CAPÍTULO 12...

MAYA...

***FLASHBACK ON***

Tinha dois meses que eu voltei do Brasil, e tenho me sentido estranha, enjoos, muito sono... Sem contar que o meu emocional está parecendo cinco tpm junta. Acordo e mais uma vez passo direto para o banheiro, coloco todas as minhas tripas para fora.

O George entra no banheiro e segura o meu cabelo, sinto as suas mãos acariciar as minhas costas, a sua preocupação exala do seu corpo, em forma de suspiros pesados.

— O que você tem, em princesa? Faz dias que você está assim...

— Eu não sei, George...

— Vou te levar para o hospital, o papai já saiu para trabalhar, os nossos irmãos também. E o vovô tá no clube com os amigos.

— Não quero...

— Mas vai. Não aguento mais ver você assim, Maya... Precisamos saber o que você tem.

A essa altura do campeonato, depois de dois meses que dormi com o Kilian e vários sintomas... Eu já sabia do que se tratava todo esse mal estar.

— Só vá até uma farmácia e compre dois testes de gravidez... Por favor. Se for mesmo o que estou pensando, então amanhã mesmo iremos ao hospital e começo o pré-natal.

O George me olhou com os olhos cheios de lágrimas, sei que ele estava de sentindo triste por eu ter cogitado essa possibilidade. Depois que ele chegou da farmácia, eu fiz os testes e como eu já esperava, ambos deram positivo.

Quando o restante da família chegou no almoço, contamos a todos, o Martin chegou a quebrar um garfo quando a ficha caiu, o Juan me encarou com os seus olhos compreensíveis de sempre, pois ele era o único que sabia sobre Kilian.

***FLASHBACK OFF***

Chego na escola onde as minhas princesas estudam, e logo que elas saem as abraço e as levo para o carro, onde o George já estava esperando.

— O Kilian está aqui — contei aos meus amores sobre como tudo aconteceu, o George me olha pelo canto do olho e posso ver que ele quer que eu continue — me pedi que ligasse para conversarmos.

— Vai contar sobre elas?

— Ainda não sei... Ele nunca soube sobre elas... Tenho medo dele achar que engravidei de propósito, não sei, o pouco que ficamos juntos não foi o suficiente.

— Você acha que ele pode tentar tirar elas de você?

— Acho que não... Ele parece ser um bom homem.

Chegamos em casa e assim que descemos, o meu celular toca, é um número diferente, e não está salvo na minha lista de contatos, imagino que seja o Kilian, então atendo.

— Alô?!

— Sou eu... Quando podemos conversar?

— Me encontre na ponte dos cadeados... Às 19.

— Estarei lá.

Depois que desligo, entro em casa, olho para as minhas duas meninas, elas são tão parecidas com ele... O meu pai e o Pierre estavam preparando o jantar, deixo um beijo em cada um, assim como as meninas.

— Vovô — a Aurora se joga nos braços do meu pai.

— Oi minha princesinha. Como foi na escola hoje?

— Foi legal...

— Mamãe... — a Émelie me chama toda carinhosa, como sempre e eu pego ela no colo — nós temos um papai?

Congelo no lugar, sinto a minha garganta apertar, os olhos arder, e não sei como responder a isso... Engulo em seco e penso nas melhores palavras para explicar para as minhas meninas que o pai delas, nem sabe das suas existências.

— Filhas, é um pouco complicado... Mas sim, vocês tem um pai.

— Ele não mora aqui? — a Aurora pergunta ainda nos braços do meu pai, que me olha com compreensão.

— Não, querida. Ele mora bem longe...

— Ele não sabe da gente, não é? — a Émelie fala quase chorando — ele é um papai do mal, mamãe? Por isso não mora com a gente?

— Não, filha... Só... Como a mamãe pode explicar...

— Quando vocês crescerem um pouco mais, a mamãe conta. Agora vamos fazer o dever de casa e tomar um banho bem gostoso? — o meu pai intervém.

Elas correm para a sala para buscar os cadernos, e eu respiro fundo, contendo as minhas lágrimas. O meu pai vem até mim e me abraça.

— Ele está aqui, papai... Encontrei com ele no restaurante que sempre almoço... Marquei de ver ele na ponte dos cadeados... Vou falar das meninas, ele merece saber sobre elas. Mesmo que o que tenhamos vivido, tenha sido apenas alguns momentos que podem ou não ter sido apagado da mente dele... Na minha continuam vividos, e ainda me rendeu duas filhas... Ele tem o direito, não só o dever, mas o direito de saber da existência delas.

— Eu concordo com você, querida. Apenas siga o seu coração. Só não esqueça que você está comprometida com o Gusmão, por mais que eu perceba que você não está 100% no relacionamento, ele merece respeito, então... Haja com sabedoria. Deixe a razão decidir uma parte da situação também.

— Eu sei papai...

Me solto dele quando as meninas aparecem com os cadernos, o meu pai sempre ajuda elas com o dever, então subo para o meu quarto, pego uma muda de roupa, a minha toalha e vou para o banheiro tomar um banho quente.

Dou graças a Deus por estarmos no verão aqui na Europa, pois, o vento do frio da noite congelaria qualquer um se estivéssemos no inverno.

Chego a ponte dos cadeados e vejo o Kilian na grade, olhando o rio abaixo de nós. Imagino que tenha reconhecido o meu perfume, pois, quando estou há poucos metros de distância, ele olha para mim, e é como se aqueles olhos azuis cristalinos dele, paralisassem o tempo e fizesse tudo e a todos sumir.

O seu olhar percorre todo o meu rosto, me causando quentura nas bochechas, me repreendo internamente, pois, não sou mais aquela garota que esteve nos seus braços anos atrás, sou uma mulher bem grandinha.

— Oi... — falo quando estamos enfim frente a frente.

— Você está linda, Maya.

Ok, não adianta o esforço que eu faça para não sentir o efeito que o seu olhar me causa... Já entendi que o meu ponto fraco quando o assunto é Kilian, não é só os seus olhos, é a sua voz rouca e aveludada que percorreu todo o meu corpo, me fazendo estremecer.

— Você também não está nada mal — deixo um sorrisinho escapar dos meus lábios.

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