Quando vi aquelas armas no banheiro do Ramon, fiquei preocupada, mas quando ele me disse que eram para sua proteção, fiquei bem mais aliviada. Seria muita ironia me apaixonar por alguém que representasse exatamente aquilo do qual eu e minha mãe fugimos por anos. As marcas do passado ainda me doem. Fugir da Colômbia não foi fácil; a Itália foi a chance de escrever uma nova história, de ter um novo nome e uma nova vida. Só não imaginava que, nessa nova vida, seria apenas eu.
— O que faz aí tão quietinha? — Ramon me envolve em seus braços, trazendo-me de volta ao presente.
— A vista da cidade é linda daqui — digo.
— Só que fica tão pequena diante da sua beleza. Seus olhos são lindos, e eu amo me perder neles — ele diz, depositando um beijo suave em meu pescoço.
— E eu amo me perder em você — respondo.
— Vamos — ele diz, entregando minha bolsa.
— Sim, vamos, meu amor — digo, beijando seus lábios com doçura.
— Se eu pudesse, não sairíamos daqui nunca mais. Ficaríamos aqui para sempre — ele diz, carinhoso.
— Mas somos adultos, e a vida lá fora continua, chefinho — falo, brincando.
A chuva havia passado, mas deixado estragos. Quando Ramon entrou no meu bairro, a cena era de caos. Nunca tinha presenciado algo assim antes, principalmente ao ver que o local onde fica a minha casa estava coberto pela água, impedindo que pudéssemos chegar até lá.
Comecei a chorar ao perceber que tudo estava perdido. E agora? O que vou fazer?
— Não se preocupe, vamos dar um jeito, tudo bem? — disse Ramon, me abraçando.
— Alícia, que bom que chegou — a voz de Santos ecoou atrás de nós. Me virei e encontrei seu olhar triste.
— Santos, como estão todos? — perguntei, preocupada com meus amigos e vizinhos.
— Estão tristes por terem perdido seus móveis. Alguns foram para a casa de parentes, outros estão em abrigos. Em todos esses anos morando aqui, nunca presenciei algo assim — disse ele. — Foi muito rápido. A chuva era muito forte, e, de repente, a água começou a subir.
— Mas todos estão salvos? — perguntou Ramon.
— Sim, graças a Deus. Agora é esperar a água baixar para podermos voltar, limpar tudo e começar do zero — respondeu Santos, com a voz carregada de tristeza.
— Faça uma lista com o nome de todos os moradores. Quando estiver pronta, leve até o meu escritório. Vou ajudá-los — disse Ramon.
— Sim, claro. Obrigado, senhor — agradeceu Santos.
Fiquei muito feliz ao ver como Ramon era generoso e tinha um bom coração.
— Não demore com a lista — diz Ramon, firme.
— Pode deixar — responde Santos.
Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, Santos se prontifica:
— Alícia, eu não estou no abrigo, estou ficando na casa da minha tia. Lá tem um quarto a mais, você pode ficar lá se quiser.
Abro a boca para aceitar, mas Ramon me interrompe com um tom sério:
— Não será necessário. Alícia vai ficar na minha casa.
Seus olhos cravam em Santos com uma postura dominadora. Santos, porém, não recua:
— Mas, senhor, você é o chefe dela. Não acho adequado que ela fique na sua casa.
Ramon mantém o olhar firme e responde com autoridade:
— Eu sou mais que o chefe dela, Santos. Sou o namorado dela. Não tem nada de errado nisso.
Santos parece abalado, e sua expressão endurece ao processar a informação.
— Você está namorando o seu chefe? — ele pergunta, agora diretamente a mim.
Eu apenas confirmo com um aceno e respondo baixinho:
— Sim, estou.
Santos respira fundo, visivelmente incomodado, antes de dizer:
— Entendo... Bom, felicidades para vocês dois. — E sai, parecendo perturbado com a notícia.
Fico observando enquanto ele se afasta, um peso inesperado cai sobre mim. Como eu nunca percebi antes o que ele sentia?
— Vamos? — a voz de Ramon me puxa de volta para o presente.
— Sim, vamos.
Entramos no carro, e ele dá a partida. Permanecemos em silêncio por um tempo, enquanto eu tento processar o que acabou de acontecer e o comportamento de Santos.
— Por que está tão calada? — Ramon pergunta, notando minha inquietação.
— Eu... não sei. Só acho que o Santos não ficou feliz ao saber que estamos juntos. — Admito, externando meus pensamentos.
— Claro que não ficou. Ele te ama. Nunca percebeu? — Ramon pergunta, sem rodeios.
Fico surpresa com a pergunta e, depois de pensar por um momento, respondo:
— Acho que com todos os problemas que tenho, nunca prestei atenção. Sempre achei que ele me via como uma amiga.
— Mas ele claramente te ama, e foi por isso que reagiu daquela maneira. Eu o entendo. Se fosse o contrário, eu estaria desesperado agora. Mas a sorte sorriu para mim, porque você me ama do mesmo jeito que eu te amo — ele disse, selando meus lábios com um beijo apaixonado.
Ele deu partida no carro e disse que me levaria para comprar roupas, já que as minhas haviam se perdido.
— Mas, por favor, desconte do meu salário. Não me sinto confortável com você comprando roupas para mim — falei, envergonhada.
— Vai se acostumando, porque eu vou te mimar muito. Tudo o que estiver ao meu alcance, darei a você — ele respondeu com um sorriso encantador.
— O seu amor e sinceridade já me bastam — disse, e ele pegou minha mão, levando-a até seus lábios e beijando-a suavemente, sem desviar os olhos da estrada.
Três dias depois...
Hoje estava bastante ocupada, finalizando relatórios para entregar a Ramon. Diferente dos outros dias, eu estava de vestido. Ele havia pedido para que eu viesse trabalhar com um visual menos formal, e, como gosto de agradá-lo, assim o fiz. Coloquei os últimos relatórios na pasta e, com eles em mãos, caminhei até sua sala. Bati na porta, e sua voz grave e sedutora me convidou a entrar.
— Bom dia, senhor Ramon — falei de forma formal, apenas para provocá-lo. Ele ergueu uma sobrancelha e me encarou.
— Senhor Ramon? — repetiu, como se não tivesse ouvido direito.
— Sim, senhor — respondi com um sorriso provocativo.
— Bem formal da sua parte, gosto disso — ele disse, levantando-se da cadeira e caminhando lentamente em minha direção, com um olhar carregado de desejo. — Minha linda secretária, por que tanta formalidade? — murmurou próximo ao meu ouvido, fazendo minha pele arrepiar com o tom provocativo.
Ele pegou as pastas da minha mão, colocou-as sobre a mesa e, em seguida, me puxou para seus braços, me erguendo no colo enquanto eu entrelaçava minhas pernas em sua cintura.
— Estamos no trabalho, devemos nos tratar assim — tentei dizer.
— Então vou te mostrar o quão formal eu posso ser — ele respondeu, sentando-se comigo no sofá de couro preto da sala. Tomou meus lábios em um beijo feroz, deitando-me no sofá enquanto se posicionava entre minhas pernas, pressionando seu corpo contra o meu, deixando claro o quanto me desejava.
— Acha isso formal? — perguntou com a voz rouca, enquanto sua mão descia até minha intimidade. Um gemido escapou de meus lábios quando seus dedos começaram a se mover, e outro quando ele introduziu dois dedos dentro de mim.
— Diga-me, o quanto estou sendo formal agora? — provocou, seus dedos entrando e saindo lentamente, me levando à loucura.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 49
Comments
Fran Silva
santos vc não se declarou logo e também Ramon te sabotou né santos kkkkk quebrando seu carro,mas vai aparecer uma moça legal pra vc santos
2025-02-18
6
Paty Moreira
O romance está tão maravilhoso, mas sinto que a qualquer momento pode desandar com o afastamento dele, espero que sejam personagens fortes que se amem acima de tudo e lutem juntos.
2025-03-04
0
Andréa Debossan
Santos fiquei com peninha de vc mais sinto muito lhe dizer vc não combina com ela mais vc merece uma boa pessoa e vai aparecer uma garota boa pra vc
2025-02-23
0