Estranhei o pedido de Ramon para conversar com o médico que estava cuidando da minha mãe. Fazia alguns minutos que ele havia saído.
— Senhorita Alícia? — uma enfermeira se aproximou.
— Sou eu! — respondi, preocupada com o que ela ia me dizer.
— Vim avisar que sua mãe já foi levada para a sala de cirurgia. A operação deve demorar em torno de cinco horas, e eu vou dar notícias durante esse tempo — disse, e eu não acreditava no que estava ouvindo. Minha mãezinha ia ser operada, o que me enchia de esperanças.
Lucena me abraçou, feliz com a notícia.
— Graças a Deus, menina! — disse, contente. Mas, logo que a euforia passou, lembrei-me das despesas.
— Mas eu não tenho dinheiro para pagar a cirurgia! — falei, aflita com os custos.
— Fique tranquila, já está tudo pago — ela respondeu.
Eu não conseguia acreditar. Um pensamento passou pela minha cabeça: será que Ramon tinha pago as despesas? Ele saiu com o médico para uma conversa particular.
— E aí, como está sua mãe? — Santos perguntou ao se aproximar.
— Ela está indo para a cirurgia agora — respondi.
— Ela vai ficar bem, dona Rosana é uma mulher forte — ele disse, tentando me confortar.
— Sim, tenho fé de que tudo vai dar certo — falei, sentindo a esperança crescer em meu coração.
— Alícia, eu preciso ir. Deixei o Isaque sozinho dormindo, e o Edson ainda não voltou — disse Lucena, preocupada com o filho.
— Muito obrigada, Lucena. Nem sei como te agradecer — falei, abraçando-a.
— Estou aqui sempre que precisar — ela respondeu.
— Santos, você pode levar a Lucena? — perguntei.
— Claro, levo sim — ele respondeu. — E volto para te fazer companhia.
— Não precisa. Você já fez muito por mim hoje.
— Mas amanhã eu volto — Santos insistiu, sorrindo.
— Tá bom — concordei.
Depois que todos foram embora, fiquei sozinha na sala de espera. Então, Ramon apareceu e sentou-se ao meu lado.
— Onde você estava? — perguntei.
— Resolvendo alguns negócios — ele respondeu.
— Perdão por perguntar onde estava. Não me entenda mal, é que você me trouxe e depois sumiu com o médico... — comecei a falar sem parar, até que ele me interrompeu, colocando a mão sobre a minha boca. Meus olhos se arregalaram de surpresa.
— Tudo bem, não precisa se explicar. Eu entendi — disse, achando graça no meu olhar espantado.
Fiquei tão envergonhada, mas, ao mesmo tempo, gostei de sentir o toque dele nos meus lábios. Se fiquei assim apenas com o toque da sua mão, imagine sentir os lábios dele.
— Desculpe, eu não devia ter tocado em você — ele disse.
— Não tem problema — respondi, tentando disfarçar o nervosismo.
— Se você quiser ir, pode ir. Sei que é um homem ocupado e sua namorada deve estar esperando — disse para mudar de assunto.
— Eu não vou a lugar algum, e não tenho namorada. Não sou o tipo de homem que namora ou casa — ele falou, sério.
— Mas a moça da pizzaria... — comecei, hesitante.
— A Léxis? Ela não é nada minha. Não é amiga, nem namorada. Ela é apenas uma mulher com quem eu pago para ter relações sexuais. Dinheiro e sexo, só isso — ele disse com naturalidade, enquanto eu engolia em seco aquelas palavras.
— Eu... não sei o que dizer — respondi, sem jeito.
— Então, não diga nada — ele retrucou. — E antes que me julgue, seria pior se eu seduzisse mulheres para ter sexo, e depois elas quisessem algo mais, quando eu não posso oferecer um relacionamento.
— Eu não... julguei você por pagar uma mulher para... aquilo — falei, gaguejando, enquanto minhas bochechas coravam de vergonha. Ele me olhou com um sorriso provocador, e então me desafiou.
— Aquilo o quê? — ele sussurrou próximo ao meu ouvido, me deixando ainda mais envergonhada.
Levantei-me rapidamente, tentando mudar de assunto, enquanto ele ria, divertindo-se com a situação.
— Já faz duas horas que minha mãe está em cirurgia, e a enfermeira ainda não voltou para dar notícias — comentei, tentando desviar a atenção.
— Fique tranquila, ela já deve estar vindo — ele respondeu, calmo.
Senti um frio repentino e cruzei os braços para me aquecer. Ele, sem dizer nada, tirou a sua jaqueta e a colocou sobre os meus ombros.
— Não precisa, senhor Ramon — falei, tentando recusar.
— Precisa sim. E, por favor, pare de me chamar de senhor. Me chame apenas de Ramon ou do jeito que preferir.
— Tudo bem, Ra... Ramon — respondi, com um leve sorriso.
A tensão no ambiente parecia aumentar a cada minuto que passava. O som dos meus passos ecoava pela salar enquanto eu andava de um lado para o outro, tentando controlar a crescente onda de medo e ansiedade. A cada poucos minutos, eu ia até a porta, na esperança de ver a enfermeira trazendo alguma notícia, mas o silêncio continuava, e meu coração apertava ainda mais. As lágrimas começaram a brotar novamente, ofuscando minha visão, quando senti o toque suave de Ramon no meu braço, fazendo um carinho leve e reconfortante.
— Não fique assim — ele disse com um sorriso tranquilizador. — Essas cirurgias demoram mesmo. Vem, senta aqui. Faça sua prece e confie que tudo vai dar certo.
Sentei-me ao seu lado, mas a angústia ainda apertava meu peito. — Eu só tenho ela... — murmurei, a voz embargada pela emoção. — Se ela morrer, estarei sozinha. Ela é tudo para mim, e estou com esse pressentimento... como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer.
As lágrimas começaram a escorrer sem controle, e antes que eu pudesse reagir, Ramon me puxou para seus braços, abraçando-me com firmeza, mas de forma acolhedora.
— Vai ficar tudo bem — ele sussurrou, a voz suave em meio ao meu desespero. — Se acalme, tudo vai ficar bem.
E, por um momento, encontrei conforto em seu abraço, como se, por mais breve que fosse, o peso do mundo se aliviasse um pouco.
— Me conta uma lembrança bonita que você tem da sua mãe na infância — ele pede suavemente.
Enxugo as lágrimas e busco na memória algum momento especial. Vários surgem, porque minha mãe sempre foi muito amorosa, e com ela os momentos sempre foram cheios de carinho e ternura.
— São tantos... — respondo, com a voz ainda embargada. — Mas eu amava a hora de dormir, quando ela me contava as histórias da infância dela. E, quando eu tinha pesadelos, corria para a cama dela. Ela me abraçava forte, como você fez agora. Eu me sentia protegida e, logo, o medo ia embora. Ela cantava baixinho até eu pegar no sono de novo — conto, com um sorriso surgindo lentamente nos meus lábios ao lembrar daquele momento tão lindo.
— Uma linda lembrança — ele diz com um sorriso suave. — Também tenho boas recordações da minha mãe. Eu amava o perfume dela, e como ela me acordava com beijos — acrescenta, com o olhar distante, como se estivesse revivendo o momento em sua mente.
O sorriso que se formava em seus lábios era de uma ternura única, e por um instante, pude sentir a conexão dele com aquela memória, como se fosse algo tão vivo quanto o presente.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Andréa Debossan
falou demais Ramom agora ela vai ficar pensando nisso e não vai querer ficar com vc por que vai pensar que vc só quer passar o tempo com ela, deveria ter calado a boca
2025-02-23
5
Cleidilene Silva
eu achei TB desnecessário,e como tirar as chances,e tirar qualquer probabilidade se a caso ela estivesse interessada nele.
2025-02-10
4
Isabel Gasparin
a Ramon será mesmo q vc não vai namorar e nem casar....naot tô vendo isso não
2025-02-17
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