CAPÍTULO 19...

KILIAN...

Estou no restaurante aguardando a Maya, minhas filhas, sogro e os seus irmãos chegarem. Será que fui cauteloso de mais em escolher o restaurante da minha família que hoje é liderado pela prima Gisele? Acho que não, mas foi esse que escolhi.

Estou conversando com o Leandro, — outro primo meu, — que também veio jantar aqui, quando ouço o host, — pessoa que conduz os clientes até uma mesa — falar que o "senhor Mitchell" já está esperando por eles.

Olho na direção da voz dele, e vejo a minha Maya lindamente vestida num vestido preto, midi, com uma fenda até a coxa e um decote estilo princesa, que deixa os seus ombros a mostra e evidencia a curva dos seus se.ios. A roupa era perfeita, dando bastante atenção também as suas curvas delicadas e acentuadas. A maquiagem delicada e suave fazendo contraste com todo o resto, e os cabelos pretos, soltos, com várias ondulações.

— Tem uma baba descendo aqui ó... — ouço o Leandro falar, mas estou concentrado admirando a minha mulher.

Desvio o olhar dela e encontro as minhas duas princesas, ambas com dois vestidos idênticos, a diferença: um rosa e o outro lilás. Émelie ao me ver abre um sorrisão, então me mexo do lugar e vou até eles, me abaixo e deixo um beijo na testa de cada uma das minhas princesas, que estão sorrindo, os olhinhos brilhando.

Pego na mão da Maya, sendo respeitoso, devido aos cinco homens que a acompanham, e duas mulheres, mas que estão longe de serem belas como a minha princesa.

— Bonne nuit — cumprimento a todos com um aceno de cabeça.

Todos os homens estão vestindo roupa social, dispenso o Host e nos dirijo até a mesa que reservei para todos nós, puxo a cadeira para a Maya e ajudo as minhas princesinhas a sentar, por a cadeira ser alta.

— Obrigado por virem — falo e vejo todos eles sorrirem, menos um, o mais sério — posso pedir para trazerem o menu?

— Claro — o senhor Elson quem fala por todos.

Um dos garçons traz os cardápios e eu ajudo as meninas a escolherem o delas, já que estavam sem saber o que pedir, pude ouvir as risadas de todos enquanto eu respondia as várias perguntinhas delas.

— Conhece bem cada prato, já veio muito aqui? — o irmão mais novo, que ainda não sei o nome, é quem pergunta.

— O restaurante é da minha família há mais um de século, e hoje é liderado por minha prima. Então... Eu meio que conheço cada canto desse lugar, principalmente a comida.

— Papai quero esse — a Émelie aponta para o nome do prato, e vejo que escolheu um dos meus preferidos: Pot-au-feu.

— E você, princesa Aurora? — ela deita a cabeça um pouco para a esquerda e aponta para um Blanquette de Veau — tem certeza?

— Não se preocupa, ela ama esse prato, sempre fazemos lá em casa e ela é quem mais come — a Maya fala me tranquilizando, pois, esse é uma das comidas que mais sinto repulsa só por conter nata.

Os demais pedem o deles, e eu continuo respondo muitas perguntas das minhas pequenas, por quê... Pelo visto são milhares.

— Papai, o que é esse negócio na sua orelha? — a Aurora pega no meu aparelho e eu uso ele há tanto tempo que muitas vezes esqueço que sou dependente disso.

— É um aparelho auditivo, princesa. O papai precisa usar ele para ouvir a sua voz.

— Não escuta se tirar?

— Não, mas... Consigo ler os seus lábios e saber o que está dizendo, mesmo sem te ouvir.

Ela faz uma carinha engraçada e eu desligo o aparelho, peço que ela fale alguma coisa e repito todas as palavras que ela falou, o que arranca uma gargalhada dela e da irmã.

— Perdeu a audição como? — outro dos irmãos, fala, o mais fechado.

— Nasci prematuro, e com isso, apenas 30% do meu ouvido direito funcionava. Uso aparelho desde os sete meses, pois, perdi completamente a audição conforme o meu corpo evoluía, tive uma dificuldade maior em aprender falar por conta disso.

— Você é médico, não é? — assinto, para a pergunta do mesmo irmão — Isso não atrapalha, quando está atendendo os pacientes?

— Olha... Essa é uma pergunta que ouço bastante, — todos acabam rindo, já que não ouço sem os aparelhos — mas não, não atrapalha, até porque, quando estou num centro cirúrgico, os meus parceiros já sabem da minha "condição", e procuram sempre fazer barulho desnecessário para não interferir.

— Interessante — outro dos irmãos, o que ainda não tinha se pronunciado, fala, com um sorriso — você não é daqui, certo? — respondo com um "mais ou menos".

— Eu sou de muitos lugares, na verdade. Já morei em quatro países diferentes, inclusive aqui em Paris. Mas antes de vir para cá, segunda, eu estava nos Estados Unidos.

— Então está morando aqui agora? — Martin é quem pergunta.

— Sim, recebi uma proposta do Saint Louis Raviera, alguns meses atrás, acabei aceitando faz alguns dias. Por isso me mudei. Mas agora... — pego na mão da Maya e olho para as minhas princesas — Os meus motivos para ficar nessa cidade são outros. E espero receber a aprovação de todos vocês.

Os nossos pratos chegam, o que nos faz dar uma pausa na conversa. A comida estava realmente deliciosa, e ao que me parece, em observar as reações de cada um, todos gostaram, principalmente as meninas.

As sobremesas foram quase todas iguais. E foi nesse intervalo, que tomei coragem para ser direto no que pretendo com as minhas princesas.

— Senhores D'aramitz, não nos conhecemos o suficiente, e sei que a Maya, assim como a Aurora e Émelie são tudo para vocês, e por elas, seriam capazes de tudo. Mas, peço uma chance de fazer parte da vida delas, em especial, da Maya. Suponho que saibam onde nós dois nos conhecemos, mas... Não sabem o que aqueles momentos sorridentes ao lado dela, foram para mim. Sou viúvo, há seis anos, estive fora de mim, e jogado num poço de luto por meses antes da Maya... Foi conhecer ela que me fez voltar a ter uma vida. E as gêmeas... Elas são a realização de um sonho para mim, pois, — sinto o nó na minha garganta — a minha falecida esposa estava grávida quando perdeu a vida, então... Olhar para essas duas aqui... Ouvir elas me chamarem de pai... — o senhor Elson levanta e aperta o meu ombro.

— Nós te entendemos, filho. Mas essa chance que nos pediu... A resposta não é nossa. É dela — ele aponta para a Maya, que está sorrindo.

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