Ligo para minha mãe que atende no sétimo toque:
- Alô, mãe. Como ele tá?
- Oi, Milena. Ele foi fazer exames, buscou o seu irmão?
- A vovó perguntou se ele e eu podemos dormir na casa dela?
- É melhor ir, não é bom ficar sozinha em casa. Não tenho hora pra voltar, ok?
- Tudo bem, vou avisar pra ela. Tomara que Antônio fique bem e não seja nada grave.
- O médico me disse que ele teve sorte que o socorro foi imediato. Posso te pedir uma coisa?
- Sim, pode falar.
- Avise a ingrata, quer dizer a Marina sobre o ocorrido e o estado do pai dela.
- Vou tentar.
- Só isso mesmo, se cuide e cuide do seu irmão. Qualquer coisa ligue.
A chamada é finalizada e mando uma mensagem para minha avó. Que sabe muito bem usar o celular, e ainda ajuda as amigas dela e o meu avô Edgar nisso. Mando mensagem para Alicia, Juliano e Talita, avisando que vou pra casa da minha avó.
Depois de duas horas, arrumei minha mochila, e uma mala pequena com as coisas do Alan. A campainha toca, e corro para atender, mas antes olho no olho mágico, e é um estranho decido fingir que não tem ninguém em casa. Após alguns minutos, ele desiste e vai embora.
A campainha toca novamente, e vejo que é meu avô. Abro e ele diz:
- Oi, vô. Bença?
Sr. Edgar:
- Oi, Milena. Deus abençoe, minha neta. Vamos?
Eu:
- Claro, vamos. Vou pegar as coisas, vô.
Busco a mochila e a pequena mala, fecho as persianas, tranco a porta dos fundos e a porta de entrada da casa. Entramos no carro, meu avô questiona:
- O que aconteceu mesmo lá na casa de Cecília?
Eu:
- Barraco entre Antônio e Marina, a filha dele.
Edgar:
- Por quê?
Eu:
- Marina estar namorando um cara vinte anos mais velho que ela. O pai dela descobriu, e armou um barraco daqueles, com gritaria, ofensas pesadas e palavrões. E depois, ele a expulsou e a mesma foi embora. Antônio não aguentou e passou mal, desmaiou, tive que chamar a ambulância.
Edgar:
- Meu Deus, o mundo tá acabando. E sua mãe, minha filha deve estar desesperada.
Eu:
- Ficou perplexa, e muito triste. Ela foi com ele pro hospital.
Edgar:
- Que situação, mas foi sua mãe que escolheu ficar com aquele homem.
Eu:
- O senhor não gosta dele?
Edgar:
- Não, ele é pior que o seu pai. Não soube criar a filha dele, e agora sofre as consequências. Acho ele uma pessoa sem personalidade, vazio demais.
Eu:
- Também acho isso dele, mas ele é assim mesmo.
Desembarcamos na porta da casa deles, a casa continua a mesma, só mudou a cor da entrada para um amarelo. Entro, e minha tia Camila, tem 22 anos, ela me cumprimenta:
- Oi, Milena. Como vai?
- Muito bem, e você?
- Bem também, vai ficar muito tempo?
- Não, só até meu padastro e minha mãe voltarem pra casa.
- Aquele chato aprontou o quê agora?
- Não foi ele, foi a filha dele.
Conto a história para ela que fica boquiaberta:
- E ela tem dezenove anos. Totalmente equivocada, já namorei um cara mais velho e foi a pior escolha que fiz. Tóxico pra caralh0, boa sorte pra ela. E o chato, deu um piripaque, tomara que ele fique bem e a minha maninha também.
- Pois é, vou arrumar as minhas coisas, e o Alan e a vovó?
- Dona Maria Amora foi levar o Alan no parquinho. Vai estragar o menino, Ceci vai cortar um barato.
- Vai mesmo.
O meu quarto é no andar de baixo do sobrado. Meus avós tiveram três filhos, dona Cecília é a mais velha, o meu tio Saulo que é quatro anos mais novo que a minha mãe, e a caçula Camila.
Fiquei no quarto que era da minha mãe, troquei de roupa, olho no relógio e já são oito e meia. Escuto a voz de Alan e saio do quarto:
- Mano, você chegou.
- Milena, veio me buscar?
- Não, vim ficar uns dias aqui com você. A mamãe e o seu pai foram viajar, mas logo eles voltam, tá bom?
- Tá bom, Milena.
- Vamos, vou te dar um banho.
- Sim, maninha.
Levo o pequeno para o banheiro, dou um banho nele rápido. Em seguida, visto nele um pijama, após isso, o coloco pra dormir, conto uma história pra ele. Alan estava bem cansado, brincou bastante no parquinho e logo adormeceu.
O meu celular toca é minha mãe:
- Alô, filha. Como estão, aí?
- Tudo bem, mãe. Acabei de colocar o Alan pra dormir. E aí, como estar o seu marido?
- Vai precisar fazer uma cirurgia para desentupir uma artéria importante, liguei pra Ana, irmã dele que virá dormir aqui agora. Vou para casa, mas fiquem aí na vó de vocês. Porque de manhã, retorno para acompanha - lo.
- Vai dá tudo certo, melhoras para ele. Ok.
- Boa noite pra vocês, amo muito o Alan.
- Boa noite, mãe.
Ela desliga, e saber que ela não me ama ainda é doloroso. Por que tem que ser assim? Sou inocente, não tenho culpa se o cretino do meu pai nos abandonou.
Tomo banho, visto uma camisola e pego no sono rapidamente. Hoje o dia foi longo, e amanhã tenho que ir pra aula ainda. O sono flui bem, até que um pesadelo insiste em ocorrer, nele agora, eu corro de um homem que me persegue, corro bastante. Mas ele me pega pelo meu pescoço e enfia um punhal no meu braço esquerdo, e na minha barriga.
Tento gritar, mas a minha voz não sai, a dor é dilacerante e horrível; ele sorrir ao ver as minhas expressões. Sinto o sangue escorrer pelo meu corpo, o meu algoz me dar um soco no meu rosto, o gosto metálico do meu sangue se faz presente na minha boca. Me sinto muito fraca e tonta, quando estou quase perdendo os sentidos, acordo muito ofegante e me deparo com meus avós no meu quarto. Eles questionam:
- O que houve, querida? Ouvimos um grito seu viemos na hora.
Edgar:
- Ela estar bem suada e suando frio. Tudo bem, Milena? Estamos assustados.
Eu:
- Tive um pesadelo horrível, e isso deve ser o motivo dos meus gritos. Me perdoem, não ando com uma saúde mental muito boa. Acho que preciso ir ao um psicólogo fazer terapia.
Amora:
- Vou marcar uma consulta pra você amanhã mesmo, Milena. Estar tudo bem, foi apenas um pesadelo, tente dormir.
Edgar:
- Quer uma água?
Eu:
- Quero sim.
O meu avô sai para buscar um copo de água, Amora me pergunta:
- O que a sua mãe estar fazendo com você? Pode me dizer, querida, eu amo você e quero te ajudar.
Eu:
- Ela não gosta de mim e sempre é hostil comigo, me trata muito mal. E diz que faz isso porque, sou parecida com o meu progenitor. O meu cabelo, os meus olhos se parecem com os dele, infelizmente. Até pintei meu cabelo pra me diferenciar, em vão né.
Amora:
- Não criei a sua mãe pra fazer isso com os filhos, no que ela se transformou, a minha Nossa Senhora?Ela era tão doce e gentil, o que houve com minha filha?
Eu:
- Ela nunca superou o fato de ter sido abandonada pelo meu pai.
Amora:
- Mas, isso não justifica os maus tratos que ela estar infligindo em você.
Me emocionou um pouco, e deixou uma lágrima cair:
- Ela chegou até me expulsar de casa… disse… disse que era melhor eu arrumar um emprego, e ir embora de lá.
Choro um pouco, e a minha avó me abraça. Meu avô chega com o copo d'água, e vê a cena, ele se junta e me entrega o copo. Bebo, ele me diz:
- Vai ficar tudo bem, minha neta. Se quiser morar uns tempos com a gente, receberemos você de braços abertos.
Eu:
- Obrigada, vô e vó. Amo vocês.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Dalziza Rocha
Deve ser muito difícil pra ela, mas isso não justifica os maus tratos
2025-02-12
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