KILIAN...
A minha vida deu mais que um giro de 360 graus, sete meses atrás, ela praticamente capotou. Me joguei de cabeça no trabalho depois que perdi a Melayne e o nosso filho. Tenho notado os meus pais preocupados comigo, mas essa é a minha forma de lidar com o luto.
Os pais da Mel ficaram devastados quando souberam, mas ao contrário do que pensei que fariam... Eles me culparam pela morte dela. Isso só me fez ficar ainda mais deprimido.
Estou chegando de mais um plantão de 24 horas, quando noto o carro da minha irmã Joe parado em frente a minha casa, maldita hora que aceitei morar no condomínio da família. Respiro fundo antes de descer do carro, pois, sei que a Joe vai tentar a todo custo me tirar de casa, afinal... Os nossos avós Josh e Nique inventaram de fazer um jantar hoje.
Entro em casa e vejo ela sentada no sofá com o meu sobrinho dormindo no seu colo, antes que eu cumprimente ela, vejo a May vir da cozinha com o Chris. Beleza, eles vieram afim de ganhar.
— O que os três estão fazendo aqui?
— Viemos te tirar de casa, Kilian Martinez Mitchell — a May fala firme enquanto se senta ao lado da Joe no sofá.
— Só iremos sair daqui depois de te ver descer aquelas escadas com a barba feita, o cabelo cortado e uma roupa que não seja o seu moletom de quando era adolescente — agora é a vez da Joe falar.
— Irmão... Todos nós entendemos você, e deixamos você viver o seu luto... Mas já fazem sete meses, é hora de reagir um pouco — Chris, o traidor fala.
— A família toda está preocupada com você — May volta a falar.
— Então parem de se preocupar. Eu estou bem, e não, obrigado, mas prefiro ficar com a barba grande, o cabelo comprido e o meu moletom velho. Já podem ir.
— Kilian!
— Kilian, nada, Maitê... Nenhum de vocês sabem pelo que eu tô passando. Sabem o quanto é difícil acordar todos os dias e ver que a sua esposa morreu no aniversário de casamento de vocês e ainda levou consigo o nosso primeiro filho? Não, não sabem. Então não venha me dizer que preciso sair do meu luto, por que eu não vou. Agora se já disseram tudo o que tinham a dizer, a porta é a serventia da casa.
Falo tudo de uma vez e subo as escadas rápido, para eles verem que não estou nem um pouco me importando com essa baboseira de sair do luto. Só eu sei como é a dor de perder a mulher que amo e um filho.
Entro no meu quarto e passo direto para o banheiro, tiro o meu uniforme hospitalar e entro embaixo do chuveiro, deixo a água lavar o meu corpo ao mesmo tempo que as minhas lágrimas lavam a minha alma.
Termino o meu banho depois de sentir todo o meu corpo mais relaxado. Passo para o quarto e encontro a Joe sentada na minha cama, com um porta retrato que conheço bem, em mãos. Ela põe de volta no criado mudo e me olha atentamente, vejo lágrimas nos seus olhos.
— Ela era uma amiga maravilhosa...
— Joe...
— Kill... Senta aqui... Por favor — baixo a cabeça e vou até ela, me sento ao seu lado e ela me puxa para deitar a cabeça no seu colo — não queríamos ter falo tudo aquilo...
— Eu quem praticamente expulsei vocês de casa...
— É compreensível... A sua dor. É só que... Todos nós nos preocupamos mesmo com você, meu irmão... É difícil para todos nós, olhar para você e ver que está se tornando essa pessoa fria. Esse não é você. O verdadeiro Kill é um homem sorridente, que está sempre fazendo todas as vontades dos sobrinhos. Você viu que quase entrei em depressão quando o Brenno adoeceu... Mas você também viu que foi graças a nossa famiglia que consegui superar tudo.
Ela fica fazendo carinho nos meus cabelos, estou tão cansado, 24 horas correndo de um centro cirúrgico a outro excedeu todos os meus limites. Abraço a cintura da minha irmã gêmea, e acabo chorando mais uma vez.
— Eu não aguento mais, Joe... Dói de mais acordar todos os dias e não ver a Mel aqui... E... Quando eu lembro que ela estava grávida... Dói ainda mais...
— Nos deixe te ajudar, Kill... Deixe a nossa família te ajudar a passar por isso...
Ela continua fazendo carinho nos meus cabelos, começo a sentir sono, mas sei que se eu dormir agora... Não vou conseguir acordar a tempo do jantar dos nossos avós.
— Dorme um pouco. Não se preocupa com o jantar dos nossos avós... Iremos entender você. Queremos ver você bem, Kilian. Queremos ver o nosso Kill de volta, só isso.
Assinto ainda abraçado a ela. Ela continua fazendo carinho nos meus cabelos, ouço quando ela aperta o controle que fecha as cortinas do quarto, sinto todo o meu corpo se tornar mais leve, e aos poucos... Bem lentamente... Sou abraçado por um cobertor quentinho chamado sono.
.
Acordo no outro dia decidido a tirar um tempo para cuidar de mim. A foto da Mel é a primeira coisa que vejo ao abrir os olhos, o seu sorriso encantador me faz ficar um pouco melancólico, mas sei que preciso dar esse passo, para o bem da minha saúde mental.
Levanto, faço a minha higiene e vou para a academia, faz alguns meses que não piso os pés aqui. Faço uma série de exercícios, e depois de um banho e o meu café da manhã, saio para o hospital. Não vou operar hoje, apenas supervisionar alguns dos meus pacientes.
Quando chego em frente a minha secretária, vejo ela falando com alguém sobre checar a minha agenda, fico ouvindo um pouco da conversa e ela fala que vai transferir a ligação para a minha sala.
— Exterior?
— Brasil. Um caso de anemia aplástica, um menino. Precisam de um médico cirurgião para realizar o transplante, o médico responsável por ele só pode fazer a cirurgia daqui dois meses e o quadro dele está se agravando rápido.
— Feche a minha agenda por um mês, vou tirar minhas férias, veja passagens para o Brasil.
— Qual cidade, senhor?
— Vou ver em qual cidade o garotinho mora e te passo.
Ela assente e eu sinto que essa viagem para o Brasil não vai ser só para curar esse simples garotinho. Sinto que esse país vai ser o causador de mais uma reviravolta na minha vida.
.
Christopher 21 anos
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 66
Comments
Vó Ném
Parece uma boa história!!♥️♥️♥️♥️♥️♥️
2025-03-19
1
Jaildes Damasceno
Tô gostando muito.
2025-03-04
1
margarida Alves
Amando
2024-05-17
2