo ao mesmo tempo. Ele vai ficar louco. Vamos explodir o máximo de galpões de drogas dele — digo, saboreando a ideia da vingança.
— É por isso que sou seu fã — Bryan comenta, divertido.
— Você é excelente em montar planos. Vou te fornecer as armas, os explosivos, e meus melhores homens, já que muitos dos seus foram mortos nas emboscadas de ontem — Gymena acrescenta.
Então, explico todos os detalhes: múltiplos ataques coordenados, atingindo Santiago onde ele menos espera, deixando-o completamente atordoado.
— E o traidor? O que vamos fazer com ele? — pergunta Bryan.
— Assim que o plano estiver em ação, vou dar um jeito nele — respondo.
— Então vamos nos comunicando. Colocaremos o plano em ação em três dias. Agora, preciso ir até a pista de pouso — digo, olhando o relógio.
— Foi um prazer revê-lo. Você é tão bom quanto seu pai — diz Gymena.
— Ele me treinou — respondo, sorrindo ao lembrar do meu pai.
Após me despedir, pego minha mala já pronta e mando uma mensagem para os meus homens começarem a agir e deixarem o plano B preparado, caso o primeiro falhe.
Entro no carro, verifico minha arma e as munições, e sigo em direção ao encontro com Alicia. Depois de trinta minutos, chego à pista de pouso, onde o avião já está preparado para decolar. Coloco a arma na cintura e saio, avistando Cristovão.
Cristovão
Eu sabia que a hora de revelar a verdade para Alicia estava chegando, mas quero fazer isso em um lugar onde ela não possa fugir de mim. Onde terei a chance de convencê-la a ficar comigo, mesmo ela sendo um anjo e eu, um demônio.
— E aí, chefe, tudo deu certo? — pergunta Cristovão.
— Sim, em três dias vamos causar o terror no território do Santiago — digo, sorrindo.
— Aquele desgraçado vai se arrepender de ter aberto as portas do inferno — Cristovão comenta, e nós rimos.
— E como está Alicia? — pergunto.
— Por um momento achei que ela fosse do FBI, me interrogou o caminho todo — ele conta.
— Ela só está preocupada, o que é normal. Acho que ela nunca passou por algo assim antes. É uma mulher inocente, provavelmente ia à igreja aos domingos. Seu pai devia ser um homem humilde — comento.
— Deve ser isso mesmo — ele diz.
— Cristovão, obrigado. Você é um homem leal. Cuide de tudo na minha ausência. Nos vemos em três dias — digo, despedindo-me dele.
Ao entrar no avião, Alicia se levanta, me abraça e me beija.
— Que bom que chegou, eu estava preocupada — ela diz, com lágrimas nos olhos.
— Não chore, estou aqui e estou bem — respondo, sorrindo com ternura. É bom saber que sou importante para ela e que ela se preocupa comigo.
Depois de nos acomodarmos, o avião decola. Alicia fecha os olhos, sentindo o desconforto da decolagem.
— Para onde estamos indo? O que está acontecendo? — ela pergunta, demonstrando angústia.
— Estamos indo para Cuernavaca, no México. Tenho uma casa lá — respondo.
— E o que está acontecendo? — ela insiste.
— Vamos conversar quando chegarmos, tudo bem?
— Sim, tudo bem.
Após doze horas de voo, chegamos ao México, por volta das onze da noite. Quando saímos do avião, meu amigo já nos esperava.
— Bem-vindos ao México! E aí, meu amigo, como tem passado? — ele pergunta, me abraçando.
— Bem, muito bem — respondo.
— E essa linda mulher? — ele pergunta, sorrindo para Alicia.
— Minha namorada, Alicia — apresento.
— Muito prazer. Fernando, ao seu dispor — diz ele, pegando a mão de Alicia e a beijando.
— E essa aqui eu não me esqueço! Tia Carmen, como vai? — ele pergunta, abraçando Carmen.
— Muito bem — Carmen responde.
Carmen
Após os cumprimentos, entramos no carro, e Fernando nos levou até minha casa. Como já era tarde, ele se despediu, e combinamos de nos ver no dia seguinte. A casa estava impecável; dona Zuleica e Nestor cuidaram muito bem de tudo. Já no nosso quarto, Alícia penteava os cabelos, preparando-se para dormir, mas eu sabia que ela tinha várias perguntas, e não podia mais esconder a verdade dela. Me posicionei atrás dela, observando seu lindo reflexo no espelho; seus olhos azuis me encaravam, tristonhos.
— Precisamos conversar. Mas antes de termos essa conversa, quero que saiba que você é o amor da minha vida. Você foi como um sol durante muitos anos de um céu cinza e tempestuoso. Você me faz sentir vivo, e sem você minha vida não tem sentido — digo com sinceridade. Seus olhos ainda me encaram, e um sorriso surge em seus lábios.
— Eu te amo, muito — ela diz, com a voz embargada.
— Vem, senta aqui — digo, conduzindo-a até a cama. Sentamos de frente um para o outro; seguro suas mãos e respiro fundo antes de dizer a verdade.
— Alícia, eu não sou quem você pensa que sou, ou quem todos veem na Castell Enlatados. Atrás desse negócio, há algo muito maior, e eu não escolhi ser quem sou. Já nasci com esse destino traçado. Eu queria ser advogado, levar uma vida tranquila com esposa e filhos; era tudo que eu queria, até o dia em que fiquei adolescente e meu pai começou a me treinar para assumir os negócios da família… os negócios ilegais. Eu sou um… mafioso — conto a verdade, e ela não diz nada. Levanta-se e caminha em direção à varanda do quarto.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Marli Batista
Agora ela também tem que contar a verdade pra ele
2025-02-22
1
Andreia Gregorio
O paidela é o seu inimigo! Sabe de nada inocente! kkkkkk
2025-02-10
4
Cleide Almeida
ainda bm q ele tá contando a verdade pra alicia
2025-03-13
0