CAPÍTULO 14...

MAYA...

Ter confessado ao Kilian que não me entreguei a mais ninguém depois dele, me causou coisas inexplicáveis.

Nós voltamos a nos sentar e eu contei a ele como conheci o meu "namorado".

— Deixa ver se eu entendi... Você namora o seu chefe, mas ninguém da empresa sabe, só a sua melhor amiga? — ele me pergunta como se fosse a coisa mais absurda do mundo.

— É...

— E ele chamou você para morar com ele? — ele pergunta com a cara fechada.

— Sim, mas eu disse que ia pensar...

— Ainda quer pensar?

— Recebi um conselho uma vez, Kilian. A pessoa me disse que se eu tiver encontrado o meu amor verdadeiro, não o deixasse escapar por entre os meus dedos. Pois, talvez eu nunca o reencontrasse. Passei cinco anos torcendo para te encontrar numa rua qualquer, passando as férias, ou nem que fosse em lua de mel. Mas... Só quando eu decidi "seguir" a minha vida sem pensar tanto em você... Você voltou.

— Eu não tenho espaço na sua vida, não é? Só o de pai das meninas... — ele fala com a voz triste.

— Você tem o meu coração desde que os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Você não é SÓ o pai das meninas... Kilian...

Os seus olhos estão brilhando como as luzes da Torre Eiffel a noite, sei os motivos dele estar se contendo a apenas perguntar coisas a meu respeito, mas a vontade nesse instante, é me entregar a ele.

Não estou nem aí para a minha "razão".

— Liam... — ele sorri.

— Gostei do apelido.

— O que te impede de me beijar agora?

Ele me observa e pisca os olhos algumas vezes, como se tentasse ter certeza de que o que ouviu foi verdade ou não passou de um delírio. Ele não me responde nada pelos próximos cinco minutos, então eu tomo a iniciativa e junto os nossos lábios.

Ele fica parado por alguns segundos, sem se mexer, mas logo a sua boca começa reivindicar os meus lábios, me puxando para perto. A sua língua me pede passagem eu dou, permitindo que o nosso beijo se torne mais profundo.

O Kilian para no meio do beijo e junta as nossas testas. Respirando fundo e pesado, enquanto faz carinho no meu rosto.

— Não podemos, Maya... Não até você estar livre do Gusmão... Por mais que você não o ame... Não concordo em fazermos isso.

Tem como ele ser mais perfeito que isso? Ele está abrindo mão de me ter nesse exato instante, por conta de outro homem que faz parte da minha vida, mas que está com os dias contados.

— Tudo bem. Podemos nos encontrar amanhã? Aproveitamos que é a folga das meninas, na escola.

— Sério?

— Sim. Elas não têm aula nos dias de quarta.

Ele sorri e conversamos mais um pouco. Decido ir para casa depois de combinarmos o lugar para nos encontrarmos amanhã. Chego em casa e passo direto para o meu quarto, nem ouço o George me chamar.

Chego no meu quarto e deixo um beijo nas meninas, elas já estão dormindo. Me troco e deito ao lado das minhas princesas.

No outro dia, sigo a rotina de sempre, dessa vez, deixando as meninas com o meu pai. No caminho até a empresa, falo ao George como foi o meu encontro com o Kilian e que decidi terminar com Gusmão.

— Você tem certeza do que vão fazer, Maya?

— Tenho, George. Eu não amo o Gusmão. Só aceitei me envolver com ele, por carência. E ele nunca acertou nem mesmo qual o meu sobrenome, e já estamos nisso que ele chama de relacionamento faz cinco meses.

— Tudo bem, minha princesa.

Ele beija a minha testa e vai embora. Entro na empresa e vou direto para a minha sala, guardo a minha bolsa e vejo um arranjo de orquídeas em cima da mesa, suspiro e acaricio elas com cuidado.

Vou até a sala do Gusmão e entro, ele tinha acabado de chegar, nem mesmo a secretária estava lá ainda.

— Bom dia minha linda — ele fala vindo me beijar, mas desvio do seu beijo — aconteceu algo? — ele fala com a sobrancelha franzida.

— Gusmão... Eu... Quero terminar.

Ele fica parado olhando para mim, e começa a rir, gargalhar depois de uns dois minutos sem reação.

— Essa foi boa, mon amour kkkk quase... Ui... Kkkkk quase acreditei kkkkkk ai kkkkk

— Eu não estou brincando, Gusmão... Eu quero mesmo terminar. Achei que você tivesse percebido que não sinto o mesmo com você. A minha relutância em me doar por completo... E a minha excitação em aceitar morar com você.

— Sempre achei que fosse por conta das meninas... E por vocês serem tão... Conservadores. Você nunca me contou nada a respeito das gêmeas, só... Que são suas filhas.

— Em parte era por causa delas. Mas... Não quero continuar num relacionamento unilateral, você merece mais do que posso lhe dar. Não quero que esses cinco meses de namoro sem sentimentos, se tornem cinco anos.

— Ok...

— Ok?!

— É... Não vou insistir já que vejo nos seus olhos que não é apenas falta de amor por mim. Nunca vi eles brilharem para mim, como estão brilhando agora, Maya. Espero que seja feliz com ele.

Engulo em seco e saio da sala.

— Ah, e... Quando for mandar flores para a próxima garota... Tenta descobrir primeiro a preferida dela. Soa mais romântico se você acertar.

Ele dá risada e faz um gesto de continência. Sigo até a minha sala e assim que fecho a porta, me encosto nela e só então, solto o ar que estava prendendo.

— Estou livre para você, meu amor...

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Não sei se vocês querem, mas... Olhem só o Gusmão 👀

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