Capítulo 11 - O luto é difícil e doloroso

Os meus avós nos deixam em casa, e minha avó avisa:

- Vamos passar lá em casa e trazer as coisas de vocês.

Eu:

- Tudo bem, vó.

Minha mãe diz:

- Mãe, não esquece de trazer. Vou deitar um pouco, Milena cuide do seu irmão e o coloque pra dormir.

Ela se retira e vai para o quarto. Meu avô diz:

- Se precisar de algo nos ligue, cuide de sua mãe. Ela estar mal, nunca a vi nesse estado.

Amora:

- Queria dormir aqui com vocês, mas tenho uma consulta amanhã cedo. Cuide dela, minha filha estar num estado lamentável, ela é forte. Mas não é inabalável.

Eu:

- Vou cuidar deles, qualquer coisa eu ligo. Até mais.

Entram no carro, e entro segurando a mão de Alan que estar brincando com um carrinho. Falo para ele:

- Vamos banhar, e jantar, ok?

Alan:

- Tá bom, Milena.

Dei um banho nele, vesti pijama nele, e fiz um macarrão com carne. Jantamos, e o coloquei pra dormir que logo pegou no sono. Fui no quarto da minha mãe e a vejo dormir. Decido me banhar, e me deito.

Mais um pesadelo novamente, acordo muito ofegante e assustada. Dessa vez, estava a ser perseguida por uma sombra, corria bastante, mas a sombra me alcança. E acordei. Desço e vejo a minha mãe chorando, segurando um retrato do marido morto. Observo um pouco, mas vou beber água. Ela me diz:

- Milena? Eu te vi, tudo bem?

Eu:

- Tô bem, mas a senhora não pode dizer o mesmo.

Cecília:

- Vá dormir, teve pesadelos?

Eu:

- Sim, mas já passou. Como você estar?

Cecília:

- O que acha? Perdi o amor da minha vida de novo, primeiro foi o seu pai que sumiu. Agora, Antônio que se foi.

Eu:

- Entendo, a sua situação. Mas não precisa descontar tudo em mim.

Cecília:

- Vá dormir e me deixe com a minha dor.

Eu:

- Sim, senhora.

Subo a correr, e tento dormir. Mas, não consigo, ela sempre tem que descontar em mim. Que merda, o que eu fiz pra ela? Não fui eu quem matou o marido amado dela, não. Não tenho culpa se o meu pai largou a gente e sumiu.

Enfim, depois de três horas consigo dormir. Amanhece, e o despertador toca insistentemente, desperto. E vou fazer as minhas higienes matutinas, em seguida, visto um vestido verde, uma chinela, e vou fazer o café da manhã.

Na sala, observo a minha mãe dormindo no sofá. Estou com muita pena dela, no entanto, ela é muito dura comigo. Vou pra cozinha e faço o café, a chamo:

- Mãe, mãe quer café?

Se assusta, e responde:

- Já amanheceu? As nove tem que chamar o seu irmão, viu. Vou subir e tomar um calmante.

Se levanta, e vai pro andar de cima. Dona Ceci estar horrível, tomara que melhore logo. Saio para comprar pão e sinto novamente aquela sensação de estar sendo seguida e observada. Graças a Deus encontro uma vizinha da frente, Keila:

- Bom dia, Milena. Soube o que houve, sinto muito.

Eu:

- Obrigada, dona Keila. Tá indo na padaria, posso me juntar e ir com você?

Keila:

- Claro, Milena. Também ia pedir isso, tenho medo de sair sozinha.

Nós duas fomos a conversar sobre assuntos aleatórios, e umas fofocas da vizinhança. Compramos pães e retornamos para casa. Entro na minha residência e ajeito a mesa, tomo o meu café. E ligo a tv, e vejo o noticiário, mais uma vez aquele maníaco matou mais duas garotas. E desapareceram mais duas.

Que sensação horrível, as autoridades ainda não pegaram esse maldito. Temo por mim e por outras garotas, que Deus nos proteja. Assisto mais um pouco, olho no relógio são nove da manhã. Vou ao quarto do pequeno e o acordo:

- Alan, tá na hora, maninho.

Desperta devagar e se espreguiça:

- Oi, Milena. Cadê a mamãe?

Eu:

- Ela tá dormindo, mais tarde ela vem falar com você.

Alan:

- Tá bom.

Eu:

- Vamos escovar os dentes.

Levo ele para o banheiro e escovo os dentes dele. Lavo o rostinho, e troco a roupa dele. E fomos para a cozinha, servi um leite com cereal pra ele. Que come tranquilamente, a campainha toca são os meus avós:

- Bom dia, vó e vô. Entrem. Bença?

Amora:

- Bom dia, minha neta. Deus abençoe.

Edgar:

- Bom dia, Deus a abençoe.

Eles entram, e fecho a porta. Os dois conversam com Alan e a minha avó me questiona:

- Onde estar a minha filha?

Eu:

- Não dormiu direito, a vi a chorar de madrugada, desci pra beber água e vi. Quando levantei, ela dormia no sofá, ofereci café, mas ela recusou. Disse que ia tomar calmante e subi pro quarto dela.

Edgar:

- O que ela tá tomando?

Eu:

- Não sei.

Amora:

- Tem um cafezinho ai?

Eu:

- Claro, aqui vó.

Sirvo duas xícaras de café, uma pro meu vô e a outra pra a minha vó. Depois, eles falam:

- Preciso falar com Cecília, estamos pensando em Alan ficar um tempo conosco.

Eu:

- Não sei, se ela vai aceitar isso. Tem que falar com ela, né.

Amora:

- Vamos esperar ela acordar.

Eu:

- Claro, podem ficar a vontade.

Os pais de dona Ceci aguardam e enquanto isso, converso com Juliano por vídeo chamada:

- Oi, amor. Bom dia, como você tá?

Eu:

- Tô ótima, só muitos pesadelos, quando vou dormir.

Juliano:

- Como era isso?

Eu:

- Não quero falar, porque me dá medo.

Juliano:

- Tem que ir buscar ajuda, amor. Isso não tá normal.

Eu:

- Eu vou sim, e você como estar?

Juliano:

- Bem, tô no intervalo da escola. Posso passar aí, quando dê o horário de saída?

Eu:

- Pode sim, amor.

Juliano:

- Beleza, olha quem tá aqui, meninas.

Alicia, Talita e Valentina aparece na chamada:

- E aí, Milena?

Eu:

- Oi, gente. Estou bem, amigas.

Alicia:

- Depois vou passar aí, amiga.

Talita:

- Eu também.

Valentina:

- Meus pêsames, Milena. Mande os meus sentimentos, a sua mãe e irmão.

Eu:

- Valeu, gente. Passem aí pro Juliano.

Alicia:

- Beleza, aqui Juliano.

Juliano:

- Oi, linda. O intervalo acabou, você volta pra cá quando?

Eu:

- Daqui a dois dias, sexta.

Juliano:

- Entendi, beijos amor.

Eu:

- Beijos, amor.

Encerro a chamada, e o meu avô me pergunta:

- Você fez a janta?

Eu:

- Sim, ela não tava em condições.

Edgar:

- Hum, vamos comprar um frango e fazer assado pro almoço.

Eu:

- Tudo bem, vô.

Amora:

- Sua mãe vai gostar desse prato, sempre que ela tá triste, gosta de comer frango assado desde criança.

Eu:

- Sei, ela era uma criança tranquila?

Amora:

- Sim, não dava trabalho. E a eduquei muito bem, era calma e tranquila.

Edgar:

- Vou lá, pessoal.

Eu:

- Aqui a chave vô.

Entrego as chaves, e a minha vó diz:

- Não entendo, porque a sua mãe ficou assim tão amarga. E acho que depois dessa perda, ela vai piorar. Se ficar pior a relação de vocês, se quiser pode ir morar conosco.

Eu:

- Sim, vou lembrar disso.

O tempo passou rápido, e os meus avós já estavam ajeitando a mesa. Cecília desce vestindo uma calça preta e uma camisa da mesma cor, um chinelo escuro:

- Boa tarde, pessoal. Mãe e pai benção?

Amora:

- Boa tarde, filha. Deus a abençoe e lhe dê muita força.

Edgar:

- Boa tarde, Cecília. Deus a abençoe.

Cecília:

- Boa tarde, filha e filho.

Alan:

- Você desceu, mamãe.

Ele corre, e a abraça:

- Desci sim, filho. Vamos comer, o que os seus avós fizeram?

Alan:

- "Fango", arroz, farofa e feijão, com salada de batata. Ah, e suco de laranja, gosta?

Cecília:

- Sim, frango assado? Eu amo frango assado, farofa e suco de laranja.

Amora:

- Estar muito bom, filha.

Cecília:

- Imagino, vamos comer.

Almoçamos tranquilamente, e os meus avós tocam no assunto de Alan passar uma semana na casa deles:

- E aí, o que acha, filha?

Cecília:

- Agradeço, mas vou contratar uma babá pra ficar com ele, enquanto trabalho. Não quero ocupar vocês, sei que têm o que fazer. Precisam descansar, trabalharam a vida toda para no dar um futuro bom.

Amora:

- Tudo bem, filha. Quando volta pro trabalho?

Cecília:

- Segunda - feira, por mim, voltaria ao trabalho amanhã.

Edgar:

- Por quê?

Cecília:

- Tenho que ocupar a minha mente, não ficar trancada aqui.

Amora:

- Tem razão, o que precisar estamos aqui.

Eles passam quase a tarde toda aqui em casa, e em seguida vão para casa. Minha mãe sobe de novo e dorme, Alan estar a brincar com carrinho. A campainha toca e é Juliano, vejo pela câmera do interfone:

- Oi, amor. Vem, entra.

Juliano adentra, e o meu irmão vê o meu namorado:

- E aí, garotão?

Alan:

- E aí, Juliano? Faz tempo que não vinha aqui, tô brincando com carrinho olha.

Juliano:

- É novo?

Alan:

- Ganhei semana passada.

Juliano:

- Que massa, é de fricção.

Sorrio e falo:

- Estou aqui, pessoal.

Juliano:

- Eu sei, não tem como passar batido a sua beleza.

Eu:

- Não?

Alan volta a brincar, e eu e Juliano nos beijamos. E se juntamos ao meu irmão e brincamos de carrinho com ele. Após isso, Juliano pergunta:

- Como a sua mãe tá?

Eu:

- Péssima, o luto é muito difícil e doloroso.

Juliano:

- Ela vai sair dessa, amor. Tenho certeza, sabia disso.

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Comments

Dalziza Rocha

Dalziza Rocha

Porq ela não conta sobre o medo de estar sendo observada ,??

2025-02-12

2

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Capítulos
1 Capítulo 1 - Manhã Normal
2 Capítulo 2 - Não assistem o noticiário?
3 Capítulo 3 - Já tive sua idade
4 Capítulo 4 - Ele advinhou
5 Capítulo 5 - Queria um motivo
6 Capítulo 6 - Bateu a cabeça no passeio?
7 Capítulo 7 - Trinta anos mais velho
8 Capítulo 8 - Ela nunca superou
9 Capítulo 9 - Sempre estranha
10 Capítulo 10 - Houve uma complicação
11 Capítulo 11 - O luto é difícil e doloroso
12 Capítulo 12 - Uma taça de vinho
13 Capítulo 13 - E vai ter babá sim.
14 Capítulo 14 - Tô cansada de você
15 Capítulo 15 - Por que eu?
16 Capítulo 16 - Robert Whytten
17 Capítulo 17 - Estou obcecado por essa garota
18 Capítulo 18 - Como assim?
19 Capítulo 19 - Mais uma sumiu
20 Capítulo 20 - Um rosto familiar
21 Capítulo 21 - Oposto de estar bem
22 Capítulo 22 - Preciso sobreviver a isso
23 Capítulo 23 - Perturbador demais
24 Capítulo 24 - O meu pior pesadelo
25 Capítulo 25 - Manchetes dos Jornais
26 Capítulo 26 - Sexto sentido
27 Capítulo 27 - Tirei uma foto
28 Capítulo 28 - Mundo pequeno
29 Capítulo 29 - Estranho demais
30 Capítulo 30 - Não muda nada
31 Capítulo 31 - No canto do vídeo
32 Capítulo 32 - Quero um favor seu
33 Capítulo 33 - Sabotagem
34 Capítulo 34 - Desconfiam de quem?
35 Capítulo 35 - Sempre exagerada
36 Capítulo 36 - Queria denunciar um amigo
37 Capítulo 37 - Tudo estar tão confuso
38 Capítulo 38 - Uma dor dilacerante
39 Capítulo 39 - Ser uma mãe bem melhor
40 Capítulo 40 - Ele não mudou nada
41 Capítulo 41 - Parecia um sonho distante
42 Capítulo 42 - Onde estava esse tempo todo?
43 Capítulo 43 - Tenho um pedido
44 Capítulo 44 - Eles te seguiram
45 Capítulo 45 - Sufocantes e Perturbadores
46 Capítulo 46 - Lembrar sempre
47 Capítulo 47 - Contar tudo
48 Capítulo 48 - Apartamento no centro
49 Capítulo 49 - Quadro de fotos
50 Capítulo 50 - Término
51 Capítulo 51 - Não apaga, mãe
52 Capítulo 52 - Amei esse corte
53 Capítulo 53 - Pedi a sua opinião?
54 Capítulo 54 - Como um tsunami
55 Capítulo 55 - Três anos
56 Capítulo 56 - O que me tornei?
57 Capítulo 57 - Um aviso
58 Capítulo 58 - O Final
Capítulos

Atualizado até capítulo 58

1
Capítulo 1 - Manhã Normal
2
Capítulo 2 - Não assistem o noticiário?
3
Capítulo 3 - Já tive sua idade
4
Capítulo 4 - Ele advinhou
5
Capítulo 5 - Queria um motivo
6
Capítulo 6 - Bateu a cabeça no passeio?
7
Capítulo 7 - Trinta anos mais velho
8
Capítulo 8 - Ela nunca superou
9
Capítulo 9 - Sempre estranha
10
Capítulo 10 - Houve uma complicação
11
Capítulo 11 - O luto é difícil e doloroso
12
Capítulo 12 - Uma taça de vinho
13
Capítulo 13 - E vai ter babá sim.
14
Capítulo 14 - Tô cansada de você
15
Capítulo 15 - Por que eu?
16
Capítulo 16 - Robert Whytten
17
Capítulo 17 - Estou obcecado por essa garota
18
Capítulo 18 - Como assim?
19
Capítulo 19 - Mais uma sumiu
20
Capítulo 20 - Um rosto familiar
21
Capítulo 21 - Oposto de estar bem
22
Capítulo 22 - Preciso sobreviver a isso
23
Capítulo 23 - Perturbador demais
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Capítulo 24 - O meu pior pesadelo
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Capítulo 25 - Manchetes dos Jornais
26
Capítulo 26 - Sexto sentido
27
Capítulo 27 - Tirei uma foto
28
Capítulo 28 - Mundo pequeno
29
Capítulo 29 - Estranho demais
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Capítulo 30 - Não muda nada
31
Capítulo 31 - No canto do vídeo
32
Capítulo 32 - Quero um favor seu
33
Capítulo 33 - Sabotagem
34
Capítulo 34 - Desconfiam de quem?
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Capítulo 35 - Sempre exagerada
36
Capítulo 36 - Queria denunciar um amigo
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Capítulo 37 - Tudo estar tão confuso
38
Capítulo 38 - Uma dor dilacerante
39
Capítulo 39 - Ser uma mãe bem melhor
40
Capítulo 40 - Ele não mudou nada
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Capítulo 41 - Parecia um sonho distante
42
Capítulo 42 - Onde estava esse tempo todo?
43
Capítulo 43 - Tenho um pedido
44
Capítulo 44 - Eles te seguiram
45
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46
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Capítulo 47 - Contar tudo
48
Capítulo 48 - Apartamento no centro
49
Capítulo 49 - Quadro de fotos
50
Capítulo 50 - Término
51
Capítulo 51 - Não apaga, mãe
52
Capítulo 52 - Amei esse corte
53
Capítulo 53 - Pedi a sua opinião?
54
Capítulo 54 - Como um tsunami
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Capítulo 55 - Três anos
56
Capítulo 56 - O que me tornei?
57
Capítulo 57 - Um aviso
58
Capítulo 58 - O Final

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