Após me acomodar em meu lugar, olho friamente para Léxis, irritado com sua ousadia em querer conhecer Alícia.
— O que foi? — ela pergunta, confusa.
— Essa é a primeira e última vez que saímos juntos.
— Mas por quê? O que fiz de errado? — a indignação é evidente em sua voz.
— Você falou quando deveria ter ficado calada!
— Desculpe, eu achei sua assistente legal e quis conhecê-la.
— Você acha mesmo que sou um menino que pode ser enganado? — retruco, levantando uma sobrancelha.
— Eu vi como você a olha. Você está apaixonado! — ela insiste, tentando me provocar.
— Toma aqui, pegue um táxi e vá embora. — Dou-lhe dinheiro, impassível.
— Me desculpa! Prometo que não falo mais nada.
— Não quero saber, vá agora. — Minha irritação é palpável.
— Por favor, deixe-me ficar! — ela implora.
— Certo, pode ficar, mas sem falar nada.
— Tá bom, mas posso pelo menos escolher o sabor da pizza?
— Pode!
Enquanto aguardo o pedido, finjo olhar meu celular, mas na verdade estou observando Alícia. Vejo-a se emocionar e, nesse momento, desejo ser um mosquitinho só para descobrir o que esse idiota está dizendo que a faz chorar. Será que ela gosta dele? Logo em seguida, ela se levanta e parece ir ao banheiro.
— Léxis, vá ao banheiro e descubra por que Alícia estava chorando — ordeno.
— Mas o que eu vou descobrir? Nem sou íntima dela — ela retruca.
— Não sei, descubra! Eu vou te pagar muito bem — digo, e então ela vai atrás de Alícia.
Enquanto isso, observo o idiota do Santos e desejo dar uma surra nele. Tempo depois, Léxis volta e se senta em sua cadeira, olhando para mim como se soubesse de algo importante.
— E aí, o que você descobriu? — pergunto, impaciente.
— Não descobri muita coisa. Quando saiu do banheiro, ela se referiu ao cara que está com ela como amigo — diz ela. — Mas percebi que os olhos dela brilharam quando falava dele. Ela parece estar apaixonada — acrescenta, e isso me deixa furioso.
A pizza chega, mas eu não toco nela. Estou tão irritado que a vontade que tenho é de quebrar tudo neste lugar. Ver Alícia se divertindo com Santos me deixa ainda mais furioso.
— Tem certeza de que não vai comer? Está maravilhosa! — Lexis diz, enquanto devora seu terceiro pedaço de pizza.
— Não! E nem sei como você, tão magra, consegue comer tanto assim — respondo, mal-humorado.
— De todas as vezes que nos encontramos, com certeza hoje o seu mau humor ganhou de todos os outros dias — Lexis comenta. Lanço a ela um olhar frio, o suficiente para que ela entenda que já falou demais.
Enquanto estou ali, penso em um jeito de levar Alícia para casa. Uma ideia me vem à cabeça: mando uma mensagem para os capangas pedindo que furem os pneus do carro do Santos.
Pouco tempo depois, Alícia recebe uma ligação que a deixa visivelmente preocupada. Vejo ela e Santos se levantarem apressados.
Vendo toda aquela movimentação, a curiosidade me tomou por completo. Algo estava errado, e eu precisava descobrir o que era. Meu estômago se revirava de ciúmes, mas mantive a compostura. Não podia demonstrar fraqueza, principalmente agora.
— Léxis, aqui está o dinheiro para você pagar a conta e pegar um táxi — falei, empurrando as notas para ela com indiferença.
— Como assim? Para onde você vai? — perguntou, surpresa, seus olhos buscando respostas.
— Isso não é da sua conta — respondi friamente, cortando qualquer tentativa de conversa. A paciência me abandonara há muito tempo.
Saí do restaurante com passos firmes, mas por dentro meu coração batia rápido, numa mistura de ansiedade e frustração. Ao chegar do lado de fora, meus olhos imediatamente encontraram Alícia. Ela andava de um lado para o outro, inquieta, ao lado do carro, com a expressão visivelmente abalada. A preocupação no seu rosto me incomodava mais do que eu estava disposto a admitir.
— Está tudo bem? — perguntei, esforçando-me para manter o tom de voz calmo, embora minha mente já estivesse fervilhando de preocupações e hipóteses. O simples fato de vê-la assim mexia comigo de um jeito que eu não gostava.
Ela parou por um instante, me olhou, seus olhos carregados de aflição.
— Não, não está. Minha mãe passou mal de novo — respondeu com a voz trêmula, e naquele momento senti um aperto no peito. O jeito como ela tentava manter o controle da situação, apesar da fragilidade, me comoveu.
Minha primeira reação foi querer resolver tudo. Era quase instintivo. Eu queria proteger Alícia, queria ser a solução para os seus problemas.
— Se quiser, posso levá-la onde precisar ir — ofereci, tentando ser útil. No fundo, eu esperava que ela dissesse "sim". Não só porque queria ajudar, mas porque isso me daria mais tempo ao lado dela, mesmo que em um momento difícil.
Ela hesitou, seu olhar indo de mim para o carro, como se estivesse decidindo se deveria aceitar ou não.
— Não, não quero atrapalhar a sua noite — disse ela, com um sorriso fraco que não escondia sua preocupação.
Antes que eu pudesse insistir, ela viu Santos se aproximando.
— Ele já vem — completou, quase como se estivesse se desculpando.
Olhei para ele, sentindo a raiva subir dentro de mim como um fogo incontrolável. Tudo em mim queria confrontá-lo, mas sabia que forçar a barra naquele momento não era a solução. Ainda assim, o ciúme me consumia por dentro.
— Tudo bem. Boa noite — respondi, mesmo que o nó na minha garganta dissesse o contrário. Mas eu tinha um trunfo. Sabia que em breve ela precisaria de mim. Os pneus do carro de Santos estavam furados, e quando eles descobrissem, Alícia não teria outra escolha a não ser aceitar minha ajuda.
Me afastei a passos lentos, dando o tempo necessário para que eles percebessem o problema. Enquanto caminhava, o coração acelerado e o olhar fixo à frente, sabia que em breve ela viria atrás de mim. E eu estaria lá, pronto para levá-la.
— Senhor Ramon? — ouço a voz suave de Alícia me chamar, e, apesar do sorriso que imediatamente surge em meus lábios, viro-me mantendo a expressão séria.
— O senhor se ofereceu para me levar. O pneu do carro do Santos está furado, e eu realmente não posso esperar mais — ela diz, parecendo envergonhada.
— Vem, eu te levo — respondo sem hesitar, estendendo a mão para ela, conduzindo-a até o meu carro.
Por dentro, me sentia um pouco culpado por estar feliz em tê-la comigo, especialmente em circunstâncias como essa. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de poder estar ao seu lado, de ser a pessoa a quem ela recorreu, alimentava algo dentro de mim. Durante o caminho, ela permaneceu de olhos fechados, provavelmente rezando por sua mãe. O silêncio no carro era pesado, carregado de preocupações, mas eu não disse nada. Apenas a levei.
Chegando ao hospital, caminhei ao lado dela até a recepção. Seus passos eram rápidos, tensos, e a preocupação parecia crescer a cada segundo.
— Não precisa ficar, senhor Ramon. Agradeço por ter me trazido até aqui — disse Alícia, com os olhos tristes, a voz suave, mas firme.
— Não foi nada. Mesmo assim, pretendo ficar e levá-la para casa depois — respondi, sem querer deixá-la sozinha naquele estado.
— Não precisa — ela insistiu, tentando manter a independência, algo que eu admirava, mas que, nesse momento, não faria diferença.
— Precisa, sim. E não vamos discutir mais sobre isso — falei de forma resoluta, olhando-a nos olhos, e, sem mais argumentos, ela cedeu.
Alícia foi até a recepção em busca de notícias da sua mãe, e logo Lucena apareceu, com a expressão carregada de preocupação.
— Como ela está, Lucena? O que aconteceu? Ela parecia estar tão bem hoje — Alícia perguntou, aflita, os olhos marejados.
— Eu não sei, Alícia. Ela começou a vomitar muito sangue de repente — Lucena respondeu, igualmente desesperada.
— Minha mãezinha... Lucena, eu só tenho ela neste mundo! — Alícia murmurou, a voz quebrada em soluços, lágrimas correndo pelo seu rosto.
Nesse momento, um médico se aproximou, a expressão séria, carregada com o peso de notícias que eu sabia que não seriam boas.
— Boa noite! Sou o Dr. Francisco, estou cuidando da senhora Rosana — disse ele.
— Como ela está, doutor? Eu sou a filha dela — Alícia perguntou com uma voz trêmula, cheia de expectativa.
— Estamos fazendo tudo o que podemos. Fizemos uma tomografia e outros exames, mas, infelizmente, ela precisará de uma cirurgia de emergência. O problema é que o plano de saúde dela não cobre esse procedimento — explicou o médico, sua expressão refletindo a gravidade da situação.
Foi como se o chão tivesse desaparecido sob os pés de Alícia. Ela se abaixou no chão, as mãos nos cabelos, balançando a cabeça, recusando-se a aceitar a realidade daquela notícia devastadora. A dor estampada em seu rosto era mais do que eu podia suportar. Meu coração se partiu ao vê-la ali, tão desamparada. Se houvesse algo que eu pudesse fazer para mudar aquilo, eu faria sem pensar duas vezes.
Aproximei-me do médico, decidido. Eu não ia deixar Alícia passar por mais sofrimento. Se dependesse de mim, sua mãe teria tudo o que precisasse.
— Boa noite, doutor. Desculpe interromper, sou Ramon Castell. Posso ter uma conversa particular com o senhor? — perguntei, já sabendo o que estava prestes a fazer. Eu resolveria isso. Por Alícia, eu faria qualquer coisa.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Ana Lúcia De Oliveira
Mafioso apaixonado é tudo de bom, imagina mandar furar o pneu do oponente kkkkkkkk kkkkkkkk
2025-02-16
13
Cleide Almeida
nossa Ramon tá sendo mto bacana em se esforçar pra estar ao lado d alicia mesmo fazendo incertas coisas
2025-03-09
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Marta Klemp
ele agiu rápido mais fiquei com dó do santos e feliz pq agora a mãe dela vai ter o tratamento que precisa
2025-02-26
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