CAPÍTULO 13...

KILIAN...

Estamos sentados num dos bancos a beira da grade, olhando o rio abaixo de nós, tantos cadeados com nomes e datas escritas... Votos secretos de amor que fizeram... Há uma grande possibilidade de 20% de todos esses cadeados serem apenas isso, e não haver mais amor entre os nomes escritos.

Estou há tanto tempo observando o rio, com os pensamentos longe, que é como se eu nem estivesse aqui com a mulher que faz da minha vida, um furacão.

— Fiquei tão triste quando acordei no outro dia e só encontrei um bilhete... — falo e vejo ela baixar a cabeça, as mãos no colo — voltei no mesmo dia, para os Estados Unidos — solto uma risadinha — tentei por vezes, te encontrar nas redes sociais, mas eu sabia mal, o seu primeiro nome — é a vez dela de rir para mim — nunca te esqueci, acho que em parte, por ter um pedaço seu comigo.

Ela levanta a sobrancelha com os olhos um pouco arregalados, e eu retiro a medalhinha de dentro da camisa, ela enche os olhos de lágrimas e toca no pingente em formato oval, abre com cuidado e acaricia as duas imagens que há dentro.

— Estava com você... — enxugo as suas lágrimas e ela continua passando o dedo com cuidado, toca também na gravura "Aurora e Émelie" — pensei que eu tinha perdido ele...

Tiro do meu pescoço e coloco no dela, que agarra a medalhinha com a mão e encosta no coração. Respirando fundo.

— Também nunca te esqueci, Kilian... Você está vivo em mim, muito mais do que imagina. Posso não ter trago um objeto seu, como você que ficou com o meu colar... Mas trouxe algo muito mais precioso que essa medalha de ouro — ela faz uma pausa e olha para o céu, depois pega o celular na bolsa e vai até a galeria — pode passar para o lado...

Começo ver as fotos.

Quando termino de olhar as fotos, estou com os olhos cheios de lágrimas. Volto a minha atenção para a Maya e ela está totalmente emocionada. Olho as fotos mais vezes, aproximando as imagens, focando em cada detalhe. Quando enfim, paro de olhar para elas, encaro a Maya outra vez.

— Elas... — gaguejo, temendo as palavras que vão sair da minha boca — elas são minhas filhas?

— Sim...

Estou ficando sem ar, me levanto do banco e ando um pouco com as mãos na nuca, respiro fundo e me encosto na grade, olhando o rio abaixo, coloco a cabeça para frente, e viajo nas minhas memórias, voltando quase seis anos da minha vida.

"Causa da morte: Parada cardíaca. Idade do feto, seis semanas."

Volto a mim com o toque suave da mão de Maya no meu ombro, ela aperta com carinho e depois massageia. Respiro um pouco mais calmo, ela deita a cabeça no meu ombro e posso sentir o seu nervosismo.

— Tive uma gravidez tranquila. Elas nasceram com um parto normal. Não tive tantos desejos, mas os primeiros meses foram um pouco difíceis, tive muitos enjôos. Os meus irmãos me ajudaram bastante durante toda a gestação — ela para um pouquinho — a primeira palavra delas foi "papai"... Acho que o fato de eu ser a única "mãe" da casa, elas demoraram um pouco mais a aprender essa palavra. Todas as vezes que elas falavam "papai", eu queria que fosse a você que elas estivessem dizendo. Tem um vídeo delas falando — ela abre o celular e me mostra, quando ouço elas falarem, os meus olhos enchem de lágrimas — elas falaram essa única palavra por uma semana... Depois aprenderam "vovô" e "titi".

Ela se encosta na grade olhando para mim, os seus olhos dizem tanto, e ao mesmo tempo... Estão temerosos.

— Elas nunca me perguntaram por um pai... Acho que por ter a presença do meu pai e dos tios, mas... Hoje, justamente hoje, elas me perguntaram por você — ela solta um riso engraçado — cheguei a pensar que tinham falo a elas que você estava aqui na França. Não denegri a sua imagem, só... Disse que você morava longe e que não sabia sobre elas, mas que no futuro, iria explicar tudo — ela para de falar e cruza os braços sobre o peito — estou com medo, Kilian... Não nos conhecemos o suficiente... E... Estou com medo de você tentar tirar elas de mim.

— Não! Nunca vou fazer isso, Maya. Deus... Eu jamais faria isso com vocês, eu por mais que... Seja o pai delas, nem sequer as conheço... Elas não me conhecem. Não é correto eu querer tirar elas de você. Você é tudo que elas têm. Eu não sei nem os nomes delas...

— Aurora e Émelie. Você estava com os nomes delas o tempo todo... — ela toca o colar — eram a minha avó e mãe... Não conheci nenhuma das duas, sou a única mulher de uma família cheia de homens. Tenho quatro irmãos... Sou a caçula — ela abre um sorrisinho — dei o nome delas às gêmeas, em forma de homenagem a eles. O meu pai perdeu a mãe com cinco anos, enquanto os meus irmãos... No meu nascimento. É um pouco complicado comemorar o meu aniversário e das gêmeas, sabendo que é uma data triste.

— Elas nasceram no seu aniversário?

— Sim — ela fala com um sorriso largo — foi um presente tão lindo... São comemoradas quatro datas num só dia. Mas tentamos dar atenção apenas as felizes.

Ela agora está com um brilho no olhar, pelo visto o que eu disse sobre não tirar as nossas filhas, a alegrou. Estou feliz em saber que sou pai... Agora sim, posso dizer que a minha viagem ao Brasil foi a minha segunda chance de vida.

Olho para a Maya, e ela parece tão mais linda... Acaricio o seu rosto e ela fecha os olhos, coloco o seu cabelo atrás da orelha e ela abre um sorrisinho, assim como os olhos, me aproximo um pouco mais, e ela fecha os olhos, como se esperasse por um beijo, assim como eu quero...

Me lembro que ela tem um namorado, e o meu peito murcha... Sou contra qualquer tipo de traição. E eu não me perdoaria se ela traísse ele comigo.

— Você o ama, Maya? Ama o seu namorado?

Ela abre os olhos e neles há mais verdade do que os seus lábios são capazes de dizer.

— Não, Kilian. Não amo o meu namorado.

— Ele já a tocou como eu? — ela fica um pouco corada, mas responde ao pé do meu ouvido.

— Não. Apenas você. Você foi o único que teve acesso ao meu corpo, meu coração. Só você, Kilian. Não permiti que mais ninguém me tivesse da forma como você me teve.

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Comments

Jaildes Damasceno

Jaildes Damasceno

Então assuma logo conte para o Gusmão que o pai das suas filhas apareceu aproveite para contar tudo e terminar o namoro. É capaz dele exigir continuar, mas faça-o entender que você ama o Kilian

2025-03-04

1

Vó Ném

Vó Ném

Não tem nada com o cara é nem senti nada por ele...então desmancha logo , diz que encontrou o pai das meninas e pronto.

2025-03-20

1

Aparecida Fabrin

Aparecida Fabrin

também acho que ela deve terminar logo e ficar com Kilian

2025-03-26

1

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