Deus vai te curar

MENINA: Oii (sorrio) Você é minha colega quarto?

Rebeca Ferrari, 21 anos, também vai estudar gastronomia. Uma menina encantadora que carrega um passado doloroso. Traumatizada pelo estupro que sofreu aos 15 anos de idade dois dias antes de sua festa de debutante. Dois homens a pegaram na saída do colégio, a levaram a um beco e a desonraram. Desde então Rebeca jurou nunca se relacionar na vida e foge de qualquer homem que tente se aproximar. Mesmo com o passar dos anos ela ainda tem traumas e pesadelos, faz terapia e carrega uma grande dor que pra ela é incurável. Seus pais sente-se culpados, uma família que sofre com uma dor imensurável. Mas ainda assim, Rebeca não deixou morrer a sua doçura e gentileza com as pessoas, por onde ela passa todos se encantam com ela e ninguém imagina que ela carrega tamanha dor.

AYLA: Sim, Ayla, muito prazer (estendo a mão)

REBECA: Rebeca, prazer (aperto sua mão) Não é italiana né?

AYLA: Não, sou brasileira

REBECA: Ah que legal, meu sonho é visitar o Brasil (sorrio) Meus parabéns, seu italiano é impressionante

AYLA: Sempre estudei a língua, amo demais esse país (sorrio)

REBECA: É, a Itália é linda mesmo

AYLA: Você não mora aqui?

REBECA: Moro sim (falo arrumando as coisas)

AYLA: Porque vai ficar no alojamento? (a ajudo na arrumação)

REBECA: Minha casa é muito longe, em uma fazenda bem afastada, perigoso pra voltar após a aula. Vou estudar a noite

AYLA: Entendi, qual seu curso?

REBECA: Gastronomia

AYLA: SÉRIO (sorrio) o meu também

REBECA: Que legal (sorrio) E você, mora aqui?

AYLA: Nada, cheguei hoje do Brasil. Ganhei a bolsa e vim

REBECA: Sua família ficou?

AYLA: Ficou sim, já tô morrendo de saudades

REBECA: É difícil mesmo. Se você quiser nos finais de semana pra não ficar aqui pode ir comigo pra minha casa, somo só eu e meus pais lá

AYLA: Adorei o convite e não vou recusar

REBECA: Bem Ayla, eu vou descansar porque estou exausta. Como amanhã é sábado e não trabalho teremos o dia pra nos conhecer

AYLA: Eu vou adorar, boa noite (nos deitamos e logo adormecemos)

NO MEIO DA MADRUGADA

REBECA: NÃO, NÃO, POR FAVOR... NÃO FAZ ISSO COMIGO (choro em meio a mais um dos meus pesadelos) ME SOLTA (acordo assustada)

AYLA: Rebeca, o que foi? (vou até ela)

REBECA: (chorando) Ayla... Ayla (falo com a respiração fraca em meio a uma crise de ansiedade)

AYLA: Calma, respira fundo e solta (seguro sua mão forte) Fica tranquila... calma... isso (sorrio) Eu tô aqui viu? Nada vai te acontecer tá?

REBECA: Obrigada (falo mais calma) Você fica aqui comigo?

AYLA: Claro, claro que fico. Vem, deita aqui (me deito e a puxo pro meu peito, logo adormecemos)

DIA SEGUINTE...

AYLA: Bom dia gata!

REBECA: Oi, bom dia!

AYLA: Vamos tomar café?

REBECA: Vamos sim... Ayla, sobre ontem, eu...

AYLA: Não precisa falar sobre se não quiser (sorrio)

REBECA: Eu fui abusada quando era adolescente... E, desde então eu carrego esse trauma que parece que nunca vai ter cura

AYLA: Olha pra mim... você é a mulher mais incrível e forte que eu já conheci, e sim, isso vai ter cura. Sabe porque? Porque Deus vai te curar

REBECA: Deus não existe Ayla?

AYLA: Porque não?

REBECA: Porque se ele existisse e fosse tão bom como todos falam inclusive meus pais, isso não teria me acontecido

AYLA: Rebeca, Ele não tem culpa das pessoas serem tão horríveis como esses agressores

REBECA: E porque Ele não me poupou?

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